Se você ouvir um barulho de motor intenso e regular em algumas horas do dia e da noite vindo do céu de Porto Alegre, não estranhe. O tráfego nas alturas está mais movimentado mesmo. A ativação de novas rotas entre a Capital e o Interior abriu um capítulo inédito no transporte comercial de passageiros no Rio Grande do Sul.
É a fase emergente da chamada aviação subregional, que conecta destinos dentro do território estadual e usa aeronaves menores, que voam mais baixo e geram o ruído que corta o céu e as nuvens, ditando o ritmo dos novos fluxos de usuários e negócios.
Você já embarcou em um avião com nove assentos que não dá nem para ficar em pé, quando se está dentro dele, e que, além de conectar rapidamente destinos, movimentar a economia, como atividades de negócios e turismo, permite apreciar do alto a diversidade e as belezas naturais no Rio Grande do Sul?
Prepare-se, porque a viagem que começa agora vai trazer essa experiência e muito mais. Bem-vindo à série Plano de Voo, que percorreu, de 18 de outubro a 2 de novembro deste ano, rotas entre Porto Alegre e mais 12 cidades.
Cruzando o Rio Grande do Sul pelo céu
Como surgiu e foi feita a série Plano de Voo
A série Plano de Voo (confira mais reportagens) buscou mostrar como é a aviação comercial subregional no Rio Grande do Sul, a partir da experiência de percorrer novas ligações ofertadas pela companhia aérea Azul. A ideia era viver a rotina que passageiros encaram ao embarcar em Porto Alegre para as 12 rotas ofertadas.
VÍDEO: Como era o roteiro de cada viagem
Enquanto usuários comuns desciam da aeronave em pequenos aeródromos e seguiam para seus compromissos, a jornalista Patrícia Comunello acelerava o ritmo para anotar e gravar depoimentos e registrar imagens em fotos e vídeos mostrando terminais e pistas.
O conteúdo que está nesta Reportagem Especial uniu duas dimensões do transporte aéreo: a demanda e a infraestrutura. A série começou a ser gestada no ato que marcou a largada do primeiro voo dos novos destinos lançados pela Azul, em agosto.
A repórter sondou o assessor da aérea para Assuntos Institucionais, Ronaldo da Silva Veras: “Tenho vontade de percorrer todos os destinos para ver como é”. De pronto, Veras respondeu: “Vamos fazer”.
O Plano de Voo, que, no jargão dos pilotos é o mapa de como a viagem será executada, foi definido na primeira quinzena de outubro. O agente de aeroporto Fabiano Silva definiu, no primeiro dia, como seria a rotina da repórter por duas semanas: “Você que vai, volta, vai, volta?” “Sim”, disse ela. “Tô sabendo”, devolveu Silva. Então, partiu!
18/10 - Porto Alegre-São Borja
Mineiro que viaja com frequência, Victor (na frente) comemorou o bom tempo para o voo
/fotos PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Pontualmente, às 7h10min, saiu o voo inaugural da série do Aeroporto Internacional Salgado Filho Porto Alegre para o Aeroporto João Manoel em São Borja. O embarque ocorreu no portão 112, mesmo local em que todos os outros 11 voos da série sairiam.
Do local, os passageiros precisam tomar um ônibus da Azul até a área da pista, no antigo terminal, de onde sai o monomotor turbo-hélice Grand Caravan. O voo estava quase lotado na ida, entre passageiros de primeira viagem e veteranos, como o médico cirurgião Tiago Falcão.
“A cada 15 dias pego o avião. Desembarco no aeroporto, tem uma pessoa me esperando e vou direto para a sala de cirurgia”, contou Falcão, que até agosto, quando começaram ser ofertados os voos, tinha de fazer a maratona na estrada, uma viagem de mais de oito horas.
Mineiro que atua na Justiça Federal em São Borja, Victor Hugo Resende (foto) compra passagens com antecedência para ter bons preços e só não viaja quando o clima não colabora. “O aeroporto é pequeno, sei que pode ter cancelamento em dia de muita chuva. O tempo ajudou”, comemorou Victor, ao desembarcar.
O perfil de passageiros é diversificado no trecho. Na volta, Clarissa de Paula, mãe do pequeno Nícolas, fazia o retorno após 10 dias na cidade. Ela teve de driblar o efeito do barulho da hélice, que incomodou o bebê de quatro meses:
“Pessoal, desculpa o choro” do bebê" disse ela, após a aterrissagem. Ninguém reclamou.
FICHA TÉCNICA: Aeroporto de São Borja
- Voos: segundas, quartas e sextas. Saída de Porto Alegre às 7h10min, e de São Borja, às 9h45min
- Duração: 2 horas e 10 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
- Estrutura: terminal, com sala de embarque e desembarque junto. O que precisa melhorar: pista precisa de manutenção
18/10 - Porto Alegre-Santa Cruz do Sul
Andréa e Murilo (à direita) apoiaram Bechenkamp, que tem medo de viajar de avião
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Foi o voo mais curto das 12 rotas. São apenas 35 a 45 minutos, dependendo do tempo. Pela proximidade com Porto Alegre, é uma opção que vale a pena principalmente na conexão com ligações para outros destinos do País.
Todos os passageiros que estavam fazendo o trajeto no dia em que a repórter fez a viagem pela série estavam voltando de outros estados ou viajando, no trecho de volta para a Capital, para outras regiões fora do Estado. A Azul também registra casos de passageiros que embarcam para descobrir como é o voo com o monomotor.
Roberto Mohr, que fazia a segunda viagem - ele fez conexão para Belo Horizonte na ida e retornava para Venâncio Aires, vizinha de Santa Cruz do Sul -, repassou sua experiência ao estreante comerciante Donizeti Cassanji.
“É bem tranquilo”, repetia Mohr. Já Cassanji só pensava que chegaria em casa ainda de dia e ainda poderia trabalhar. “Vale a pena”, concluiu. O terminal de Santa Cruz do Sul é bem peculiar, todo de vidro. “Para aproveitar a iluminação natural”, diz o administrador Juarez de Mello.
No voo de volta, o consultor técnico de vendas Maurício Bechenkamp, que tem fobia de viajar de avião, quase não decolou. A vizinha de assento, a psicóloga Andréa Collares, ajudou o jovem a superar o medo. Ela segurou a mão dele forte e foi dizendo: “Está tudo bem, tudo bem”.
“Foi nervosismo total, muito tenso”, resumiu o jovem, ao pisar, aliviado, na pista em Porto Alegre. Já o personal trainer Murillo de Castro Helmeister, que voltava para São Paulo, era só adrenalina com o seu primeiro voo.
FICHA TÉCNICA: Aeroporto de Santa Cruz do Sul
- Voos: segundas, quartas e sextas. Saída de Porto Alegre às 14h55min, e de Santa Cruz do Sul, às 16h15min
- Duração: 35 a 45 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
19/10: Porto Alegre-Vacaria
Verza, Suélen e Saadi (esquerda para direita) mostram diversidade de motivações para viajar
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Foi um dos voos com maior interação entre os passageiros. A bordo: uma dentista, um ator e um produtor de maçã. Quatro ocupantes, com a jornalista.
Para completar o elenco, o comandante da aeronave, Jonas Karlos da Silva Araújo, tinha voz de locutor e cantor e admitiu que muitos passageiros perguntam por que ele não seguiu a carreira artística: “Meu negócio é aqui (aponta para a cabine do avião)”.
O ator Marcos Verza e a dentista Suélen Maciel Suzin se conheciam e faziam a primeira viagem de Grand Caravan. Suélen foi fazer curso na Capital. Na ida, foi de carro e ônibus, porque não havia lugar no voo.
“Na volta, consegui passagem a R$ 180,00. Chego cedo e ainda vou para o consultório”, contou ela, ao aterrissar. Verza ia festejar os 86 anos da mãe e, em dezembro, voltaria à cidade para gravar um novo filme. O ator chegou a recitar poesia no voo. “Essa paisagem é uma inspiração”, justificou Verza.
O empresário de fruticultura Andrea Keller Saadi sabia da ligação aérea, mas achava que não compensava financeiramente. “Mas quando vi o preço de R$ 180,00 me convenci”, rendeu-se Saadi.
Na chegada ao terminal, o agente da Azul Vinicius Vellozo aguardava para fazer o desembarque, enquanto os quatro passageiros que fariam o trecho para Porto Alegre já estavam com seus bilhetes em mãos.
Como são apenas três voos na semana na ligação subregional, Vellozo sai do Aeroporto de Caxias do Sul para fazer a operação de recepção e embarque em Vacaria.
FICHA TÉCNICA: Aeroporto de Vacaria
- Voos: terças, quintas e domingos. Saída de Porto Alegre às 14h40min, e de Vacaria, às 16h05min
- Duração: 55 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
20/10: Porto Alegre-Erechim
Passageiros festejam ligação que encurta o tempo de viagem e pedem mais ligações
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Conexões entre Porto Alegre e o interior pelo céu atraem público diverso, que está adorando encurtar distâncias e que quer mais voos e aeroportos em condições de suportar, por exemplo, pousos em dias com tempo adverso, como a baixa visibilidade. Passageiros de Erechim pedem agora ligação com Florianópolis, capital catarinense.
Assíduos no voo, a psicóloga Tania Moraes e o marido Carlos Fontanari já fizeram 12 vezes a viagem, que estreou no começo de agosto. Tania faz palestras e diz que a ligação é “maravilhosa”.
Uma dificuldade ao chegar no destino à noite é conseguir motorista de aplicativo ou táxi. “Precisa melhorar”, avisaram as irmãs Vera Lúcia e Lucimara Strada, que vieram de longe. Vera mora na Itália e Lucimara em Miami. As duas esperaram mais de 30 minutos até conseguir um transporte.
O administrador Silvio Teitelbaum disse que é uma emoção desembarcar no aeródromo: “Meu pai, Joal Teitelbaum, projetou e construiu o aeroporto”, conta, com orgulho. Na volta, o voo estava quase lotado.
A sócia da Agros, Ana Cristina Cantele Coimbra, utiliza a conexão para reuniões na Capital e pede instalação de equipamentos para evitar cancelamento de voos em dias de mau tempo. “É um horário bom para trabalhar e voltar, mas precisamos ter garantia de que vai sair”.
A servidora da Justiça aposentada Lorien Giacomazzi “amou” ao saber da oferta para poder visitar os netos e agora pede voo para Santa Catarina.
O profissional de TI Giovani Tirello está bem feliz com a conexão, já fez quatro veze e chegou a pagar passagem a R$ 145,00. “Muitos reclamam que é avião pequeno, mas é melhor do que não ter."
Aeroporto de Erechim
- Voos: segundas, quartas e sextas. Saída de Porto Alegre às 17h35min, e de Erechim, às 19h35min
- Duração: 1 hora e 15 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
21/10: Porto Alegre-Canela
Terminal em Canela é o mais movimentado entre os voos atendidas pelo Grand Caravan
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A ligação é a mais turística da malha subregional. A delegada civil Camila Kassy, de Fortaleza, e a engenheira biomédica de São Paulo Letícia Lazarotto, que faziam pela primeira vez a viagem à região e na aeronave, passaram mal com as sacudidas do monomotor. “É mais fácil prender bandido”, brincou Camila, para aliviar o efeito do voo.
Dos sete ocupantes na ida, apenas um era passageiro de negócios, o arquiteto Kennedy Vianna, que está acostumado com o trecho e nem se abala com as mexidas. Os demais todos turistas, perfil que domina a ligação.
Letícia e a mãe Isabel reclamaram da dificuldade e tempo de espera para conseguir transporte de aplicativo do terminal ao Centro de Gramado, onde ficariam hospedadas.
Pela primeira vez na série, uma mulher integrava a equipe do voo, a primeira oficial Marcia Vinholes.
Devido ao tempo nublado, houve turbulências mais fortes no trajeto da Capital para a cidade da serra gaúcha. O comandante do voo, Phelipe Loureiro, explicou que a navegação é prejudicada porque o aeroporto de Canela, situado em uma região de maior altitude, não tem orientação para operar por instrumentos, que ajudaria na aproximação para o pouso.
No pequeno terminal do aeroporto, tem até sala VIP, pois o local é usado para voos de sobrevoo privados, além de wifi gratuito.
No retorno, um perfil curioso de passageiros turistas (foto). O advogado Alberto Camello veio de Recife apenas para conhecer e experimentar o voo de Grand Caravan, entre a Capital e a Serra. “Deixei minha esposa em Balneário Camboriú e vim”, conta Camello.
A vontade de percorrer o País atrás de conexões curtas, em aeronaves pequenas nasceu junto com a perda do medo de viagem aérea, depois de um grave acidente de carro. “Desde então, não tenho mais medo, mas é uma diversão cara”, admite.
O casal Cléssia e Edi Neves, de Curitiba, tem o mesmo hobby e embarcou no voo de ida e volta para conhecer o trajeto e sentir as mexidas do Grand Caravan.
Aeroporto de Canela
- Voos: diários. Saída de Porto Alegre às 12h20min, e de Canela, 13h35min
- Duração: 35 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
21/10: Porto Alegre-Santa Maria
"A viagem é rápida e o horário permite conexões", diz Perussolo, que faz a rota três vezes no mês
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Santa Maria é a terceira maior rota em fluxo de passageiros da malha regional e primeira na subregional. O trecho já é uma ligação consolidada na aviação comercial e que atrai usuários principalmente de outras unidades da federação, que buscam o Centro do Estado por assuntos de negócio e Educação.
“A viagem é rápida e o horário permite conexões”, diz Cleverson Perussolo, que faz a rota três vezes no mês.
A professora da Universidade Federal do Pampa Andréa Narvaes fez pela primeira vez a conexão. “Foi a minha primeira viagem no pós-pandemia”, conta ela, que viajou a Florianópolis. “Me senti segura”, depôs, ao voltar para casa.
De Belo Horizonte, em Minas Gerais, chegou o médico Daniel Sampaio para um evento em que ia ser palestrante. “Já é a quarta vez que venho de avião. Muito melhor, né.”
O terminal fica junto à Base Aérea e compartilha a pista da Força Aérea Brasileira (FAB). Foi o único local que a reportagem registrou monitoramento de temperatura, previsto em protocolos da pandemia, no acesso ao terminal, feito por guardas municipais.
Aeroporto de Santa Maria
- Voos: diário. Saída de Porto Alegre às 15h45min, e de Santa Maria às 17h25min
- Duração: 1 hora e 5 minutos
- Aeronave: bimotor ATR-72 com 70 assentos
22/10: Porto Alegre-Santo Ângelo
Groff e Milena admitem que, pela movimentação, "o aeroporto pode ter melhor estrutura"
/fotos PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O Aeroporto de Santo Ângelo Sepé Tiaraju é o sétimo em movimentação de passageiros na malha subregional, na conexão com Porto Alegre. O avião ATR-72 chega e sai da cidade sempre lotado. A rota tem sido muito procurada, seja por quem reside na Capital ou por quem vem de outros estados.
Devido à demanda, muitas pessoas falaram à repórter, no dia da viagem, que é comum não conseguirem lugar e acabam tendo de voltar ao ônibus, uma viagem que leva mais de sete horas, em vez da 1 hora e 20 minutos de avião.
Gabriela Müller, dona da Levteck, veio de Florianópolis paradar aula de um dia na Faculdade da Cerveja, que fica na cidade gaúcha, e adorou a opção do trajeto aéreo pela rapidez. “Espero vir mais vezes”, comentou ela.
Com o fluxo ascendente, é normal que venham as demandas. Passageiros como o casal Dario e Ivete Pollo pediram transporte público do terminal Sepé Tiaraju para o Centro de Santo Ângelo. “Isso facilitaria muito, pois dependemos sempre que alguém nos pegue e fica longe”, diz Ivete.
Outros passageiros citam mais oferta de táxi e aplicativos para agilizar o transporte na chegada. Mas a taxista Simone Borges garante que há carros suficientes.
“Quando ampliarem o terminal e a oferta de voos, talvez, aí sim, precise mais”, adianta Simone. O terminal está no limite. A sala de embarque, que não tem banheiro, é pequena. A fila para o raio-x vai até a porta externa.
O casal Jonas Groff e Milena Jabs (foto) admitiu que, pela movimentação, “o aeroporto pode ter melhor estrutura”.
Aeroporto de Santo Ângelo
- Voos: Diariamente. Saída de Porto Alegre às 14h15min, e de Santo Ângelo às 16h15min
- Duração: 1 hora e 20 minutos
- Aeronave: bimotor ATR-72 com 70 lugares
27/10: Porto Alegre-Bagé
Gonzalez viajou de Santana do Livramento a Bagé, para embarcar a Minas Gerais
PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
Dos 12 voos subregionais, o que liga Porto Alegre a Bagé é o mais exigente. Não pelo trajeto, que é muito tranquilo, todo “pavimentado” pela trilha da iluminação de cidades e lugarejos desde a Capital até a Campanha, mas pelos extremos: voo que decola mais tarde do Aeroporto Salgado Filho e, no destino de volta, sai às 5h.
“A ligação é ótima, único problema que não gosto de levantar cedo (risos)”, comenta o paulista Marcelo Nadal, sócio de dois restaurantes na cidade. “Estou vindo desde agosto”, conta Nadal.
A operadora de uma usina térmica em Candiota Débora Silva não consegue imaginar mais morar na Campanha e não voltar para casa, em São Paulo, sem o Grand Caravan, mesmo com os horários dos embarques.
“Agora fui tratar do meu casamento. No primeiro voo que fiz, até fiquei com medo, porque o avião é muito pequeno. Fiquei grudada nas telas da navegação dos pilotos”, recorda. Ela já está craque
O comandante do voo, o piloto Pedro Moniz, fazia pela primeira vez o voo subregional e aprovou as condições. “A estrutura da cidade é boa, o voo é tranquilo. Gostei de fazer”, resume Moniz.
O enólogo Javier Gonzalez (foto), viajou de Santana do Livramento a Bagé, para embarcar a Minas Gerais. “Vou divulgar nossa espumante de hidromel e dar assistência sobre vitivinicultura”, conta o enólogo.
No voo para a Capital, embarcou o engenheiro Luiz Maneschy, que estava fazendo avaliação do aeródromo para a futura administradora, a CCR Aeroportos. O agente da Azul no aeroporto Jonatan Silva é um dos mais entusiasmados com a concessão. Ele espera que mais voos comecem logo. “Quero ter mais trabalho.
Aeroporto de Bagé
- Voos: segunda a quinta. Saída de Porto Alegre às 21h25min, e de Bagé, às 5h
- Duração: 1 hora e 25 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan com 9 assentos
28/10: Porto Alegre-Uruguaiana
Agropecuarista vem de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, para visitar a família em Uruguaiana
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O nome do aeroporto de Uruguaiana é uma homenagem a um dos maiores empreendedores da aviação brasileira e fundador da extinta Varig, Rubem Berta. Só por isso já embala muitas expectativas para o complexo que passou à concessionária CCR Aeroportos.
Hoje falta esteira de bagagem. O equipamento está na sala, mas ainda não foi instalado. Colocar a esteira em funcionamento será a medida mais urgente. Até porque vai ter mais voos. A Azul opera o ATR-72 com 70 assentos para Porto Alegre e amplia neste verão para Florianópolis. A Gol vai começar a voar para Guarulhos, em abril, também com o ART.
Para quem utiliza o trecho, a ligação encurta distâncias, como para o agropecuarista Luiz Alberto Regatti, que se divide há dois anos entre negócios e visitas à família na cidade e em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. “Venho umas quatro vezes no ano. Vou ao Rio de Janeiro e pego conexão”, descreve Regatti.
As colegas de faculdade de Medicina Beatriz Diniz da Conceição, que mora em Brasília, e Anna Laura Holler Maioli, em Ivoti, no Estado, estão acostumadas a se encontrar na “ponte aérea”. As duas estudam Medicina na Unipampa, em Uruguaiana.
“Pegamos o voo várias vezes”, dizem elas. “É bem fácil, de ônibus seriam oito horas”, cita Beatriz. “A gente chega e ainda dá tempo de almoçar”, descontrai Anna, porque o avião aterrissa às 12h35min no Rubem Berta.
A ligação é muito demandada. Os voos lotam. O servidor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Lincoln Souza precisou ir a Uruguaiana para inspecionar uma usina térmica. “É minha primeira e única vez em Uruguaiana. Em uma hora e pouco estou em Porto Alegre e depois embarco para Brasília”, projeta o servidor da Aneel.
Na hora de ir para a pista, a repórter ouve o que foi uma constante na série: “Você vem e já vai de novo? Então, bem-vinda de novo”, diz o agente de aeroporto da Azul.
Na Capital, a agropecuarista Dalila Dovigi aprovou o voo, na sua primeira experiência: “Foi rápido. Recomendo para todo mundo”, comenta ela, que ficou maravilhada ao ver do alto as lavouras de arroz. “É muito lindo!”
Aeroporto de Uruguaiana
- Voos: segundas, quartas e sextas. Saída de Porto Alegre 10h35min, e, de Uruguaiana, às 13h10min
- Duração: 1 hora e 50 minutos
- Aeronave: bimotor ATR-72 com 70 assentos
29/10: Porto Alegre-Pelotas
Isabela quase não acreditou ao ouvir sobre o adiamento da decolagem. "Que azar", brincou
/fotos PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O fluxo de Porto Alegre a Pelotas é um dos mais movimentados na malha subregional e é operado com aeronaves ART72, com 70 lugares, um modelo vocacionado para atender este tipo de ligação. Esta é a operação da Azul, que foi acompanhada pela série.
O trajeto entre o Aeroporto Salgado Filho e o Aeroporto João Simões Lopes Neto teve o único atraso da série devido ao forte vento que soprava na Capital e exigiu verificação da condição dos motores. Os passageiros já estavam dentro do avião e foram avisados para retornar ao portão de embarque, para depois retomarem seus assentos.
A conexão é muito usada por quem vem de outras regiões, como a estudante de Medicina que saiu de Curitiba Isabela Souza. Ela chegou a ter alteração de voo na origem e quase não acreditou ao ouvir sobre o adiamento da decolagem. “Que azar”, brincou.
O estudante de pós-graduação em Odontologia, que reside em Campinas, João Pedro Caetano, só pensava no momento de reencontrar a família: “O voo foi muito bom. Agora vou descansar e curtir a família”, disse aliviado.
A professora Maria Cecília Leite manteve a calma, pois já cansou de ficar muito mais tempo em ônibus na BR-116. “Chegamos bem, o voo foi mais rápido do que imaginava.”
No caminho para a Capital, o engenheiro Bruno Borges estava impaciente. Desceu na pista do Salgado Filho, tomou o ônibus até o desembarque e correu para a conexão: “Não posso perder o voo para o Rio. Tenho uma filhinha de dois meses me esperando”. Será que ele conseguiu pegar a conexão?
Aeroporto de Pelotas
- Voos: diários, em mais de um horário, mas em muitos dias (como 24, 25 e 31/12 e 1/1/2022) já está lotado.
- Duração: 55 minutos
- Aeronave: bimotor ATR-72, com 70 assentos
30/10: Porto Alegre-Alegrete
Passageiros fizeram questão de marcar final do voo com foto ao lado da tripulação
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O voo direto de Porto Alegre a Alegrete foi literalmente uma festa. A animação dominou os passageiros no trajeto de Porto Alegre para a cidade. O voo estava lotado. “Sou do Alegrete ’tchê’”, avisou o padeiro Jair Romário da Silva Rodrigues, que voltava de São Paulo com o filho.
Os dois haviam feito a ligação inversa. “Sobrevoar o baita chão é muito legal. A gente não esperava que fosse tão bonito visto de cima”, descreve Rodrigues. Foram pouco mais de duas horas de percurso pelo céu.
De ônibus, seriam mais de seis a sete horas na estrada. “Pela primeira vez vou chegar na minha terra natal voando. Tô com o coração acelerado”, confessou a bancária Eliziane Marques, que mora há 10 anos em Brasília. “Vou ver o Pampa e o Alegrete de cima”, completou.
Na pista ainda, a bancária levou o sobrinho David para conhecer, por dentro, o Grand Caravan, cena impossível de acontecer na pista do Salgado Filho. “Ele sonha em viajar de avião.” O advogado Leonardo Rezende chegou mais rápido para ver a família. “É meu primeiro voo, uma facilidade.”
A aposentada Maria Lúcia Gomes de Souza e o filho Lúcio Américo vieram de Florianópolis na noite anterior ao embarque e dormiram nas cadeiras do portão 112, no aeroporto da Capital. “Minha prima que mora em Alegrete deu a dica do avião”, recorda Maria Lúcia.
No desembarque, antes de ir para o terminal, o grupo fez questão de registrar em foto, ao lado do monomotor e com a tripulação, para guardar na memória. Antes de voltar à Capital, é preciso desembarcar as encomendas, enviadas por sites, que aportam mais rápido graças às ligações para o Interior.
A advogada Sinara Kriefer voltou para Porto Alegre. Ela viajou às pressas para acompanhar a mãe em exame médicos em Alegrete.
“Só vim porque tinha o voo neste sábado e precisava chegar voltar para um compromisso”, conta Sinara. “Paguei mais pela passagem por comprar em cima da hora, mas o agente me avisou que posso programar e pagar bem menos”, vibrou ela.
Aeroporto de Alegrete
- Voos: terças, quintas e sábados. Saída de Porto Alegre às 7h10min, e, de Alegrete, às 9h35min
- Duração: 2 horas
- Aeronave: monomotor Grand Caravan, com 9 assentos
2/11: Porto Alegre-Santa Rosa
Aurea Horbach é assídua no voo e está revendo a ideia de mudar para Curitiba
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
A ligação é muito buscada para conexão com outros estados, passando pelo aeroporto de Porto Alegre.
A dentista Aurea Horbach (foto) é assídua no voo e está revendo a ideia de mudar para Curitiba, onde reside o namorado. “É uma facilidade”, comenta Aurea. “Posso ainda apreciar a vista na volta para casa”, descreve ela.
O médico ortopedista Vanderlei Sartor também se rendeu à opção. Faz o trecho da Capital a Santa Rosa duas vezes por mês para trabalhar em hospitais da região.
“Demorou para ter o voo (risos). Faço o trecho há 10 anos, mas era de ônibus.”
Em alguns dias, o mau tempo gera cancelamento da viagem. “Faz parte, porque é um avião pequeno.” Eloi de Ávila estava voltando de viagem para fora do Estado. Eles moram em Santo Ângelo, que tem conexão com avião maior, mas preferiram o monomotor para ter a experiência da viagem. “O preço do transporte de aplicativo sairia parecido se saíssemos de Santo Ângelo”, diz Ávila.
Na chegada a Santa Rosa, a iluminação da cidade atrai a atenção. O voo estava
lotado. No começo de outubro, a ligação chegou a ser suspensa por uma semana por problemas na iluminação da pista.
Com assento no voo de retorno, o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT) elogiou a opção para ir a Brasília, mas reclamou do preço. “Tá caro”. Já o aposentado Aloísio Selch estava ansioso.
“Não vejo meus netos que moram na Bahia há dois anos. Vou chegar rápido.” No pequeno terminal, Everson Moisés de Oliveira com o filho Júnior, de três anos, adentra e vai para a porta. Eles não vão embarcar, mas acompanhar a decolagem.
“O Júnior queria ver o avião”, conta o pai. O menino não desgruda os olhos da aeronave. A repórter voltou para a Capital sem presenciar a reação do garoto. Deve ter sido emocionante.
Aeroporto de Santa Rosa
- Voos: domingos, terças e quintas, com saída de Porto Alegre às 17h45min, e de Santa Rosa, às 20h
- Duração: 1 hora e 40 minutos
- Aeronave: monomotor Grand Caravan, com 9 assentos
Aeroportos gaúchos vão viver nova era
A aviação gaúcha vai passar por mudanças importantes nos próximos anos e em duas frentes: tipo de gestão dos aeródromos, com a entrada de agentes privados, e no porte e potencial dos equipamentos, leia-se, ampliação da capacidade e melhoria sensível das condições de operação.
Concessões e investimentos de fôlego, de R$ 466 milhões ou até mais, vão decolar em 2022, com impactos nos anos seguintes, combinando fontes públicas e privadas. Essa mutação vai atingir sete aeroportos: Bagé, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Santa Maria, Santo Ângelo e Uruguaiana.
A seguir um “Plano de voo” do que está previsto para cada aeródromo.
Caxias do Sul: o novo aeroporto está a caminho
Futuro aeroportos vai envolver Investimento de R$ 200 milhões na área na Vila Oliva
/SEPLAN/DIVULGAÇÃO/JC
O novo aeroporto de Caxias do Sul vai ser a maior obra de infraestrutura no setor, após a ampliação de capacidade e de pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho, sob gestão da Fraport Brasil.
O novo aeródromo que vai ser implantado no distrito de Vila Oliva vai abranger potencial de demanda de 48 cidades na Serra Gaúcha. A prefeitura de Caxias do Sul, que tem hoje o terminal com o segundo maior fluxo de passageiros do Estado, lidera a contratação de projetos e execução.
A empresa que venceu a licitação para o projeto executivo, a Iguatemi Consultoria e Serviços de Engenharia, já tem sinal verde para começar os trabalhos. O R$ 1,5 milhão dessa primeira etapa foram liberados pelo governo federal e estão no caixa da prefeitura.
O prazo é de um ano, mas a secretária de Planejamento, Margarete Bender, aposta que será possível fazer na metade do prazo. Projeto entregue, Margarete lança o edital da construção. A meta é fazer a concorrência até o fim de 2022,
Procedimentos como licenciamento ambiental, que podem atrasar processos, está pronto, diz ela. A obra deve levar dois anos e já tem recurso reservado no orçamento da União, de R$ 200 milhões. O aeródromo terá pista com 1.980 metros, terminal de passageiros e de cargas e hangares.
Enquanto a construção estiver em andamento, a prefeitura vai abrir outra frente: a da concessão ao setor privado.
Outro nó a ser desatado é o da malha de estradas municipais que fazem a conexão com a área onde será o complexo. É preciso pavimentar e duplicar via. A definição de como isso será feito e custeado será feita em conversas com os municípios e governo do Estado, adianta a secretária.
Passo Fundo e Santo Ângelo: concessão à vista
Obra em Passo Fundo deve ser concluída entre março e abril; aporte é de R$ 51 milhões
/SECRETARIA TRANSPORTES RS/DIVULGAÇÃO/JC
Os dois maiores aeroportos estaduais gaúchos devem ser transferidos ao setor privado em 2022. Esta é a expectativa da Secretaria Extraordinária de Parcerias. A concorrência para atrair potenciais interessados na concessão deve ser lançada até maio, aposta o diretor do Departamento de Parcerias Público-Privadas da pasta, Rafael Ramos.
Em 30 de novembro foram entregues os estudos do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que subsidia a concessão dos dois aeroportos. Dois grupos apresentaram propostas. A meta é escolher o melhor estudo até janeiro, que pode ser uma composição dos dois PMIs, admite Ramos.
"A primeira impressão é de que as propostas são muito boas", avalia. Depois disso, o assunto vai ao conselho de concessões do Estado, para depois abrir consulta e audiência e levar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE).
"O projeto é bom para as comunidades e a demanda é gigante", opina Ramos. O aeródromo de Passo Fundo tem a maior atratividade. Fechado desde janeiro de 2021, o local aguarda homologação da pista que teve melhorias e conclusão do novo terminal.
Já Santo Ângelo, que tem voos regulares da Azul e ter da Gol, é alvo de estudos para definir obras para ampliar o terminal e outras modernizações.
"Vamos lançar os dois juntos na concessão, para ter ganho de escala". Previsão da pasta é de aporte de R$ 50 milhões para dar conta de obras que devem ser mapeadas no estudo, pago com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil. Para viabilizar o financiamento, uma possibilidade é aumentar tarifas para operação no aeroporto.
Santa Maria: à espera da ampliação do terminal
Com tráfego de passageiros cada vez maior, o terminal terá aumentar de tamanho
PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
O Aeroporto de Santa Maria, o principal no Centro do Estado, tem tráfego cada vez maior, mas o tamanho já começa a ficar pequeno. A Azul já opera com bimotor ATR-72 para Porto Alegre e vai ter ligação para Florianópolis até janeiro.
No segundo semestre de 2022, a Gol entra com ligação para Guarulhos. A prefeitura tem pela frente dois desafios. Primeiro, elaborar o projeto executivo para a ampliação do terminal.
Desde 2019, o assunto se arrasta, com R$ 10,5 milhões reservados na União para a obra. Sem conseguir resolver internamente a demanda, a prefeitura contratou a Infraero para fazer o projeto. A ideia é lançar o edital da licitação até abril. Depois, a expectativa é de um ano para as obras.
Bloco privado: Bagé, Pelotas e Uruguaiana
Três aeroportos foram transferidos à iniciativa privada: Bagé, Pelotas e Uruguaiana. Em novembro, veio a oficialização com a celebração do contrato com a nova concessionária CCR Aeroportos. A concessão é por 30 anos. Até março, haverá uma gestão compartilhada coma Infraero e depois os ativos focam sob a nova gestão. Ampliação de capacidade e transporte de passageiros, instalação de equipamentos, de itens simples como esteiras de bagagens e raio-x, a equipamentos para melhorar pousos e decolagens, e até mesmo internet gratuita nos terminais. A previsão, pelo contrato, é de investimento de R$ 206 milhões, que devem se intensificar nos primeiros anos. A CCR Aeroportos ainda não divulgou como será a execução das obrigações, mas já sinalizou que espera ampliar a oferta de voos e ativar conexões que usem os aeroportos que passaram para o controle do grupo privado, o mesmo que já detém quatro rodovias federais no Rio Grande do Sul (BRs 290 - freeway até Eldorado do Sul, 448, 101 e 386). A CCR detém os aeroporto de Confins, Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina e Bacacheri, no Paraná, Navegantes e Joinville, em Santa Catarina, Goiânia (GO), Palmas (TO), Teresina (PI), São Luís (MA), Imperatriz (MA) e Petrolina (PE) e três no exterior: Quito (Equador), Juan Santamaria (Costa Rica) e Curaçao (Antilhas Holandesas).
Bagé: Aeroporto Comandante Gustavo Kraemer
/JONATAN SILVA/DIVULGAÇÃO/JC
- Pista atual: 1,5 mil metros
- Terminal atual: capacidade para 200 mil usuários/ano
- Investimento previsto: R$ 69 milhões
- Estrutura no terminal e apoio: não tem raio-X (aparelho existe, mas não está instalado), esteira de bagagem, área de embarque e posto de abastecimento de combustível para aeronaves (maiores)
- Voos: ligação com Porto Alegre, de domingo a segunda, com aeronave Grand Caravan (9 assentos), operado pela Azul
Pelotas: Aeroporto Internacional João Simões Lopes Neto
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
- Pista atual: 2 mil metros
- Terminal atual: capacidade para 800 mil pessoas/ano
- Investimento previsto: R$ 71 milhões
- Estrutura no terminal e apoio: tem raio-x, esteira de bagagem, sala de embarque, brigada de incêndio e posto de abastecimento
- Voos: diário para Porto Alegre, operado pela Azul, com aeronave ART 72 (70 lugares). A Azul vai ofertar de 20 de dezembro de 2021 até28 de janeiro, voo direto três vezes na semana (segundas, quartas e sextas) para Florianópolis. A Gol deve ofertar, em janeiro, ligação direta com o Aeroporto de Guarulhos (SP), com jato 737-300
Uruguaiana: Aeroporto Internacional Rubem Berta
/PATRICIA COMUNELLO/ESPECIAL/JC
- Pista atual: 1,5 mil metros
- Terminal atual: capacidade para 300 mil passageiros/ano
- Investimento previsto: R$ 66 milhões
- Estrutura no terminal e apoio: tem raio-x, sala de embarque, brigada de incêndio e posto de abastecimento e não tem esteira de bagagem (existe equipamento, mas não está instalado)
- Voos: diário para Porto Alegre, operado pela Azul, com aeronave ART 72 (70 lugares). A Azul vai ofertar, de 26 de dezembro de 2021 a 30 de janeiro, voo direto aos domingos para Florianópolis. A Gol vai ofertar, a partir de abril de 2022, ligação direta com o Aeroporto de Guarulhos (SP), com ATR 72
Diretor da SAC diz que o foco agora é conectividade
"Quem usava carro ou ônibus para fazer os trajetos não volta mais", avisa Bernardi
SAC/DIVULGAÇÃO/JC
A palavra é conectividade, resume o diretor de Investimento da Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), ligada ao Ministério de Infraestrutura, Eduardo Bernardi, sobre o efeito da expansão da aviação subregional, que ganha espaço e eleva a demanda por obras.
No País, há, neste fim de 2021, ampliações e outras melhorias em 52 aeródromos, cita Bernardi, para dar à dimensão da demanda.
“O Plano Aeroviário Nacional de 2018 prevê que não se tenha nenhuma cidade a mais de 150 quilômetro sem conexão com aeroporto. Essa é a meta da SAC, e o Rio Grande do Sul é um dos que mais precisa dessas conexões pela grande extensão territorial”, avisa.
O diretor cita que os investimentos estão sendo mantidos pelo governo, usando principalmente o Fundo Aeroviário Nacional. Algumas linhas para aquisição de equipamentos para pequenos aeródromos, que ajudam a melhorar a navegação noturna e em condições climáticas adversas, tiveram contingenciamento. O caminho, indica o diretor, tem sido o de emendas de parlamentares.
A cobertura da malha subregional é a novidade, com uma arrancada forte no Estado. “As pequenas aeronaves são como alimentadores, voam a uma cidade média ou para a Capital e funcionam como um concentrador de demanda”, explica Bernardi, que é servidor de carreira da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
“Por isso tem capilaridade. Pode colocar o avião pequeno para ligar Santa Rosa, por exemplo, a Passo Fundo, quando retornar o aeroporto, ligando para fora do Estado”, cita. Outro impulso para a expansão das viagens é a atração de mais empresas de pequeno porte, que começam a entrar no segmento. Tudo por um motivo:
“Quem usava carro ou ônibus para fazer os trajetos não volta mais”.
Malha da aviação comercial gaúcha tem 14 aeroportos em operação
ARTE/JC
O quadro a seguir mostra como os fluxos de passageiros estão acelerando, mesmo que, no total, estejam abaixo de 2019.
Em 2021, o Estado começou com 16 aeródromos ativos e termina com 14. Passo Fundo está fechado devido a obras. Torres não tem previsão de ter voos, e Rio Grande está fora do radar das companhias.
O impulso à malha subregional é efeito da redução do ICMS do querosene de aviação. Quanto mais voos e assentos, menos tributo para as empresas.