Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 15 de Junho de 2020 às 03:00

Pandemia retarda desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil

Elbia Gannoum é presidente da presidente ABEEolica (Associação Brasileira de Energia Eólica)

Elbia Gannoum é presidente da presidente ABEEolica (Associação Brasileira de Energia Eólica)


ABEEOLICA/DIVULGAÇÃO/JC
Jefferson Klein
Já com posição destacada entre as fontes de energia do País, a geração eólica estava pronta para desbravar novas fronteiras. Com pouco mais de 15,5 GW de potência instalada, representa cerca de 12,5% de participação na matriz elétrica, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel). Depois de consolidar seu potencial onshore (em terra), o próximo passo seria usar os aerogeradores na atividade offshore (sobre superfície líquida, principalmente oceanos). No entanto, a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, argumenta que os impactos econômicos da pandemia do coronavírus deverão levar ao atraso do crescimento dessa nova vertente no setor.
Já com posição destacada entre as fontes de energia do País, a geração eólica estava pronta para desbravar novas fronteiras. Com pouco mais de 15,5 GW de potência instalada, representa cerca de 12,5% de participação na matriz elétrica, conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel). Depois de consolidar seu potencial onshore (em terra), o próximo passo seria usar os aerogeradores na atividade offshore (sobre superfície líquida, principalmente oceanos). No entanto, a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, argumenta que os impactos econômicos da pandemia do coronavírus deverão levar ao atraso do crescimento dessa nova vertente no setor.
Empresas & Negócios - Quando devemos ter um maior desenvolvimento do mercado eólico offshore no Brasil?
Elbia Gannoum - O offshore depende de muita coisa. Já há empresas com projetos, que estão trabalhando, buscando licenças ambientais. A ABEEólica está coordenando essa discussão para buscar o aparato regulatório e incluir a eólica offshore em leilões (promovidos pelo governo federal). Eu gostaria de, já no ano de 2021, ter eólica offshore em leilões, mas talvez esse sonho atrase um pouquinho por conta da economia. Ainda é muito cedo para fazermos uma estimativa (sobre quando os projetos offshore participariam de certames), porque estamos avaliando os impactos da pandemia.
E&N - De que outras formas a questão do coronavírus afetou o setor eólico?
Elbia - Nós fizemos uma ação muito forte com os governadores esclarecendo que o nosso tipo de parque (eólico), que está operando, ocupa pouquíssima gente, ou seja, é possível cumprir os protocolos de distanciamento. Com os parques em construção é algo mais complicado, tivemos que reduzir o número de trabalhadores por ônibus, adotar máscaras e álcool em gel. Imediatamente criamos um comitê de crise na ABEEólica e um grupo de trabalho, que inclusive escreveu um manual de boas práticas.
E&N - Os reflexos da pandemia nos parques que estavam com obras em andamento ou para iniciar podem afetar a expansão futura da energia eólica?
Elbia - É uma conjuntura que, a princípio, não prejudica tanto os nossos parques, porque um atraso de dois a três meses nas obras pode ser recuperado. Agora, mais do que isso começa a ficar complicado.
E&N - Como a retração econômica afetará o setor de energia como um todo?
Elbia - A gente já tinha uma expectativa de baixa demanda nos leilões de energia, que foram até postergados, e, se acontecerem, devem ocorrer somente em outubro ou novembro. Para novos investimentos em infraestrutura, o PIB é o fator central. Se há um crescimento econômico de 1%, por exemplo, a demanda por energia é de 2%, é uma relação direta. Agora, se você não tem uma boa perspectiva de PIB, a tendência é que não haja investimentos em energia. Com um PIB negativo, a gente tem uma preocupação, mas há um ponto que é importante, investimento em energia é estrutural e a crise é conjuntural. Os leilões no Brasil são de quatro anos, seis anos de antecedência, então se contrata hoje para entregar no futuro.
E&N - Quais são as consequências da sobra de energia devido à queda de consumo verificada hoje no Brasil?
Elbia - O que está sendo entregue hoje (de geração de usinas), não está sendo utilizado, então terá uma certa sobra de energia e isso traz algum efeito. Não é um efeito forte, porque no futuro as coisas se ajustam. A demanda por energia que não está ocorrendo hoje, está sendo reprimida. A gente está tendo uma redução que a Aneel está retratando em torno de 10%, só que quando a economia voltar, quando a gente voltar para as ruas, vamos ter uma retomada da economia, lenta, mas vai acontecer. Então, essa energia que não está sendo utilizada hoje, vai ser utilizada no futuro. De qualquer forma, na média, quanto a investimentos, no ritmo que o Brasil estava, que já era lento, vai reduzir bastante.
E&N - Os reflexos de tudo que vemos hoje ainda serão percebidos no próximo ano?
Elbia - Sim. Pelos números dos economistas, a gente vai ter uma desaceleração do PIB que vai se estender até 2021 e uma retomada efetiva, um valor positivo, deverá acontecer a partir do segundo semestre ou no último trimestre do próximo ano. E a energia acompanha mais ou menos esse ritmo.
E&N - A senhora foi eleita recentemente vice-presidente do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC). Pode comentar sobre o significado de assumir essa função?
Elbia - É muito importante, porque a nossa posição no conselho global é a posição do Brasil, que é um dos países que mais cresce no mundo em energia eólica e talvez o que tenha os maiores potenciais. Nós saímos em 2012 da 15ª posição de capacidade instalada (no mundo, em energia eólica) e hoje estamos na 7ª. Ali (no conselho) é um ambiente de discussões sobre a inserção da fonte, da tecnologia eólica, em termos mundiais.
E&N - O que fez o Rio Grande do Sul ter desacelerado os investimentos em projetos eólicos nos últimos anos, especialmente se comparado aos estados nordestinos?
Elbia - O maior problema do Sul foi com linhas de transmissão de energia. Mas, com leilões de transmissão que ocorreram em 2017 e 2018, essa dificuldade será superada. Então, muito em breve, o Rio Grande do Sul terá linhas de transmissão disponíveis. Um segundo fator é a questão da competitividade. Às vezes, os leilões vão a preços muito baixos e talvez os projetos do Rio Grande do Sul não estejam dispostos a participar de leilões nessas condições. Mas, o mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a energia) está mais interessante para os investidores. Acho que o Rio Grande do Sul vai retomar uma posição de investimento muito boa.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO