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Empresas & Negócios

- Publicada em 09 de Março de 2020 às 03:00

Menos telas, mais saúde

Materiais publicados pelo Grupo de Trabalho da Saúde Digital estão no site sbp.com.br

Materiais publicados pelo Grupo de Trabalho da Saúde Digital estão no site sbp.com.br


GERD ALTMANN POR PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Eduardo Lesina
Jogos, programas de televisão, desenhos, filmes e músicas estão hoje ao alcance de um clique. A grande inserção de crianças e adolescentes no ambiente digital reforçou um debate que médicos de crianças e adolescentes têm tido há décadas ao redor do mundo: quais os impactos do uso excessivo de telas na infância e na adolescência?
Jogos, programas de televisão, desenhos, filmes e músicas estão hoje ao alcance de um clique. A grande inserção de crianças e adolescentes no ambiente digital reforçou um debate que médicos de crianças e adolescentes têm tido há décadas ao redor do mundo: quais os impactos do uso excessivo de telas na infância e na adolescência?
Para aprofundar a pesquisa no tema e propor soluções saudáveis no contato com a tecnologia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) desenvolveu o Grupo de Trabalho da Saúde Digital. Em 2019, o grupo, composto por 5 profissionais especializados em pediatria e hebiatria (medicina de adolescentes), publicou o manual de orientação para médicos e pais “Menos Telas, Mais Saúde” que reúne dados e reflexões sobre o impacto do uso de telas no desenvolvimento da criança e do adolescente.
O Grupo foi formalizado no final do último ano, mas surgiu como resultado de quase 20 anos de publicações e mapeamento de pesquisas sobre o assunto ao redor do mundo. “Quando as pesquisas sobre o tema já representavam um número expressivo, ao passo que o risco à saúde também aumentou com a difusão do uso das telas, vimos a necessidade, como profissionais da saúde, de formalizar um grupo de trabalho científico sobre saúde digital”, relembra a representante gaúcha no Grupo, Suzana Estefenon.
Embora a equipe seja composta apenas por profissionais da área, entidades como o CGI e representantes de Google e Facebook auxiliam no processo de trabalho do Grupo. Para Suzana, a preocupação das empresas com o impacto na saúde foi uma surpresa positiva: “acredito que é uma luta muito importante, uma vez que eles também estão vendo a necessidade do olhar científico de quem estuda o tema e vão somar nas atividades deste ano”.
As facilidades de uso e o grande acervo de informações disponíveis são alguns dos atrativos para os mais de 24 milhões de brasileiros entre 9 e 17 anos no País. A pesquisa “TIC Kids Online Brasil”, realizada pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI), em 2018, apontou também para o aumento no número de indivíduos conectados dessa faixa etária: em 3 anos, a presença de crianças e adolescentes na internet subiu de 79% para 86%.
Além de dimensionar o impacto causado pelo uso frequente de celulares, televisores, computadores e tablets, o Grupo também relaciona essa prática com outras questões inerentes a formação pessoal. Em 2016, no Manual de Orientações para Pediatras, Pais e Educadores, publicado pela SBP, os especialistas exploraram a relação entre o ambiente digital e o contato direto com a natureza. Entre as características apresentadas no Manual, o estresse tóxico, a obesidade, sobrepeso, sedentarismo, alergias, distúrbios de sono e alimentação e falta de coordenação motora estão diretamente ligadas tanto ao uso excessivo de telas, quanto a distância de ambientes diversos, especialmente aqueles a céu aberto e compostos por elementos naturais, sejam eles construídos ou não. Todos materiais publicados pelo Grupo de Trabalho da Saúde Digital podem ser acessados no site da SBP, no link: www.sbp.com.br.
 

Excesso de conexão pode comprometer o desenvolvimento cerebral

A preocupação dos especialistas se concentra nos problemas causados pelo uso excessivo de telas em momentos de formação do indivíduo e que podem acarretar em problemas no desenvolvimento cerebral, no ritmo do sono e na formação das conexões dos neurônios, a qual desenvolve-se, idealmente, obedecendo a estímulos visuais, auditivos, de toque e de afeto, incorporando informações e vivências, além de estimular todas as regiões do cérebro. “Hoje, o contato com as telas é fornecido até aos bebês como um estímulo muito constante. Isso provoca um impulso reduzido nas mesmas regiões cerebrais, e não ao conjunto cerebral, de tal forma que o cérebro acaba não realizando todas as conexões ideais”, explica Suzana.
A pesquisa do CGI apontou que, em 2018, aproximadamente um quinto dos usuários de Internet entre 11 e 17 anos tentaram, mas não conseguiram, passar menos tempo na rede. Além disso, 23% declarou ter se sentido mal em algum momento por não poder estar na internet. Outro dado preocupante evidenciado na pesquisa, concentra-se em uma outra forte preocupação da equipe de pesquisa: o tempo compartilhado com a família e amigos.
No estudo, 22% dos usuários dessa faixa etária mencionaram que passaram menos tempo com a família, amigos, ou realizando lições escolares porque ficaram muito tempo na internet. Ao passo que 20% relataram deixar de comer ou dormir por causa da internet, 18% dos entrevistados afirmaram que se deram conta de estar navegando na rede sem realmente estarem interessados no que viam. “Parece apocalíptico, mas a gente não quer passar essa visão. Temos que entender que a relação com a tecnologia tem que haver uma disciplina, um limite de horas diárias para não comprometer o horário de outras atividades importantes”.
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