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Empresas & Negócios

- Publicada em 09 de Dezembro de 2019 às 03:00

Setor ervateiro passa por transformação

Pompermayer começou a carreira como funcionário de uma ervateira aos 14 anos

Pompermayer começou a carreira como funcionário de uma ervateira aos 14 anos


SINDIMATE/DIVULGAÇÃO/JC
A indústria de erva-mate gaúcha passou por um processo de modernização nos últimos anos, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado do Rio Grande do Sul (Sindimate/RS), Álvaro Pompermayer. Com uma vida profissional dedicada à erva-mate, ele começou a carreira como funcionário de uma ervateira aos 14 anos, e desde então são 45 anos trabalhando ininterruptamente na área. "Quando tomei meu primeiro chimarrão eu devia ter meus 12, 13 anos", relembra.
A indústria de erva-mate gaúcha passou por um processo de modernização nos últimos anos, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Estado do Rio Grande do Sul (Sindimate/RS), Álvaro Pompermayer. Com uma vida profissional dedicada à erva-mate, ele começou a carreira como funcionário de uma ervateira aos 14 anos, e desde então são 45 anos trabalhando ininterruptamente na área. "Quando tomei meu primeiro chimarrão eu devia ter meus 12, 13 anos", relembra.
Pompermayer, que também é diretor da Ervateira Multimate em Arvorezinha, no Vale do Taquari, teve sua primeira gestão como presidente do Sindimate entre 1990 e 1993 e agora cumpre a segunda, que teve início em 2017 e termina em 2020.
No Rio Grande do Sul, a erva-mate é produzida em 14 mil propriedades, sendo 36 mil hectares plantados, distribuídos nos polos ervateiros do Alto Uruguai, Nordeste Gaúcho, Alto Taquari, Região dos Vales e Planalto/Missões. Apenas no Estado, se produz em torno de 302 mil toneladas de folha de erva-mate anualmente, o que representa cerca de 95 mil toneladas de erva-mate seca, processada nas 230 empresas do setor. Entretanto, destaca
Pompermayer, é uma produção insuficiente para o consumo interno gaúcho, e por isso o Rio Grande do Sul também compra erva-mate produzida por outros estados, como Santa Catarina e Paraná. Segundo Pompermayer, isso mostra como o chimarrão é intrínseco à cultura gaúcha. "A gente não pode esquecer que a árvore-símbolo do Rio Grande do Sul é a erva-mate", diz.
Empresas & Negócios - Como é produzir erva-mate em um Estado no qual ela tem um valor cultural tão forte?
Álvaro Pompermayer - É uma área extremamente importante, e por consequência se torna um ramo bastante competitivo. A erva-mate vem de pai para filho dentro das famílias, e nas regiões produtoras mais ainda. No Estado inteiro o chimarrão está na maioria da casa tanto pelo valor cultural quanto pelos benefícios do chimarrão. Temos mais de duas centenas de empresas que trabalham nisso, e fica muito concorrido. E estados como Paraná e Santa Catarina também produzem a planta, mas não tem o consumo necessário, então eles vêm vender aqui. A erva-mate na verdade é um produto alimentício, e como tal está sendo tratado assim pela indústria. Temos que ter produtos de primeiro mundo.
E&N - Quais as diferenças que o senhor percebe entre a sua primeira gestão no começo dos anos 1990 para a sua segunda gestão agora?
Pompermayer - O setor ervateiro mudou tanto nos últimos 30 anos, era uma indústria bastante antiga, e ela se modernizou, se transformou nesse período. Um motivo é que entrou maior fiscalização da Anvisa, e o próprio mercado vai cobrando mais qualidade. As indústrias foram se modernizando em termos de moagem e empacotamento. Iniciaram situações de boas práticas na produção das indústrias, a planta industrial da erva-mate evoluiu muito, a qualidade é muito grande e isso é bom para o consumidor. Estamos focando no chimarrão, mas com olhos em outras situações, para achar negócios dentro da curiosidade do mundo com a erva-mate. A concorrência mudou, cresceu a industrialização, tem maior disputa entre os consumidores, e assim a qualidade do produto aumentou bastante.
E&N - Como está a situação do investimento em pesquisas em erva-mate?
Pompermayer - Acho que está faltando coragem para investir em pesquisas. O momento não é muito fácil, estamos saindo de uma crise que afetou a economia do Brasil e do setor ervateiro. A indústria assim bota um pouco o pé no freio. Temos algumas universidades fazendo trabalhos com erva-mate, e outras que estão se prontificando a isso, mas as indústrias também têm que começar a colaborar financeiramente, e aí que está o gargalo, o pessoal está segurando um pouco. São limitadas em função da disponibilidade de dinheiro para gastar. Pesquisas demandam bastante tempo e investimento. Nós temos o Fundomate (Fundo de Desenvolvimento e Inovação da Cadeia Produtiva da Erva-Mate, projeto do Governo do Estado que financia ações focadas ao setor) que deveria expressar esses apoios, mas o dinheiro não vai chegando para seus objetivos e o Governo não libera devido às dificuldades de caixa. É uma ciranda de situações e uma tranca a outra.
E&N - Qual é o apoio dado pelo governo para o setor ervateiro?
Pompermayer - Na parte federal a gente se preocupa mais com a parte do apoio ao produtor. Temos a Embrapa ajudando, e aqui no Estado temos a Emater que faz um trabalho muito bom no campo para melhorar o rendimento dos ervais e a seleção de mudas. Isso é um trabalho bem bom, mas mais em relação ao produtor. No governo federal estamos tentando, junto ao Itamaraty, disponibilizar de espaço em feiras internacionais, levar a erva-mate e apresentar às empresas. O Itamaraty está nos prometendo apoio, então estamos esperando uma coisa melhor.
E&N - Visto que o consumo de erva-mate tende a ser regionalizado pelos fatores culturais, como o setor ervateiro interage com o mercado nacional e internacional?
Pompermayer - Toda a indústria corre atrás de mercado, de aumentar vendas, e tentar botar Brasil afora. O mercado que é muito promissor hoje é o de exportação, mas a meta, além do gaúcho, é fazer o chimarrão tomar expressão a nível de Brasil. Já internacionalmente, hoje se manda erva-mate para 30 ou mais países. Os principais compradores são o Uruguai e o Chile. Também se vende para a Europa num todo, em pequenas e grandes quantidades, comprando a erva-mate gaúcha. A gama de países é grande. Tem muitos países buscando informações sobre a erva-mate, é muito bom e é promissor. Para os mais diversos segmentos, o principal acredito que seja os chás. Temos Síria, Líbano, Paquistão, que são grandes consumidores de erva-mate, mas pelo mercado argentino. Usam uma água não tão quente quanto a gente, e usam para chás e subprodutos.
E&N - Quais subprodutos são esses?
Pompermayer - Estamos presentes em energéticos, cosméticos, aromatizantes. Se tu olhar 20 anos atrás, quase toda a produção era destinada exclusivamente para o chimarrão. Com o surgimento de subprodutos, a gente enxerga um novo horizonte para a erva-mate. Claro que esse consumo ainda não é expressivo, mas uma vez que outros países começam a fazer trabalhos de pesquisa em cima disso, a gente vê isso tudo como promissor para o setor, e principalmente para o produtor que é o maior interessado.
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