No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, a ONU Mulheres destaca plataforma disponibilizada para empresas que desejem mensurar a igualdade de gênero em seus respectivos ambientes de trabalho. Utilizada por mais 1.835 companhias em todo o mundo, a Ferramenta de Análise de Lacunas dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEPs) é on-line e gratuita.
Além da contribuição óbvia quanto a identificar se há equiparação no nível de oportunidade para mulheres e homens, a plataforma também auxilia em aspectos menos evidentes. Pode, por exemplo, estimular as instituições a considerar a diferença de gênero no processo de coleta de avaliações sobre seus produtos e/ou serviços.
O patamar de igualdade de gênero na empresa é medido com base em um questionário de 18 perguntas. As questões são de múltipla escolha e divididas em quatro temas: Liderança, Local de Trabalho, Mercado e Comunidade.
Segundo frisou a diretora regional da ONU Mulheres para América e Caribe, Maria-Noel Vaeza, "igualdade de gênero é sinônimo de bons negócios". Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que ouviu 13 mil empresas em 70 países, demonstrou que seis em cada 10 organizações privadas concordaram que a diversidade de gênero melhorou os negócios.
Segundo a ONU Mulheres, revelar o potencial de mulheres e meninas resulta em impactos positivos significativos para a produtividade da empresa e nos resultados financeiros, bem como para as famílias e comunidades do mundo todo. E os números corroboram com a sentença: uma pesquisa recente indicou que alcançar a igualdade de gênero pode somar US$ 12 trilhões à economia global e que a diversidade de gênero em todos os níveis da organização leva a um aumento da lucratividade, da produtividade e da eficácia organizacional.
O incremento gerado por iniciativas inclusivas é bastante tangível: quase três quartos das companhias relataram aumentos entre 5% e 20% no faturamento. A maioria teve crescimento de 10% a 15%, de acordo com a OIT.
Os governos, a sociedade civil e as Nações Unidas estão cada vez mais buscando engajar e fazer parcerias com empresas comprometidas com a promoção da igualdade de gênero. Além disso, os investidores estão analisando o desempenho de empresas quanto à igualdade de gênero como um indicador para o crescimento futuro.
Cada vez mais as pesquisas apontam para os impactos positivos nos resultados financeiros de se investir em mulheres para que alcancem todo o seu potencial, incluindo: respeitar e apoiar a saúde das mulheres, o que pode reduzir as taxas de rotatividade e absentismo; fornecer instalações de creche no local para aumentar a produtividade; tratar das barreiras legais e sociais para liberar novas oportunidades de mercado; e criar programas específicos de desenvolvimento profissional para as mulheres, a fim de aumentar as oportunidades de inovação e promover perspectivas diferentes nos níveis de liderança sênior.
Apesar das oportunidades, muitas barreiras sociais, econômicas e legais ainda existem para as mulheres, impedindo-as de entrar para a força de trabalho, de progredir na carreira e de fazer seus negócios crescerem. Uma pesquisa recente sugere que, com a atual taxa de mudanças, levará mais de 100 anos para alcançarmos a igualdade econômica entre homens e mulheres.
Além disso, as mulheres continuam sujeitas à discriminação, ao preconceito inconsciente e à violência, inibindo ainda mais suas oportunidades de contribuir para a força de trabalho formal e o crescimento sustentável.
Embora apresentem, em geral, maior escolaridade que os homens, as mulheres ainda ganham, em média, 77% do salário reservado a eles. E têm produtividade 22% maior. Outro relatório da OIT indica que reduzir as desigualdades de gênero em 25%, até 2025, poderia adicionar US$ 5,8 trilhões para a economia global e aumentar as receitas fiscais. No Brasil, o impacto seria de, aproximadamente, R$ 382 bilhões e um acréscimo de até R$ 131 bilhões em receita tributária.
Sabe-se, ainda, pelo estudo Mulheres, Empresas e o Direito 2019: uma década de reformas, do Banco Mundial, que, em todo o mundo, as mulheres usufruem de apenas três quartos dos direitos legais que cabem aos homens. Em uma escala de 0 a 100, a região da América Latina e Caribe atinge a pontuação de 79,09. Uma década atrás, o índice registrado pela região era de 75,40. Entre os motivos que explicam a evolução no indicador está a implementação de 39 reformas promovidas ao longo do período.