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Uma reflexão sobre a participação feminina na área tributária
A legislação tributária brasileira é complexa e há diversos fatores que contribuem para esse cenário, como é o caso das diversas normas existentes, com suas exceções que não obedecem a padrão ou estrutura. Indo além, uma questão que precisa ser explorada é a tributação diferenciada para artigos femininos - apenas uma das dificuldades vistas quando se trata da diferença dos gêneros nessa área. E, quando pensamos nesse contexto, não falamos sobre os produtos "femininos" que são bem mais caros por serem destinados à mulher, mas também de produtos que são, em sua essência, exclusivamente para mulher, como é o caso dos absorventes, item de alta necessidade.
O mesmo acontece com diversos outros itens destinados ao público feminino, como artigos voltados à maternidade, que são necessários e que deveriam, por natureza, ter algum benefício fiscal e ser incentivados nesse sentido. De acordo com dados da ESPM, produtos rosas ou com personagens femininos possuem uma média de preço de 12,3% a mais se comparados aos demais. Em alguns casos, os itens podem ser iguais, mudando somente a cor, mas custando um valor de até 100% mais alto.
Organizei e mediei um debate muito expressivo, com mulheres que são referência na área, que explorava justamente os desafios que são encontrados pelas lideranças femininas, indo ao encontro de tudo o que foi comentado acima. Nele, falamos sobre os embates tributários que encontramos em nossas vidas por apenas sermos mulheres, além de falarmos sobre o quanto as mulheres gastam de energia para até mesmo se "masculinizarem" e serem vistas pelos seus times como alguém de pulso firme ou merecedor de cargos mais elevados.
Por isso, separei alguns insights importantes para refletirmos sobre essa questão. Vale ressaltar que, neste artigo, faço um recorte para a complexidade vivenciada por algumas mulheres no mercado de trabalho atual, tendo em vista duas vertentes: o fato de gastarmos mais por apenas sermos mulheres e a dificuldade de alcançar cargos de alta gestão, principalmente dentro da área tributária. Mas tudo isso sem vilanizar a figura do homem ou excluí-lo, a ideia é trazer todos para uma reflexão sobre o impacto cultural dessas diferenças e mostrar a capacidade de mulheres inspiradoras não somente para outras mulheres, mas também para os homens.
Normalmente, quando pensamos em ambientes os quais contam com lideranças quase exclusivamente masculinas, as pessoas acabam aceitando um perfil de gestão mais rígido, com ações mais diretas do que as de uma mulher. Neste contexto, é esperado que mulheres, quando alcançam este nível hierárquico, tenham um lado mais materno, compressivo e delicado, em que, nesse caso, a mulher culturalmente sente que precisa gastar energia apenas nesse quesito. Isso é visto não somente na área tributária, mas também em vários outros segmentos, e é fundamental lembrar que existem pessoas exigindo de mulheres posicionamentos que, muitas vezes, não são atitudes ou ações que teríamos.
Ademais, o evento que mediei recentemente foi em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, mas o debate precisa ser estendido. A mulher líder e gestora está antenada e muito bem-informada, por i Thais Borges sso, precisamos começar a mudar esse cenário. Para iniciar, a transformação cultural é um pilar essencial, mudando o mindset das empresas, bem como das áreas jurídica e tributária, que já estão passando por modernizações - trago como exemplo o fortalecimento do home office, em que temos cada vez mais audiências online, resultando em uma agilidade bem expressiva nesse segmento.
Em suma, ressalto que é fundamental que as empresas estejam mais adaptadas a essas evoluções. Considerando todo o contexto apresentado acima, ainda temos muito caminho pela frente em relação a como a mulher é tratada em diferentes frentes, desde a tributação de um simples produto até mesmo ao alcance de altos cargos de gestão. Deixo meu convite para reflexão sobre o tema.
Thais Borges
Sócia e Diretora Comercial da Systax