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Transposul começa nesta segunda-feira com expectativa de R$ 1 bilhão em negócios
Maior feira de logística do Sul do Brasil retorna ao Centro de Eventos da Fiergs após dois anos de pandemia
Eduardo Torres*
A partir de hoje até a próxima quinta-feira, o Centro de Eventos da Fiergs será o pit stop necessário em 2022, após um período de aceleradas mudanças em praticamente todas as rotinas do setor de transporte e logística, durante a pandemia.
O local será palco para o retorno da Transposul, em sua 22ª edição, depois de um hiato de dois anos sem a realização da maior feira do setor no Sul do Brasil. E a expectativa é das melhores possíveis. Conforme o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), a estimava é de movimentar até R$ 1 bilhão em novos negócios entre os estandes e corredores do evento, cerca de quatro vezes mais do que a Transposul 2019, realizada em Bento Gonçalves.
"Durante o período de pandemia, nosso setor não parou. Ao contrário, fomos muito desafiados, com novas e cada vez maiores exigências em relação a prazos e alcance nas entregas, por exemplo. O transporte, durante a pandemia, foi fundamental para garantir o abastecimento de toda a população brasileira. E a logística para garantir a chegada a todos os cantos do Brasil talvez nunca tenha sido tão desafiada", avalia Diego Tomasi, vice-presidente do Setcergs. Ele vê a feira voltando em um momento importante, "tanto para trocarmos experiências sobre o aprendizado neste período, quanto para encontrarmos as novas tendências do setor, sobretudo em relação à digitalização e inovações tecnológicas", destaca.
Projeção é de publico 40% superior à ultima edição
Com uma área de 8,2 mil metros quadrados (70% a mais do que em 20190, os organizadores projetam receber até 20 mil pessoas durante os quatro dias de evento. Será um dia a mais de feira em relação à última edição, com a projeção de aumento superior a 40% do público que circulará pelo Centro de Eventos da Fiergs.
"Se tivéssemos o dobro de espaços, estariam todos ocupados. As pessoas do setor estão com sede deste tipo de evento, com sede de crescer e de inovar. Foram dois anos batendo e voltando, como se tivéssemos um avião perfeito, com todos embarcados, mas que não decola ou não sabe onde pousar. A Transposul é uma oportunidade para apontar rumos ao setor e reforçar a necessidade cada vez maior de ter planejamento para continuar crescendo", anima-se o presidente do Setcergs, Sérgio Gabardo.
A feira deste ano traz para o público o conceito de "Um olhar 360° para a inovação", que tem como pilares - resultantes de dois anos de transformação do setor com a pandemia - a sustentabilidade, tecnologia, conectividade e negócios.
Entre as atrações mais aguardadas pelas transportadoras estão as apresentações, pelas montadoras, dos caminhões do futuro. Este é um norte para destravar alguns dos principais obstáculos enfrentados pelo setor, sobretudo em relação às incertezas das variações do diesel e das condições estruturais de logística no País, que naturalmente refletem no preço final das cargas e dos produtos nas prateleiras.
Veículos abastecidos por fontes alternativas, como os elétricos ou a gás, certamente atrairão as atenções da feira, mas talvez não reflitam imediatamente nas estradas do Brasil. A maior expectativa está mesmo no que as montadoras apresentarão em relação à adaptação dos seus veículos ao sistema Euro 6, que entra em vigor, como exigência aos veículos pesados e movidos a diesel no país, em janeiro de 2023. Trata-se do conjunto de normas para emissões de CO² adaptados à fase 8 do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), do Conama. As montadoras devem garantir, por exemplo, que as emissões do veículo permaneçam nos padrões do Proconve 8 por 700 mil km ou por sete anos.
Mas, como destaca Sérgio Gabardo, a expectativa vai além das garantias de melhorias sustentáveis. As montadoras estão desafiadas a garantir economia ao transportador. "Estamos todos muito curiosos para ver na prática a promessa das montadoras de garantir, com o Euro 6, entre 8% a 10% mais economia no consumo de combustível por estes novos veículos. Imagine uma frota inteira assim", informa o presidente do Setcergs.
Tecnologia aliada à eficiência
Aliar tecnologia e eficiência na frota com redução de custos para o setor é a grande questão em debate nesta Transposul. Para o gerente de produtos e serviços da Delta Global, Webster Pedralli, não há uma receita pronta para chegar a esta resposta, mas uma das chaves é conseguir garantir aos transportadores a gestão completa dos seus serviços, com uma capacidade cada vez maior de antecipar e prevenir os problemas.
É sobre isso que Webster vai tratar na palestra "Tecnologia e Serviços Conectados: Como melhorar a performance da sua frota", marcada para às 17h15min de terça-feira, dia 14.
"As inovações embarcadas estão à disposição de todos os transportadores, mas simplesmente inovar não garante eficiência. É preciso saber exatamente o que fazer, e como fazer, com as informações que a inovação possibilita ao transportador. No momento em que se fala em indústria 4.0, hoje em um mesmo caminhão muitas vezes o transportador demanda serviços de até seis tipos tecnologia diferentes, desde a assistência, o rastreamento até o controle do abastecimento, que geram relatórios e muitas vezes estes dados não se comunicam entre si. Este banco de dados precisa se comunicar e garantir ao transportador tomar decisões que levem a eficiência no final do processo", explica.
Segundo Webster, a plataforma operada pela sua empresa, que tem sede em Porto Alegre e será demonstrada em um estande na feira, permite inclusive acesso a um banco de dados unificado e inteligente.
"Um controle correto da condução do veículo, por exemplo, pode gerar até 50% de economia para o transportador, ou 30% de economia em relação ao uso de combustível. É possível anteciparmos até mesmo problemas como o tombamento de um caminhão e alertarmos o transportador para que tome as medidas preventivas antes de ter o prejuízo", aponta.
A oferta de tecnologia embarcada ou como ferramenta para a gestão de frota e logística será uma constante entre os expositores desta Transposul. Mais do que a perspectiva de bons negócios, Webster destaca que a Transposul permitirá apresentar, de fato, ao transportador o que a inovação pode lhe possibilitar hoje e no futuro próximo.
O encontro com clientes no Hub do Embarcador
Se as negociações entre os estandes das montadoras devem movimentar a maior parte da conta bilionária esperada pelos organizadores da Transposul, ao menos 10% deste valor é estimado para um espaço que deve ser um imenso campo de interação e troca de informações durante a feira. Trata-se do Hub do Embarcador.
Seguindo a tendência de outras grandes feiras de inovações e negócios, a Transposul criará o ambiente para transportadores e donos de cargas encaminharem parcerias. Serão 20 transportadoras instaladas neste hub, com diversas mesas de negociações.
É neste espaço que estará o estreante na feira, Roberto Machado, proprietário da Rodagro Transportes e diretor de gestão do Setcergs. "A negociação presencial é sempre mais atrativa, e é o que nos fez falta durante este período mais crítico da pandemia. Com este encontro entre transportador e embarcador, sempre se pode chegar a um melhor entendimento, a uma negociação mais flexível, em que se consegue levar em conta todos os diferenciais que oferecemos e as exigências do embarcador", aponta Machado.
De acordo com o vice-presidente do Setcergs, Diego Tomasi, a intenção é atrair para este espaço, sobretudo, a indústria e o comércio atacadista, que buscam relações de fidelidade com as transportadoras.
"Estão convidados principalmente os gestores de logística do Rio Grande do Sul. Eles também foram muito desafiados neste período de pandemia. No hub, eles têm a oportunidade de discutir os diferenciais de cada transportadora, que vão muito além do custo, envolvendo questões como a sustentabilidade, segurança viária e tecnologia embarcada para garantir a melhor e mais eficiente entrega para este embarcador", explica Tomasi.
É que o transportador atuará em duas frentes durante a feira. Enquanto negocia possibilidades de novas cargas, trata dos seus investimentos em melhorias da frota e dos serviços.
"Nós operamos com o transporte de máquinas agrícolas, e como todo o agro, não paramos na pandemia, mas estamos há dois anos praticamente sem investir. Foi um período importante de planejamento que agora, com esta oportunidade da Transposul, deve se concretizar com negociações para renovação da frota", diz Roberto Machado.
Um espaço para novas ideias
O transportador e o embarcador terão na feira um ambiente propício também para investir em inovações em seus serviços. Aí, será obrigatório das uma passadinha pelo Transposul Connect, onde acontecerão pitches com apresentações de cases de startups em logística e transporte.
"Será uma vitrine para novas ideias tanto em relação à tecnologia embarcada, para aumento da eficiência no transportem, como em relação à gestão logística, desde ferramentas para rastreamento ou gerenciamento de cargas e entregas", explica Diego Tomasi.
A 5Hub Comunicação Inteligente estará neste espaço, e participa pela primeira vez da feira, apresentando uma plataforma de gestão de atendimento, com soluções de gerenciamento de toda a jornada do cliente. Além dela, a Motorista PX estará oferecerá às transportadoras um serviço de contratação de motoristas seguro, legal e muito prático.
E há ainda o Pit Stop Logístico, que vai reproduzir para os visitantes, em tempo real, o que acontece dentro de um armazém. Do recebimento da mercadoria até a sua embalagem.
Será mais um ponto de experiência dentro da feira, com interação e diálogo com o público.
"Estamos em um ambiente com demanda cada vez maior pelo delivery, nada melhor do que mostrar como funciona este processo antes do destino final. Aumentou a demanda e aumentou a exigência do cliente em relação aos prazos de entrega. A feira vai mostrar como o setor respondeu bem e agora está olhando para o futuro", define Tomasi.
Entre as marcas expositoras neste setor, está a Retrak Empilhadeiras, apresentando a empilhadeira STILL modelo E20, com tecnologia de bateria de íon de lítio.
Feira de seminovos
Além da apresentação dos novos modelos pelas montadoras, a Transposul terá novamente um espaço dedicado à Feira de Seminovos, na qual é reforçada a relação do setor com os autônomos. São esperados pelo menos 200 caminhoneiros autônomos nos corredores da Transposul.
"Temos trabalhado muito nestes últimos anos para desmistificar aquela ideia de que a Transposul é só para grandes empresários. O autônomo, para se manter no mercado, também precisa se qualificar em gestão e investir na inovação do caminhão. A feira é uma oportunidade de aproximar estes profissionais dos fornecedores", afirma o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul (Fecam-RS), André Luis Costa.
Somente no Estado, de acordo com Costa, há entre 90 e 100 mil veículos aptos ao trabalho autônomo no transporte.
Caminhoneiros pedem um novo pacto social
O ambiente da Transposul não se limitará aos negócios. Divididos em três palcos, haverá 33 palestrantes nestes quatro dias de evento. Palestras que desencadearão a reflexão sobre o momento do setor de transportes e logística no Brasil. Será um momento, como acentua o presidente da Fecam-RS, André Luis Costa, para delinear um novo pacto social que reequilibre as relações entre consumidor e produtor para a economia voltar a andar.
"O caminhoneiro está no meio desta relação, enfrentando, de maneira mais agravada pela pandemia as mazelas estruturais do país que nós já apontamos há 30 anos. É preciso encarar estes problemas, que vão dos combustíveis às condições das estradas, passando pelo custo de produção e de compra. Se o caminhoneiro está sentindo os efeitos, inclusive com risco de desabastecimento, a indústria também é prejudicada. E quem paga por isso é o consumidor", aponta o dirigente.
Com a quebra deste ano nas lavouras de soja, milho e arroz, Costa, afirma que os autônomos chegam à Transposul com até 60% da frota parada, e quebrando.
"Pode não ser o melhor momento para comprarmos ou investirmos na Transposul, mas é um encontro fundamental para participarmos de todos os debates que reflitam sobre o futuro do setor de transportes", diz Costa.
"O caminhoneiro está no meio desta relação, enfrentando, de maneira mais agravada pela pandemia as mazelas estruturais do país que nós já apontamos há 30 anos. É preciso encarar estes problemas, que vão dos combustíveis às condições das estradas, passando pelo custo de produção e de compra. Se o caminhoneiro está sentindo os efeitos, inclusive com risco de desabastecimento, a indústria também é prejudicada. E quem paga por isso é o consumidor", aponta o dirigente.
Com a quebra deste ano nas lavouras de soja, milho e arroz, Costa, afirma que os autônomos chegam à Transposul com até 60% da frota parada, e quebrando.
"Pode não ser o melhor momento para comprarmos ou investirmos na Transposul, mas é um encontro fundamental para participarmos de todos os debates que reflitam sobre o futuro do setor de transportes", diz Costa.
A Transposul em números
- R$ 1 bilhão estimado em negócios no setor de transporte e logística (R$ 100 milhões no Hub do Embarcador)
- Total de 8,2 mil m² de área
- Público esperado: 20 mil pessoas
Espaços da feira:
- 80 expositores: montadoras apresentam as novas tendências do mercado
- Hub do Embarcador: espaço dedicado a negociações entre transportadoras e embarcadores (indústrias, comércio atacadista, empresas de logística)
- Transposul Connect: espaço dedicado à inovação, com pitchs de startups especializadas no transporte e logística
- Feira de Seminovos: vendas de veículos usados para renovação de frota
- Pit Stop Logístico: espaço que vai reproduzir em tempo real o que acontece em um armazém logístico
Como participar:
- Ingressos a R$ 20
- Inscrição gratuita para os congressos técnicos
Programação:
Segunda-feira
15h45min: Gestão compartilhada, com Tiago Azevedo e Carlos Eduardo de Aveline Bertê
16h30min: O futuro da indústria de caminhões no Brasil, com Ricardo Alouche
17h15min: Quanto custa a hora da sua transportadora parada?, com Luis Bogiano
18h: Mercado de transportes - hoje e nos próximos 5 anos, com Ricardo Barion
18h45min: Torre de controle: a tecnologia como aliada da segurança e da gestão eficiente, com Daniel Duarte Nobre
Terça-feira
13h45min: Fórum - As normas para o transporte, armazenagem e manuseio de produtos perigosos
14h: A conjuntura atual econômica do país, com Paulo Rogério Cafarelli
14h45min: Posicionamento digital vencedor para o mercado de transportadores de cargas, com Rafael Terra
15h: Jornada do cliente e futuro dos serviços, com Sílvio Renan Souza
15h45min: Seguro de vida e acidentes pessoais para o ramo de transportes, com Alexsander Kaufmann
16h30min: Segurança no transporte e tecnologia, com Alcides Ribas Cavalcanti
17h: Painel CNT - Passado, presente e futuro da profissão de motorista, com Andressa Scapini e Victor Mendes
17h15min: Tecnologia e serviços conectados - como melhorar a performance da sua frota. com Webster Pedralli
18h: A LGPD está criando problemas ou soluções para o meu negócio?, com Roges Bronzatti
18h45min: O futuro da gestão de frota - novas maneiras de prevenir roubos de cargas e acidentes, com Sergio Raabe, Marcelo Ribeiro e Filipe Pacheco da Silva
19h: Prêmio Despoluir
Quarta-feira
14h: Liberdade econômica no segmento de transportes, com Jerônimo Goergen
15h: Covid-19, Transportes & Logística - Impactos de hoje e tendências de amanhã na Europa, com José Monteiro Limão e João Logrado Batista
16h15min: Mobilidade sustentável - perspectivas e tendências, com Joarez Piccinini
16h30min: Comunicação do presente e do futuro - definido a voz das empresas em tempos de concorrência, com Paulo Sérgio Pinto
17h15min: Lucro real ou presumido, o que é melhor para o transporte?, com César Druck Samberg
18h: Inteligência Emocional - Que emoções estamos carregando?, com Helena Brochado
18h: Segurança Viária e ESG no Transporte - Tendências e Desafios!, com Cleverson Forato
18h45min: Como transformar a inovação em lucros, com Fernando Mancuzo
19h: Lançamento do novo Programa de Segurança Viária do Setcergs
Quinta-feira
15h: "Os impactos das decisões do STF na área trabalhista" e "O novo normal, LGPD e as relações do trabalho", com Marlos Melek
15h45min: Gerenciamento e responsabilidades com relação a cargas perigosas, com Eduardo Sanberg e Nara Raquel Göcks
16h30min: O impacto do aumento dos insumos do transporte na composição do valor do frete, com Lauro Valdívia
17h15min: Como reduzir custo do transporte com gestão de pneus, com Jonas da Silva e Régis Torres Steigleder
18h15min: Digitalização e Inovação em logística, com Ádio Garda