Atualizada 18h17min
A aprovação do Ministério da Agricultura para a
retirada da vacina contra febre aftosa no Rio Grande do Sul, definida na noite de terça-feira (11), agora depende do aval da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para uma mudança efetiva no status sanitário do Estado. A decisão, que pode ser anunciada em maio de 2021, quando ocorre o próximo encontro da OIE, deve abrir as portas de novos países para a carne bovina gaúcha e ampliar o portfólio de negócios para a carne suína.
Esses ganhos, porém, se darão em médio e longo prazo e dependerão, ainda, de negociações comerciais das indústrias na conquista de novos clientes internacionais. No caso da carne bovina, a partir da mudança, o alvo gaúcho para expansão das vendas está centrado principalmente em cinco países: Estados Unidos, México, Canadá, Coreia do Sul e Japão.
De acordo com o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle, estes são mercados atendidos hoje pelo Uruguai, e onde o Rio Grande do Sul teria mais condições de competir a partir da mudança de status pela OIE. “O Uruguai é o único grande fornecedor de carne bovina da América Latina para esses países, mesmo tendo vacinação, mas por algumas prerrogativas que obteve anteriormente”, explica o executivo.
A mudança é celebrada por grandes frigoríficos com plantas exportadoras no Estado, como a BRF, quem tem operação em Lajeado, no Vale do Taquari. A produtora de aves e suínos, em nota, comenta que a elevação do status sanitário do Rio Grande do Sul amplia o espaço para exportação de proteína animal, com possibilidade de abertura de novos mercados para a produção gaúcha.
Nas carnes suínas, detalha o presidente da Associação dos Suinocultores do Estado (Acsurs), Valdecir Folador, a expectativa, em médio e longo prazo, é justamente aumentar embarques para o grande comprador mundial, a China. Hoje o gigante asiático adquire de frigoríficos gaúchos apenas carne suína sem osso. A Coreia do Sul e o Japão também entram na mira.
“Quando ocorrer essa mudança de status sanitário e pudermos exportar carne com osso teremos processos operacionais mais práticos na indústria, já que a desossa toma tempo, e também novos produtos para embarque, como a costela suína”, diz Folador.
O presidente da Acsurs, porém, ressalta que esses ganhos não ocorrem de imediato, mas em médio e longo prazo, e pondera que mesmo com status diferenciado há mais tempo Santa Catarina não exporta grandes volumes de carne sem osso para esses destinos. Boa parte do ganho seria mesmo oriundo na agilidade operacional nos frigoríficos e ampliação do portfólio para possíveis exportações.
"O volume exportado não necessariamente crescerá só a partir da retirada da vacina, mas claro que tem ganhos. É como se passássemos para a prateleira de cima, a mais alta, no quesito saúde animal", compara Folador.
Mais otimista quanto aos lucros da retirada da vacina, o governo gaúcho calcula que o setor de suínos teria um aumento nas exportações de cerca de R$ 600 milhões anuais. A secretaria da Agricultulta inclui no rol de novos compradores também países como Chile e Filipinas.