Ao anunciar na manhã desta sexta-feira (7) a aquisição do Banco Modal, avaliando a instituição financeira em cerca de R$ 3 bilhões, a XP Inc. reforça ainda mais sua estratégia de crescer no mercado de maneira inorgânica, se valendo do poder de fogo para incorporar negócios nos quais enxerga potencial relevante de ganhos de sinergia.
No dia 4, a XP já havia anunciado celebração de acordo para aquisição de uma participação minoritária estratégica no Grupo Suno, envolvendo a casa de análise independente Suno Research, a gestora de recursos Suno Asset, entre outras frentes de conteúdo, dados e análise sobre o mercado financeiro.
As movimentações neste início de ano dão prosseguimento à postura já observada ao longo de 2021, quando a plataforma de investimento fundada por Guilherme Benchimol promoveu um importante movimento de consolidação no mercado local.
Ao longo do ano passado, a XP adquiriu participações minoritárias em uma série de gestoras de recursos de fundos multiestratégia como AZ Quest, Vista Capital, Jive, Capitânia e Giant Steps, entre outras. Segundo comunicados divulgados à época das aquisições, elas fazem parte da estratégia da XP de desenvolver o "mais completo ecossistema de gestores e distribuidores" do país. "Adicionalmente, o desenvolvimento de gestoras independentes vai de encontro a nossa estratégia ao contribuir com o aumento da liquidez no mercado secundário, o que por sua vez ajuda no processo de democratização de produtos de investimento para mais brasileiros."
Além disso, em linha com a compra recente de uma fatia na Suno, na janela dos últimos 12 meses, a XP também fez movimentos de consolidação com o foco em casas de análises independentes de pesquisa de ações.
Levante e Ohm Research se tornaram alvos da corretora, que já havia estabelecido parceria com a jornalista Luciana Seabra para formar a Spiti no final de 2019.
Apesar de todo o esforço movido por Benchimol, Thiago Maffra, o atual presidente da XP, e companhia, frente ao cenário de juros altos e menor atratividade da renda variável, as ações da XP e do Banco Modal, que fez seu IPO na bolsa americana Nasdaq em abril de 2021, têm sido penalizadas pelos investidores.
As ações da XP negociadas recuam 27,9% no acumulado dos 12 meses, até 6 de janeiro de 2022, enquanto as do Modal têm desvalorização de 58,2%. Já nesta sexta, os papéis do Modal tinham forte alta de 43%, por volta das 13h30. As da XP avançavam cerca de 1,5%. "Vemos o anúncio como positivo para ambas as partes. Para a XP, faz sentido ganhar mais exposição no segmento B2C [business to consumer], especialmente considerando a forte presença do Modal no mercado de mini-futuros de câmbio e índices", dizem os analistas do Bradesco BBI, em relatório. Os especialistas apontam ainda ser já esperado o forte movimento de alta dos papéis do Modal nesta sexta, de modo a incorporar o prêmio oferecido pela XP.
A aquisição do Modal será paga por meio da emissão de até 19,5 milhões novas ações da XP, o que representa 35% do preço do banco nos últimos 30 dias. Com base no fechamento de US$ 27,09 (R$ 154,51) de quinta-feira (6), o volume da operação deve girar em torno de US$ 528,2 milhões (R$ 3,01 bilhões).
Até 100% do Modal será incorporado por uma subsidiária da XP -caso o banco não consiga as aprovações necessárias dos acionistas minoritários, o equivalente a 55,7% será adquirido dos acionistas controladores.
Segundo o comunicado, em setembro do ano passado as duas empresas juntas somavam 3,8 milhões de clientes ativos, em contraste com os 457 milhões dos cinco maiores bancos brasileiros. "A XP Inc. e o Banco Modal, que juntos representam ainda uma pequena fração do mercado em que atuam, vão acelerar o processo de disrupção que vem acontecendo na indústria financeira no Brasil, caracterizada por um alto potencial de crescimento e poucos players dominantes", afirma o texto.