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Presença de militares nas eleições de 2018 tende ser a maior em 12 anos
O levante conservador tomou conta do discurso político em 2018, neste ano mais de 200 militares podem concorrer a cargos eletivos
O discurso nacionalista tem tomado conta dos debates políticos nas eleições de 2018. Faltando pouco menos de cinco meses para a população ir às urnas e definir seus representantes pelos próximos quatro anos, uma onda de militares está se organizando para concorrer a cargos eletivos neste ano.
Levantamentos iniciais apontavam 71 pré-candidatos ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica em todo o país, o maior número de candidatos em uma eleição geral pelo menos desde 2006. Mas para Carmen Flores, presidente do diretório estadual do Partido Social Liberal (PSL), principal partido a estimular as pré-candidaturas, militares também deverão disputar cargos por outros 13 partidos parceiros - PSDB, PSC, PR, PEN, PRP, PRTB, Novo, Patriotas, DEM, PHS, PROS, PTB e PSD - , nas convenções. Em sua estimativa, o número de candidatos pode passar de 200.
No Rio Grande do Sul, pelo menos cinco pré-candidatos disputarão uma cadeira na Assembleia Legislativa. Um deles é o tenente-coronel Luciano Zucco. O militar se apresenta como "o candidato do Bolsonaro no Sul" e acredita que esta maior presença da categoria nas eleições gerais é causada pela "vontade de ver mudanças sociais, baseadas nos nossos princípios e virtudes, e porque depois de tanto tempo, de forma democrática, queremos ter voz novamente".
Zucco observa que os candidatos não estão todos na ativa. "Aproximadamente 90% estão na reserva do exército e demais forças", afirmou. O que realmente pesou no lançamentos destas pré-candidaturas, na visão do tenente-coronel, foi o apoio dos militares de expressão, como o general Mourão e o general Augusto Heleno.
Com a crise política e a crise socioeconômica, diversas teorias de uma possível intervenção dos militares foram levantadas. Sobre esse tema, Zucco respondeu que "não temos mais espaço e nem tem mais esta tensão", afirmando acreditar na mudança pela via democrática.
Com a expectativa de poucas verbas para financiar a campanha de seus candidatos, o tenente-coronel afirmou que buscará recursos através de "uma vaquinha online, além de investir valor próprio na minha campanha".
O que um militar da ativa precisa para ser elegível
Além da Constituição Federal, os militares também são regrados pelo Estatuto Militar. O promotor Rodrigo Zílio, coordenador do Gabinete de Assessoramento Eleitoral do Ministério Público Eleitoral, explicou que militares estão sujeitos a regras diferentes para disputar eleições. Um exemplo é a proibição do uso das funções hierárquicas e do uso do uniforme em campanha, porque "a pessoa não pode valer da sua posição pública, trata-se de um crime constitucional", afirma.
Quesitos para militares disputarem a eleição
- Desincompatibilizar da sua patente seis meses antes de concorrer a cargo eleitoral (caso tenha menos de 10 anos de carreira militar)
- Agregar (se afastar temporariamente da patente) antes da convenção partidária (somente para militares com mais de 10 anos de carreira)
- Renunciar a hierarquia militar, ou seja, não pode utilizar seu cargo como manobra política para se eleger
- É estritamente proibida a utilização de uniforme em pré-campanha, assim como durante a campanha eleitoral
- Militar da ativa não precisa estar filiado a partido, basta estar desligado ou agregado na convenção partidária.
Fonte: Lei nº 6.880/80 e Resolução nº 21.787 do TSE.