O governador José Ivo Sartori (PMDB) revelou ontem, em entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio, no Palácio Piratini, que só definirá se disputará a reeleição ao governo do Estado após a Copa da Rússia. O Mundial de futebol termina no dia 15 julho. "Depois da Copa, com certeza, nós vamos ter uma definição", informou Sartori, ao ser questionado sobre sua candidatura.
O peemedebista ainda reluta em confirmar sua participação no pleito, mas, pouco a pouco, avança nas declarações nesse sentido. Primeiro, dizia que "se não pode dizer que sim, também não precisa dizer que não". Agora, tem afirmado que "é difícil de eu me escapar" de concorrer à reeleição, frase que repetiu nesta terça-feira, quando completou, dizendo que a definição sai após a Copa.
Apesar de 10 entre 10 quadros do PMDB confirmarem que Sartori é candidato, o governador resiste. Mas a pressão para que ele aceite participar do pleito de outubro prossegue. Na segunda-feira, em uma visita de cortesia, foi a vez de o líder máximo do partido no Estado, o ex-governador e ex-senador Pedro Simon, fazer um apelo a Sartori.
"O que ele me disse é: 'olha que nós precisamos de ti'. Vou guardar isso, pelo apreço que eu tenho por ele", contou Sartori, lembrando que Simon foi o responsável por lançar sua candidatura ao Piratini em 2014. "Vocês sabem todos, e eu não preciso esconder de ninguém, que eu não desejava ser candidato na eleição passada, e o Simon começou (a me lançar) dois anos antes."
O movimento de Simon - principal articulador das candidaturas do PMDB ao governo do Estado nas 10 eleições desde a redemocratização - é mais um indício de que Sartori aceitará o desafio, ainda mais pela admiração que tem pelo decano do PMDB: "Simon, historicamente, tem uma nobreza de atitudes, a gente tem orgulho do político. Aprendi com ele a seriedade e a responsabilidade. Fez o papel que ele tinha que cumprir, está fazendo falta no Congresso Nacional".
Mas Sartori evita se alongar no tema eleições, argumentando que seu foco é o governo e que, mesmo em ano eleitoral, o Executivo não vai parar. "Tenho resistido muito nessa discussão. Sempre disse que, se eu fosse falar em eleições, iria perder o rumo, deixar de fazer as coisas que precisam ser feitas, de tomar atitudes", explica.
O peemedebista diz que é cedo para falar em candidatura, mas observa que o partido já está fazendo articulações visando à eleição. "Primeiro nós temos que conversar com todo mundo. O presidente do partido (no Estado, deputado Alceu Moreira) inclusive indicou o (Luís Roberto) Ponte e o Ibsen Pinheiro para fazer as conversações, e eles estão fazendo."
Sartori lamenta que os ex-aliados PDT, PSDB e PP tenham saído do governo para disputar a eleição ao Piratini (com Jairo Jorge, Eduardo Leite e Luis Carlos Heinze, respectivamente), preferia uma grande frente agregando todas essas forças, mas salienta que respeita a decisão dos partidos de lançarem candidatura própria. "Gostaria que todos que ajudaram a fazer as mudanças que nós fizemos estivessem juntos. Mas a gente tem que respeitar aqueles que querem fazer a sua própria caminhada."
'Não podemos ter uma aventura no País', afirma o peemedebista sobre disputa ao Planalto
A cinco meses das eleições, o governador José Ivo Sartori (PMDB) avalia que o quadro nacional ainda está muito indefinido e que o cenário vai passar por diversas mudanças nos próximos meses, antes que sejam confirmadas as candidaturas à presidência da República. Um exemplo foi a desistência do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa (PSB) de concorrer ao Planalto, anunciada ontem. No próprio PMDB não há definição se o candidato será o presidente Michel Temer ou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
"Eu acho que têm coisas muito momentâneas. Vamos ter ainda muitas modificações. É impossível praticar uma política nacional sem agregação, e parece que nós vamos ter próximo a 20 candidatos a presidente da República", observa o governador, para quem o debate político nacional está muito empobrecido.
Sartori demonstra preocupação que um "aventureiro" chegue ao poder, salientando que o momento é de eleger um presidente que retome o avanço do País. "Não podemos mais ter uma aventura no País. Pelo menos isso. Precisamos de alguém que venha para fazer a prosperidade, abrir as porteiras da transparência e da verdade. Não pode se ter outra atitude. O Brasil precisa ser passado a limpo", conclui.