Buscando reavivar o oposicionismo, em baixa na Rússia desde a reeleição consagradora de Vladimir Putin, em março, o ativista Alexei Navalni promoveu uma mobilização no sábado (6). Ele acabou sendo preso, assim como pouco mais de mil manifestantes que atenderam a seu chamado para protestar contra a posse do presidente, marcada para esta segunda-feira. No entanto, a detenção durou pouco: Navalni foi solto neste domingo, assim como os demais manifestantes.
Segundo a ONG OVD Info, que monitora abusos contra direitos humanos na Rússia, 574 dos 1.029 detidos em 19 cidades eram de Moscou, inclusive Navalni. Como ele não tinha autorização para fazer o comício na praça Pushkinskaia, foi preso antes de começar a falar.
O forte aparato policial sugere que as autoridades estavam preocupadas com a potencialidade das manifestações, pouco mais de um mês antes da abertura da Copa do Mundo. O país, em grave crise diplomática com o Ocidente desde o episódio em que foi acusado de envenenar um ex-espião russo na Inglaterra, estará no centro das atenções do mundo por um mês.
O governo havia ofertado três outros espaços para que Navalny promovesse o ato, só que ele não aceitou por serem menos evidentes que a praça, um popular ponto de encontro. A tática de enfrentamento visava, como das outras vezes em que liderou protestos, garantir o máximo de exposição midiática à sua inevitável prisão. Desta vez, porém, Putin resolveu mudar de estratégia para evitar mais confusão antes da posse. Assim, a libertação dos manifestantes, conforme relatado por entidades de direitos humanos, parece sinalizar uma distensão para o público interno e o externo.
Navalni, que é advogado e blogueiro, pretendia repetir os dois superprotestos de 2017, quando milhares foram às ruas em várias cidades russas. Desta vez, a concentração maior foi mesmo em Moscou. Houve detenções em lugares distantes, como Krasnoiarsk (Sibéria), mas não eventos em centenas de cidades ao mesmo tempo.
Putin ganhou um quarto mandato no Kremlin em 18 de março. Com o resultado das eleições, nas quais obteve 76,7% dos votos, o mandatário ficará até 2024 à frente da segunda maior potência nuclear do planeta, quando completará 25 anos de poder.