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'Não temos botão para desligar nossas vacas', diz Marcos Tang
Tang diz que o produto é o mais perecível do agronegócio e precisa ter tratamento especial
FREDY VIEIRA/JC
Patrícia Comunello
"Não temos botão para desligar nossas vacas", avisou o produtor e presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês no Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, ao tentar traduzir o drama vivido pelo setor em função da greve dos caminhoneiros. Tang fez um apelo nesta terça-feira aos caminhoneiros que ainda se mantêm nas estradas e às autoridades que atuam para garantir transporte de combustíveis e cargas para que o leite tenha um tratamento especial e seja incluído como item prioritário nas liberações.
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"Não temos botão para desligar nossas vacas", avisou o produtor e presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês no Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, ao tentar traduzir o drama vivido pelo setor em função da greve dos caminhoneiros. Tang fez um apelo nesta terça-feira aos caminhoneiros que ainda se mantêm nas estradas e às autoridades que atuam para garantir transporte de combustíveis e cargas para que o leite tenha um tratamento especial e seja incluído como item prioritário nas liberações.
"É um dos produtos mais nobres, pois é o mais perecível do agronegócio. Pedimos que o leite tenha um tratamento especial", argumenta Tang, citando que a entrega para a indústria, que está praticamente parada no Estado, ocorre diariamente. "Temos de entregar todo o dia, não podemos nem manusear ou estocar como feijão ou outro cereal."
VÍDEOS JC: Dirigente faz apelo a autoridades para que leite possa ser escoado
O setor já acumula prejuízo de R$ 58 milhões, informou o Sindilat. Só em volume de leite, a estimativa é de perda de 51 milhões de litros desde o dia 21, quando foi deflagrada a greve. "Por mais simpatia, por mais que entendamos o movimento (dos caminhoneiros), pois também sofremos com o abuso dos preços do diesel, agora realmente estamos pagando muito caro a cada dia que o leite não sai da propriedade", reforçou o presidente da Gadolando, que assumiu o posto terça-feira. A raça holandesa responde por 70% da produção do alimento no Estado.
"Você vê um leite produzido com amor e carinho e pouco recurso, mas com todo conforto para as vacas, sendo jogado no ralo. É inconcebível", reage o dirigente, que tem propriedade em Farroupilha. Para Tang e outros integrantes da Gadolando, a situação vai piorar ainda mais o quadro do setor, que perdeu mais de 25 mil produtores nos anos recentes. Eram cerca de 85 mil produtores. "As propriedades já estão no vermelho, vai ficar pior", previne Tang.
A entidade explica que não há como os produtores evitarem o descarte do leite. "Não podemos vender nem distribuir leite cru, que é proibido pela questão sanitária", explica o presidente. Muitos criadores estão produzindo doce de leite e queijo, itens que só podem ser usados no consumo familiar, pois as propriedades não têm registro para fazer a venda. O problema é que não é possível processar o volume diário que acaba boa parte descartado.