O dólar acumulou alta de 3,80% nesta semana e, nesta sexta-feira (18), encerrou o dia em novo patamar, a R$ 3,7369 (+1,01%). Como já virou quase uma regra nos últimos pregões, houve muita volatilidade e a moeda americana variou centavos: da mínima de R$ 3,7136 (+0,38%) à máxima de R$ 3,7775 (2,11%). O giro foi elevado, somou US$ 1,26 bilhão. No mercado futuro, o dólar, de manhã, chegou a R$ 3,7805 e, perto das 17h, subia 1,13%, negociado a R$ 3,7430. Aqui, o volume estava em US$ 22,5 bilhões, novamente bastante encorpado. O fechamento desta sexta-feira é o maior valor desde 13 de março de 2016, quando ela ficou em R$ 3,7426 - naquele dia, a crise pré-impeachment da presidente Dilma estava praticamente no auge, com a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil.
"O dia hoje foi mais do mesmo, com cenário externo e a busca por hedge", resumiu Bruno Foresti, gerente de câmbio do Ourinvest. "Daqui para a frente, com o quadro eleitoral, a volatilidade que já está elevada vai aumentar ainda mais", afirmou. O aspecto "curioso", ele observa, é que o fluxo continua positivo - conforme dados do BC, em maio até dia 11 está positivo em US$ 362 milhões e, no ano, as entradas superam as saídas em US$ 17,425 bilhões. "Nossa situação é de fluxo positivo e dólar em alta. Ou seja, não há problema de liquidez no câmbio, o que há é procura por proteção por conta do cenário eleitoral que vem por aí. O estrangeiro coloca dinheiro aqui e imediatamente faz o hedge", resumiu Foresti. Essa situação, técnica de mercado, se deve à pequena diferença entre as taxas de juros no Brasil e nos EUA, o que deixou muito barato fazer essa operação.
Nesse cenário, apesar de muitos operadores hoje pela manhã, quando o dólar batia nas máximas, terem comentando que o BC deveria atuar de forma mais presente no câmbio, não haveria muito o que fazer. "A tendência da moeda é de alta e de muita volatilidade. O BC poderia até mesmo ofertar mais swaps cambiais, mas não teria como segurar essa tendência de apreciação. Enquanto o mercado lá fora estiver assim, não vai acalmar. É quase como tentar segurar o mar com a mão", avalia Foresti. Para ele, essa situação deve se manter no curto prazo.
Depois do fechamento do mercado, o Banco Central anunciou a ampliação da oferta de swap cambial, com adição de 15 mil contratos à oferta que já vem sendo feita diariamente desde o início do mês.
Fernando Araujo, gestor da FCL Capital, lembra que o dólar sobe já há quase dois meses em função do diferencial de juros externos e da apreciação global da moeda americana, mas de alguns dias para cá já começa a aparecer também a chamada aversão ao risco. "Em outros momentos de tensão cambial, sempre a avaliação de risco do país subia e a moeda acompanhava. Dessa vez, por conta dessa situação mais técnica da procura por hedge, o risco começou a subir só de alguns dias para cá. Isso provavelmente sinaliza que a questão eleitoral e a preocupação com o futuro de ajuste fiscal começa a compor os preços", resumiu Araujo. O Credit Default Swap (CDS) do Brasil foi o que mais subiu esta semana entre os principais mercados, mostram dados da Markit. O papel de 5 anos do Brasil registrou alta de 13 pontos desde segunda-feira, superou os 200 pontos e era negociado na tarde de hoje a 203,5, nível mais alto hoje desde setembro de 2017.
Há pouco, o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que o movimento no câmbio é global e que os emergentes, evidentemente, são os mais afetados. Mas ele também observou que o Brasil tem situação muito confortável, com reservas altas, inflação e juros baixos. "É importante chamar a atenção para a necessidade de continuar reformas, para melhorar o lado fiscal. Quanto mais sólidos os fundamentos, o câmbio estará menos suscetível a essa variação", afirmou. Conforme a agenda de hoje do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, estava prevista uma reunião nesta manhã com o ministro Guardia.