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Sustentabilidade

- Publicada em 11 de Abril de 2018 às 22:42

Consumidores exigem postura mais sustentável das empresas

Dilli e Tanaka atuam em ramos diferentes, mas convergem em ideais

Dilli e Tanaka atuam em ramos diferentes, mas convergem em ideais


/LUIZA PRADO/JC
Não bastasse o forte apelo econômico, com a redução de custos, e os benefícios para o meio ambiente, as empresas têm, agora, um novo estímulo para acelerar os projetos sustentáveis nas suas operações: a vontade crescente dos consumidores, especialmente das novas gerações, de se relacionar com companhias cujo propósito, produtos e soluções estejam alinhados com a perspectiva de um mundo melhor.
Não bastasse o forte apelo econômico, com a redução de custos, e os benefícios para o meio ambiente, as empresas têm, agora, um novo estímulo para acelerar os projetos sustentáveis nas suas operações: a vontade crescente dos consumidores, especialmente das novas gerações, de se relacionar com companhias cujo propósito, produtos e soluções estejam alinhados com a perspectiva de um mundo melhor.
Boas práticas e novas tecnologias - como drones, carro elétrico e painéis fotovoltaicos para geração de energia - devem estar na pauta empresarial de todos os segmentos de negócios. "As novas gerações têm um outro jeito de pensar e estão procurando empresas mais amigáveis com o meio ambiente, menos destrutivas e capazes de entregar produtos sustentáveis e saudáveis", comenta o diretor de Recursos Humanos e Sustentabilidade da SLC Agrícola, Álvaro Dilli.
Ele foi um dos painelistas, ontem, do 6º Seminário Brasileiro de Gestão Ambiental na Agropecuária, que faz parte da programação da 8ª edição da Fiema Brasil - Feira de Negócios, Tecnologia e Conhecimento em Meio Ambiente. O evento ocorre até amanhã, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves (RS), e deve reunir cerca de 10 mil pessoas.
No caso do agronegócios, esse interesse se revela, por exemplo, na necessidade de demonstrar que os alimentos vêm de uma origem boa, e não de uma área desmatada ilegalmente. "Não podemos mais fazer as coisas como há 20 anos. Há uma pressão para esses temas, as pessoas estão mais conscientes, e o mundo está melhorando, fatores que forçam a melhoria de processos de toda a cadeia", analisa. Para Dill, tão importante como o viés ambiental e social, porém, é o econômico. "Empresa que está no vermelho não investe em verde", alerta.
A mesma exigência dos consumidores se revela no setor elétrico. O gerente de Meio Ambiente da CPFL Energia, Robson Tanaka, diz que, não apenas os consumidores, mas também os acionistas estão colocando o tema socioambiental no topo das suas prioridades. "As empresas de energia estão sendo cada vez mais cobradas sobre esse tema. As próprias indústrias que compram da gente querem saber exatamente a origem para poder explicar para os seus clientes finais", conta. A CPFL tem apostado nas energias renováveis e inclui, no seu portfólio, parques de energia eólica, solar e hídrica. "O Brasil está em situação boa, pois grande parte da nossa matriz é renovável. A perspectiva é continuar esse modelo, e prova disso foi a competitividade dos últimos leilões e a oferta de empreendimentos renováveis."
A coordenadora da especialização em Energias Renováveis da Pucrs, Aline Cristiane Pan, acrescenta que a tendência é que as cidades, cada vez mais, sejam pensadas para serem sustentáveis. "A sociedade está exigindo que esse tema seja encarado como prioritário, e projetos e obras começarão a ser avaliados não apenas pela lógica financeira, mas também de sustentabilidade", projeta.

Sucesso da energia eólica deve se repetir com a fonte solar

O Brasil tem uma posição privilegiada quando se trata de energia limpa. Enquanto, no mundo, apenas cerca de 33% da potência instalada de geração elétrica é de energia renovável, por aqui, esse índice alcança 73% - no Rio Grande do Sul, 76%.
E, depois do sucesso da eólica, a bola da vez é, definitivamente, a energia fotovoltaica (solar). "É um mercado muito promissor e com a vantagem, em relação à eólica, de que você pode colocar um projeto em qualquer lugar que tenha sol", explica o gerente de Planejamento Energético da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Eberson Silveira.
Ele comenta que o cenário pode ser ajudado se ocorrer um reaquecimento da economia, já que isso vai fortalecer os leilões. "Existe um forte apelo no mundo para a construção de projetos com menor impacto ambiental. E saímos na frente porque temos uma forte vocação para as energias renováveis", relata.
Expectativa similar tem o presidente da Fiema Brasil, Jones Favretto. "Teremos um crescimento exponencial nos próximos anos porque somos um País com grande potencial de ventos, sol e outras fontes de energias renováveis. Reunimos toda a cadeia durante o evento para ajudar a disseminar essas boas práticas e as oportunidades para quem quer investir e empreender nessa área", diz.
Aliás, a edição 2018 foi palco do anúncio de um novo projeto. A fabricante de móveis Multimóveis e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assinaram protocolo de financiamento para a implantação de energia fotovoltaica no valor de R$ 8 milhões.
Os recursos são oriundos do acordo de cooperação financeira assinado entre a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) e o BRDE, com três anos de carência e 10 anos para serem quitados. Com isso, a empresa espera aprimorar a sua gestão ambiental. "Já começamos os estudos que vão contemplar a melhor forma de viabilidade energética, buscando, dentro da sustentabilidade, mais eficiência e mais economia", disse a diretora da Multimóveis, Maristela Cusin Longhi. O gerente da Região da Serra do BRDE, José Rafael Wojtowicz, explica que a linha de financiamento é um estímulo para que as companhias sejam cada vez mais socialmente responsáveis. "O retorno do investimento se dá em cinco ou seis anos. Os equipamentos têm vida útil de mais de 20 ou 25 anos, então há um bom período para desfrutar de grande economia", avalia. Ao todo, o acordo entre AFD e BRDE disponibilizará R$ 220 milhões para serem aplicados em projetos de sustentabilidade no Sul do País.