O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), que causou comoção nacional e internacional, fez com que os brasileiros ficassem à beira de um estresse pós-traumático.
A vida humana, pelo visto, perdeu todo sentido para os marginais que se profissionalizaram em quadrilhas nas mais diversas sendas do crime. Nos últimos anos, foram além, pois há autênticas franquias, semelhantes às que estamos acostumados, que exercem poder em diversas capitais, ou em quase todas capitais do País, pelo que a mídia nos apresenta.
Mata-se sem dó nem piedade, levando as pessoas a notarem, estarrecidas, que aquilo que só víamos em filmes sobre criminosos ou organizações semelhantes - casos da Itália com a Máfia e do bandido mais famoso dos Estados Unidos da América (EUA), Al Capone -, agora, esteja presente, por comparação inevitável, no nosso cotidiano, lastimavelmente. Realmente, como está, não dá para ficar.
A insegurança nas ruas das cidades brasileiras está acima do tolerável, se é que se pode estabelecer um nível aceitável de mal-estar com assaltos, latrocínios, furtos e roubos em geral. Agora, segundo alguns, também com forte componente político.
No Rio de Janeiro, a execução de Marielle Franco levou a questionamentos sobre a intervenção federal na Segurança Pública. Mas há que ser dado um tempo para que ações de inteligência, novas chefias, áreas de atuação e, principalmente agora, sejam identificados os que comandam, desde os presídios, as tarefas criminosas dos comparsas que estão livres.
No entanto, oficiais-generais do Exército que assumiram postos no recém-criado Ministério da Segurança Pública preocupam-se em mostrar resultados efetivos, pois, caso contrário, o desgaste será grande para as Forças Armadas. Piorando o quadro da insegurança no País, está evidente que o sistema prisional de alguns estados tornou-se em autêntico "home office" da bandidagem, como dito. Por isso, há um clamor pelo fim de regalias em prisões e aumento de vagas, a fim de que possa haver um controle pelo menos razoável do que ocorre intramuros nas masmorras que chamamos de presídios. No Rio Grande do Sul, a abertura plena do complexo prisional de Canoas dará alívio - que, espera-se, não seja apenas pontual.
Também todos os municípios com uma determinada população e com auxílio estadual deveriam ter, assim como têm delegados e juízes, a sua cadeia. As penas seriam cumpridas perto da comunidade. Hoje, o Presídio Central na Capital é uma nódoa carcomida do que não deve ser feito com a reclusão.
Mas tanto a Brigada Militar, na prevenção, como a Polícia Civil, na investigação, estão fazendo um bom trabalho, dentro das suas possibilidades. Porém, o fato é que segurança pública começa com famílias estruturadas, nas quais crianças têm acesso à educação no domicílio e também nas escolas. Gerar investimentos e empregos, dar saneamento básico nas comunidades da periferia, incentivar a prática de esportes - que faz parte da educação - para adolescentes, concluindo com bons exemplos da sociedade.
Sem atacar as causas na raiz dos problemas da segurança pública, haverá um tempo em que teremos que colocar um guarda em cada esquina, talvez até mais, algo impossível. Finalmente, alertar os consumidores contumazes de drogas que eles mantêm esse tráfico que tem feito vítimas fatais. Isso tem que acabar ou, pelo menos, ser reduzido a índices mínimos.