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Publicada em 15 de Março de 2018 às 11:47

Facebook vive um conflito ou uma crise?

Gil Kurtz

Gil Kurtz

JEFFERSON BERNARDES/DIVULGAÇÃO/JC
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As redes sociais estão partindo o tecido social. "Os ciclos de retroalimentação a curto prazo impulsionados pela dopamina que criamos está destruindo o funcionamento da sociedade". Chamath Palihapitihya, ex-vice-presidente do Facebook.
As redes sociais estão partindo o tecido social. "Os ciclos de retroalimentação a curto prazo impulsionados pela dopamina que criamos está destruindo o funcionamento da sociedade". Chamath Palihapitihya, ex-vice-presidente do Facebook.
Uma das 10 marcas mais valiosas do mundo, ou melhor, a que ficou em nono lugar em 2017, segundo a Brand Finance vive nos últimos meses momentos extremos. Do lado positivo podemos citar o salto que ela deu nesse ranking de 2016 versus 2017. Saltou da décima sétima posição para a atual. Excelente performance. Talvez a única na face positiva. Já na negativa a lista é bem maior. Vamos lá:
- Podemos dizer que tudo começou a emergir nas eleições americanas de 2016. Segundo estudo realizado pela The National Bereau of Economic Research somente três meses antes daquelas eleições artigos fraudulentos favorecendo Donald Trump foram compartilhados 30 milhões de vezes no Face. Já a derrotada Hillary Clinton teve oito milhões de notícias falsas compartilhadas.
- No início de fevereiro, desse ano, a Unilever um dos maiores anunciantes do mundo ameaçou deixar de investir no FB. Keith Weid, diretor de marketing da empresa, disse: "Não vamos investir em ambientes que não protegem nossas crianças, que criam divisões na sociedade ou promovam o ódio". Os investidores reagiram de imediato e o Facebook perdeu U$ 10 bilhões de valor de mercado.
- Os prejuízos não ficaram somente nisso. Também, bateram em outra porta: redução dos investimentos dos grandes anunciantes mundiais. No ano passado a Procter & Gamble cortou U$ 100 milhões de investimentos no mundo digital, apenas num trimestre, e pasmem: não teve nenhuma redução em suas vendas.
- Mais um fósforo foi aceso para colocar fogo na marca. E não me refiro ao autor da frase que abre esse artigo. Sean Parker, criador do Napster e primeiro presidente da empresa de Mark Zuckerberg. Ele explicou que para fazer com que as pessoas permanecessem muito tempo na rede era preciso gerar descargas de dopamina, instantes de felicidades e que esses viriam pelas marcações de "gostei". Afirma, com todas as letras que "os inventores disso, ele, Mark e Kevin Systrom (Instagram) sabíamos e apesar disso fizemos". Tem mais: "Só Deus sabe o que isso está fazendo com o cérebro das crianças", disse ele.
- O mais recente fato polêmico é a mudança do algoritmo que no resumo da ópera significa que os usuários da rede passariam a visualizar mais conteúdos postados por amigos do que, por exemplo, de jornais. Tal decisão deixou pê da vida o jornal Folha de São Paulo que foi o primeiro grande jornal do mundo a declarar guerra a rede. Para Sérgio Dávila, diretor do jornal, afirmou "nos preocupa tanto o desprezo pelo jornalismo profissional que a mudança do algoritmo, denota a abertura para que os fake News se proliferem.".
Claro que poderia citar ainda mais fatos e manifestações que arranharam a marca colocando-a em um conflito com várias outras figuras relevantes mundialmente e até instituições.
Diante de tudo que vem desgastando a imagem da marca a pergunta é: a empresa vive momentos de conflitos ou uma crise? Modestamente, afirmo, é uma crise sim. E não parece administrada com a mesma exuberância com a qual serviço foi criado. Um pequeno exemplo ilustra isso. Recentemente o El PAÍS pediu para falar com o porta-voz do FB para responder algumas perguntas. O que ele fez: se ofereceu, em troca, enviar informação por mail. Arrogância e soberba são dois combustíveis, somado aos fatos, que incendeiam qualquer conflito ou crise.

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