Abre hoje, no Memorial do Rio Grande do Sul, a exposição Ethno-Fragmentos do Homo Sapiens, com visitação aberta ao público até 13 de maio. A mostra aborda o processo civilizatório do homem (daí à referência ao "humano'), e sua vivência ao longo dos séculos, partindo do tempo das cavernas às questões contemporâneas.
A curadoria é do artista visual e arquiteto Anaurelino Corrêa de Barros Neto, responsável por selecionar os trabalhos de 22 artistas locais, além de obras de coleções particulares, como de Magliani, e desenho de Glauco Rodrigues, por meio de ilhas dentro da expografia.
As obras revelam episódios marcantes dessa trajetória, como a temática dos negros e indígenas, crenças e mitos, além da religiosidade - a religião afro-brasileira e a busca de um Deus. Os trabalhos são exibidos como fragmentos visuais divididos em origem, evolução, psicologia, etnologia, características e crenças.
Compõem a mostra obras de Alexandre Lopes Fagundes, Aglaé M Oliveira Amo, Arminda Lopes, Cho Dorneles, Fátima Pinto, Fernanda Martins Costa, Geraldo Markes, Graça Craidy, Gustavo Sza, Helena D'Ávila, Helenice Porcella, José Kanan, Kira Luá, Magna Sperb, Marli Leal da Silva, Marcos Porto, Ondina Pozoco, Ricardo Aguiar, Ricardo Giuliani, Rita Gil, Roberta Agostini e Ubiratan Fernandes.
Já o Museu Antropológico do Estado (Mars) celebra 40 anos. Para tanto, leva também ao Memorial do RS a exposição Museu Antropológico do Rio Grande do Sul (1978-2018): 40 anos pesquisando a diversidade étnica.
Estarão no local peças do acervo etnográfico e arqueológico da instituição. A visitação pode ser feita de 4 de abril a 6 de maio, de terça-feira a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos e feriados, das 13h às 17h, com entrada franca.
Além do acervo, a mostra faz um breve histórico das ações desenvolvidas pela instituição, como trabalhos de campo em arqueologia, exposições, seminários, atividades de extensão e publicações diversas. Servidor de carreira, Dilmar Bosco Portela assumiu a diretoria do Mars, do Arquivo público e do Memorial do RS em 2017. Segundo ele, a exposição serve para o "museu reafirmar seu compromisso de respeitar a diversidade cultural, compreendida como postulado norteador da ação antropológica do mundo contemporâneo".
Aberto ao público em 20 de abril de 1978, o Mars foi criado para reunir e disponibilizar material para pesquisa e estudo sobre as diferenças culturais do Estado. Seu acervo é composto, em sua maioria, por documentos e objetos oriundos de pesquisas etnográficas e arqueológicas, realizadas na região. O material é dividido em duas reservas técnicas, uma de etnologia, com cerca de 1.700 peças tombadas; e outra de arqueologia, com mais de 22 mil peças inventariadas, entre fragmentos cerâmicos e líticos, artefatos em pedra lascada, machados polidos, entre outros.
Atualmente, a equipe do museu é composta por sete integrantes que se dividem em auxiliares administrativos, historiadores, cientistas sociais e antropólogos. No centro de documentação da instituição constam, além de obras sobre o tema, fotografias, entrevistas, objetos de uso cotidiano, até aqueles de conotação ritual e sagrada.
O material para pesquisa é dividido entre os temas etnicidade e identidade de grupos migrantes, que compreende sírio-libaneses, açorianos, alemães, judeus; liturgia católica, religiosidades afro-brasileiras, etnologia e etnicidade de grupos indígenas contemporâneos, como os Kaingángs e os Guaranis; arqueologia indígena; identidades étnicas de comunidades e movimentos negros no RS; movimentos estéticos urbanos, como quadrinhos e rock; territorialidade e habitação entre classes populares, que compreende uma etnografia de vilas populares.
Recentemente, o Mars recebeu doações do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (instituição extinta pelo governo gaúcho), como o acervo folclórico Palestrina, que reúne mais de 2 mil trabalhos frutos de pesquisas realizadas junto ao curso junto ao curso de pós-graduação em folclore ministrado entre os anos de 1980 e 1987 em Porto Alegre.