CEO da Levi's dá lições para manter marca líder

Qual é o melhor jeito de começar uma conferência na maior feira de varejo do mundo em Nova Iorque? O presidente da Levi’s, James Curleigh, arrasou ao fazer de forma bastante singela, mas bem inusitada. Curleigh entrou guiando uma bicicleta. Ele despontou no fim da plateia lotada, surpreendendo o público, e pedalou até o palco onde falou de simplicidade, atributo, segundo ele, da marca com 150 anos de existência e que inventou o jeans.

Mas o CEO também falou de como renovar produtos, aproximar-se de novas gerações e até combater concorrentes que tentam copiar a marca, compondo um negócio com o inimigo aparente. Ao ingressar na arena principal da NRF, que começou neste domingo (14) e vai até terça-feira (16), Curleigh disse que havia chegado ao Jacobs Javits, centro de convenções que é quatro vezes maior que o da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), em Porto Alegre, guiado pelo GPS da jaqueta Levi’s que estava usando e tinha dispositivo do Google, na linha dos chamados wearables (itens de vestuário ou acessórios com tecnologia embarcada).

De calça jeans e jaqueta, contrastando com a formalidade de demais palestrantes, o CEO da marca de roupa líder em vendas do segmento, admitiu que a marca teve de vencer muitas barreiras e destacou o peso dos “fãs que adoram a Levi's e nunca nos abandonam”. “Muitos vão para outras marcas, mas começam a voltar para a gente.” Curleigh listou entre as mudanças a ampliação do portfólio. Além da calça, segmento que a Levi’s detém 5% do mercado e é líder, tem camisetas, jaquetas e cintos. “A cueca que estou usando é Levi’s”, aproveitou o descontraído conferencista.

Um dos focos atuais da marca é gerar mais sinergia com consumidores, que implica em ativar ações que envolvem eventos e outras atividades que não são só ter produtos em ponto de venda – são mais de 3 mil lojas próprias no mundo -, estabelecimentos multimarcas e e-commerce. Além disso, ele indicou que a melhoria do produto é constante, principalmente porque hoje este mercado atua por gênero, sexo e região. “Nós fazemos calça jeans e produtos que as pessoas usam com calça jeans. Este é o nosso negócio”, resume Curleigh.

“Em um mundo de decisões difíceis escolher calça jeans não é algo complicado, não é?” Mas não é tão simples, pois o que está atrás do negócio é um desafio, falou o conferencista, o que envolve ter eficiência atuando em todos os canais – digital, físico – loja, porta a porta, com parcerias. É o que se fala hoje de ser eficiente no chamado omnichannel (multicanais). “Nossa marca tem de ser simples na frente e sofisticada atrás.”