Por um ambiente de avan�o das pequenas
Oriundo do ramo empresarial, Bruno Quick hoje atua do outro lado da prática empreendedora. Ele é gerente da unidade de políticas públicas e desenvolvimento territorial do Sebrae. Atuou por quatro anos no Sebrae Minas Gerais e há 15 está no Sebrae Nacional. Segundo ele, seu setor está no ponto de ampliar suas ações para além das micro e pequenas empresas, justamente para dar a elas oportunidades de crescer com condições mais favoráveis tributariamente. Nesta conversa, ele dá mais detalhes e afirma que o Brasil ainda é um ambiente hostil para empreendedores. Confira:
GeraçãoE - Qual a estratégia do Sebrae para trabalhar junto a políticas públicas?
Bruno Quick - Hoje, uma empresa local compete com empresas do planeta inteiro. Em alguns casos, colabora com empresas de outros países, inclusive. Então, essa questão da colaboração e compartilhamento se faz necessária, tanto pela exposição das empresas a outro padrão de competitividade quanto pelos novos desejos da sociedade, que está cada dia mais exigente. Aí, quando as empresas se deparam com um ambiente de negócios hostil, como é o brasileiro, os gestores percebem que têm ainda algo mais a fazer, que é ter uma relação muito direta com governos e com órgãos de apoio. O nosso desafio é ser capaz de traduzir aquilo que necessita ser feito, com a precisão de quem está envolvido no setor, no estado, para tornar a região mais competitiva. Quem empreende viabiliza seu negócio quase que por si próprio. Muitos dos fatores ligados a ambiente de negócios são atribuições do estado.
GE - O que você considera que seja o maior empecilho ao empreendedorismo por parte do Estado?
Bruno - Primeiro, acho que existe um problema dentro do empreendedorismo que é a incapacidade de continuar trabalhando junto. Esse é o nosso desafio e investimento. Do ponto de vista do Estado, eu até diminuiria isso como problema, porque quando nós enxergamos bons projetos serem defendidos de forma suprapartidária e com a sociedade civil sendo protagonista, vemos que os governos acolhem, porque eles precisam de soluções. O problema se torna a gestão pública, que precisa de modernização, ainda é lenta e, muitas vezes, carece de uma visão mais estratégica.
GE - E no que seu trabalho está diretamente concentrado hoje?
Bruno - Exatamente na questão do ambiente de negócios. A gente cuida desde a construção dos marcos regulatórios, por exemplo, do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, o Simples Nacional, o MEI. É uma agenda que tem como objetivo melhorar este ambiente. O desafio agora é fazer com que estas coisas aconteçam no dia a dia das empresas e dos municípios.
GE - E como você caracteriza o ambiente de negócios do Brasil?
Bruno - Nós buscamos criar um oásis para as pequenas dentro do Simples e do Estatuto da Micro e Pequena Empresa, que está previsto na Constituição Federal. Mas diria que estamos no limite de buscar beneficiar só os pequenos. Porque do lado de fora do Simples está o ICMS, que é o imposto que mais arrecada no Brasil e que mais atrapalha a vida das empresas. Então, o Brasil necessita agora de uma solução sistêmica mais ampla. Por isso, estamos também envolvidos na reforma tributária, assessorando, junto com a Fundação Getulio Vargas, a relatoria da reforma na Comissão Especial. Estamos buscando dar uma contribuição para além daquilo que afeta só as micro e pequenas, também para que elas não fiquem com medo de crescer. O sucesso do Sebrae na vida de uma empresa é justamente quando ela deixa de ser pequena. É o nosso grande objetivo. Temos que tratar o que está além do Simples, para que as empresas não se intimidem e não ativem estratégias para frear o crescimento. Os negócios têm de crescer para aquecerem a economia do País.
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