"De amores sempre findam, das dores que não terminam", a personagem Leontina das Dores, assim descrita por seu criador, Luiz Coronel, volta a ter destaque décadas depois da composição das canções sobre o seu universo. O autor lança hoje, na 63ª Feira do Livro de Porto Alegre, o CD book Memoráveis parcerias - cantos de Leontina das Dores (Mecenas, 167 págs., R$ 50,00). A edição de luxo inclui música, versos e artes visuais e tem sessão de autógrafos às 18h30min.
A parte literária reúne as letras dos 10 cantos de Leontina, desenvolvidos ainda na década de 1970, ao lado dos músicos parceiros Marco Aurélio Vasconcellos, Isabela Fogaça, Marlene Pastro, Airton Pimentel, Raul Ellwanger e Sergio Rojas. Já o disco conta com a voz de Fafá de Belém na interpretação dos trabalhos - que estiveram no programa dos anos dourados do festival Califórnia da Canção Nativa. O registro fonográfico ainda inclui participação de Orquestra Unisinos Anchieta, do maestro Evandro Matté, conta com arranjos de Alexandre Ostrovski e colaboração especial de Renato Borghetti.
Coronel, conforme ele próprio, resolveu colocar a figura novamente em evidência devido à sua personalidade. "Acredito que existe consistência duradoura em seu perfil de alma gaúcha, na definição das linhas do caráter", revela ele, lembrando que Barbosa Lessa, historiador, escritor e músico dedicado à cultura gaúcha, fez uma comparação de peso: "Ele disse que o Gaudêncio tem muito a ver com Capitão Rodrigo e que Leontina tem muito a ver com Bibiana".
O Gaudêncio em questão é Gaudêncio Sete Luas, outro personagem de cantos do escritor. As letras que destacam este homem também ganham um capítulo no livro - com referência aos artistas que musicaram os versos. O volume também contempla cantos separados em Memoráveis parcerias, Ópera regional e Os senhores da guerra. "Eu queria reunir o trabalho de tonalidade regional. São óperas ou balés construídos sem que eu me desse conta que estava fazendo isso", afirma ele. Os versos das composições apresentadas no livro já foram interpretados por nomes que vão de Adriana Calcanhotto e Almôndegas até Hermes Aquino e Zé Caradípia.
Já o projeto gráfico conta com reproduções de pinturas e aquarelas de Danúbio Gonçalves, Cléber Sória, Nelson Jungbluth, Nelson Boeira Fraedrich, Antonio Soriano - todas relacionadas aos temas vistos na edição.
Apesar do complemento temático no volume literário, é mesmo a personagem feminina o centro das atenções do disco que acompanha o livro. De acordo com Coronel, a escolha por Fafá para entoar os cantos está relacionada à trajetória da artista. "Ela foi a primeira intérprete atenta à música regional, gravando músicas do Fogaça, Vitor Ramil, Kleiton e Kledir", coloca, completando: "Quando Fafá tinha 21 anos já estava gravando Corda de espinhos, música minha oriunda da Califórnia".
Segundo o escritor, o evento na Feira do Livro é um pré-lançamento. Só depois é que se pensará em como e onde a comercialização em outros pontos vai ocorrer. O lançamento mesmo, com espetáculo cênico e musical, está previsto para acontecer no ano que vem. Ainda sem data divulgada, a apresentação reunirá Fafá, Orquestra Unisinos Anchieta e Ballet Vera Bublitz. A intenção é que a atividade integre uma programação comemorativa aos 80 anos do escritor - que deve incluir a publicação do quinto volume da coleção A comédia gaúcha: "Também pretendo fazer uma grande produção dos Cantos de Gaudêncio de Sete Luas. Mas vou deixar amadurecer o Leontina para depois pensar nisso".