A balança comercial registrou mais um recorde, ao alcançar superávit de US$ 53,283 bilhões de janeiro a setembro. O resultado, puxado pela continuidade do crescimento das exportações mesmo com um real mais valorizado em relação ao começo do ano, levou o governo a recalcular as projeções e estimar um superávit ainda maior que a expectativa. Algo em torno de US$ 60 bilhões. É uma boa notícia em meio aos problemas políticos e socioeconômicos que se avolumam no Brasil.
Uma soma de fatores adversos prejudica o setor comercial e industrial. Porém, não tem sido um entrave às exportações. Há anos que se fala que o País precisa agregar valor no que vende ao exterior, e não ficar apenas nas commodities. No entanto, são elas que têm sustentado a balança comercial e impedido que o déficit nas contas externas atinja valores inimagináveis.
Temos programa visando, justamente, facilitar o embarque de mercadorias e a ampliação dos mercados compradores. Assim, o Plano Nacional de Exportações representa esforço federal para reverter o desânimo com os rumos da economia e emplacar uma agenda positiva no governo.
Exportar é o que importa, tanto é verdade que até mesmo Donald Trump, presidente da maior economia do mundo, os Estados Unidos da América, está forçando seus parceiros comerciais a abrirem os mercados, com a revisão de acordos internacionais firmados pelo seu antecessor, Barack Obama.
E a União Europeia está às voltas para equacionar, sem maiores traumas, a saída do Reino Unido do grupo. Porém, mesmo com superávit animador até agora, as exportações brasileiras não correspondem ao tamanho da nossa economia. O Brasil é a sétima economia do mundo, mas apenas o 25º país em termos de exportação de bens.
Temos uma participação de apenas 1,2% no volume total de exportações globais, e de só 0,7% se considerarmos os bens manufaturados. É pouco, muito pouco.
É sabido que o comércio exterior é um tribunal da competitividade. Quem exporta é mais competitivo, porque tem mais economia de escala; e melhora os padrões tecnológicos, em função da pressão competitiva que existe nos mercados globais.
O comércio exterior é fonte de dinamismo. O Plano Nacional de Exportações confere previsibilidade, abordagem sistêmica do comércio exterior e desenvolvimento regional. O governo quer incentivar uma maior participação das micro, pequenas e médias empresas no comércio exterior.
O plano tem compromisso com a transparência e a parceria com setor privado, uma obviedade que deve ser repetida e, mais ainda, concretizada. A conjuntura do comércio exterior brasileiro foi influenciada nos últimos anos por uma combinação de câmbio valorizado e preços recordes de commodities. Isso fez com que as exportações de commodities ganhassem ainda maior peso. Por outro lado, as exportações de manufaturados perderam dinamismo. A conjuntura atual se inverteu. Enquanto os preços de commodities se situam em patamares inferiores ao registrado em anos anteriores, há claro movimento de valorização cambial.
A variação do índice de preços de commodities agrícolas em um ano é algo que prejudica, ou favorece, muito eventualmente, as nossas vendas externas. O mercado internacional nos oferece mais oportunidades do que risco. Temos espaço para ocupar. Há um PIB equivalente a 32 Brasis além das nossas fronteiras. O comércio internacional está distribuído em todas as regiões do globo, e há oportunidades para produtos e serviços brasileiros.