{{channel}}
Porto Alegre ainda lida com danos do temporal
Capital amanheceu com árvores bloqueando o trânsito e estruturas danificadas; duas mortes foram registradas no Interior
O amanhecer de ontem permitiu aos porto-alegrenses ter uma noção mais clara dos danos causados pelo temporal de domingo. Até o final da tarde, 30 ruas e avenidas da Capital seguiam bloqueadas pela queda de árvores na pista, enquanto outras 16 tinham problemas com postes ou cabos energizados. Até o começo da noite, cerca de 13 mil consumidores seguiam sem energia elétrica na Capital, segundo a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
Desde o amanhecer, a prefeitura deslocou equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade e da Secretaria de Serviços Urbanos para lidar com os transtornos causados pelo fenômeno da noite de domingo. Segundo a EPTC, não havia registro de acúmulo de água em vias, com os maiores problemas sendo registrados por objetos ou vegetação na pista. Árvores caíram em praças, como a Brigadeiro Sampaio, no Centro Histórico, além de parques, como a Redenção.
Na rua Felipe de Oliveira com a Barão do Amazonas, houve bloqueio total durante boa parte do dia, devido à queda de uma árvore de grande porte. Situações semelhantes ocorreram na Cristiano Fischer com Ipiranga, Plínio Brasil Milano, João Alfredo e General Portinho, entre outras. Em vias como a própria Felipe de Oliveira e a Orfanotrófio, a queda de árvores causou danos em residências, enquanto 30 famílias tiveram suas casas destelhadas na Zona Sul. Paradas de ônibus na Aparício Borges ficaram retorcidas pela força dos ventos, e bloqueios levaram a desvios temporários no itinerário de 11 linhas que servem a Capital.
De acordo com a Defesa Civil, não há desabrigados. As poucas famílias que saíram de suas residências, por motivo de segurança, estão alojadas em casas de amigos ou parentes. Na região das ilhas, cerca de 50 pessoas foram atendidas. Em termos de estrutura, os piores danos foram registrados no ginásio da Brigada Militar (BM), que teve metade do telhado arrancado com a força da ventania; e na estrutura do Circo da Rússia, instalada no bairro Praia de Belas, que foi derrubada pelo vento, deixando cinco pessoas feridas.
Além da Capital, houve danos em outros 20 municípios gaúchos. Em Sapiranga, uma mulher morreu decapitada pela fiação de um poste, que foi derrubado pelo vento. Além disso, foi registrada uma morte em Santo Augusto, quando uma árvore caiu sobre um carro na ERS-155, na divisa com Ijuí. O motorista, atingido pela queda, morreu no local.
Durante a manhã de ontem, o tenente-coronel Jarbas Trois de Avila, subchefe da Defesa Civil estadual, sobrevoou a Região Metropolitana para avaliar as consequências deixadas pelo temporal. Em Montenegro e em Ijuí, o registro de destelhamento foi grande, deixando cerca de 300 casas atingidas em cada uma das cidades. Em Santa Cruz do Sul, na região Central do Estado, houve danos na estrutura do parque da Oktoberfest, mas sem registro de feridos.
Chuva deve dar trégua aos gaúchos nos próximos dias, e calor retorna amanhã
O temporal que atingiu várias regiões do Estado ocorreu devido a uma frente fria associada ao forte centro de baixa pressão atmosférica. A intensidade do vento foi similar à da supertempestade de janeiro de 2016, com rajadas que ultrapassaram 100 quilômetros por hora, mas o temporal de domingo durou cerca de meia hora, enquanto o de janeiro foi mais longo.
Depois dos transtornos, os gaúchos podem esperar uma trégua nos próximos dias. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ainda pode chover na região Nordeste no decorrer do dia de hoje. O restante do Estado deve ter céu fechado, mas firme, com possibilidade de névoa úmida e nevoeiro. As temperaturas devem oscilar entre 5 e 26 graus no território gaúcho, ficando entre 11 e 23 graus na Capital.
Segundo o sistema Metroclima, os porto-alegrenses devem encarar bastante calor entre quarta e quinta-feira, com máximas podendo chegar aos 35 graus. A partir de quinta-feira, porém, a chuva deve retornar ao Estado, e não se pode descartar trovoadas a partir da sexta-feira, inclusive na Capital.
Colaboraram Patrícia Comunello e Stéphany Franco
'Felizmente, o ginásio da Brigada estava fechado', afirma coordenadora
Em Porto Alegre, o ginásio da Brigada Militar foi uma das estruturas mais danificadas pelo temporal de domingo. Metade do telhado do edifício foi abaixo, e muitos vidros foram quebrados. A maior parte da estrutura ruiu sobre a quadra poliesportiva, que havia sido revitalizada há cerca de dois meses, mas parte da cobertura caiu sobre o pátio e nas vias do entorno. As salas de ginástica, lutas e musculação sofreram infiltrações, além de danos na rede elétrica e em parte dos vestiários.
Na manhã de ontem, engenheiros ligados ao centro de obras da BM avaliavam a extensão do estrago. De acordo com a comandante do ginásio, a capitã Juliana Cardozo Paveglio, a reforma deverá ser conduzida com dispensa de licitação, como modo de evitar que a falta de cobertura gere danos maiores. Não há, no momento, uma estimativa de custos.
Segundo a capitã, apenas um militar fazia a vigilância do prédio quando a estrutura desabou. "Felizmente era domingo, um dia em que não temos atividades", acentua. "A comunidade do entorno usa bastante o espaço também, e veio nos prestar solidariedade. Estamos todos muito tristes e aborrecidos com o que ocorreu."
Na avenida Padre Cacique, o Circo da Rússia veio abaixo com a força do vendaval. Um dos acrobatas e também membro da administração do circo, Leandro Maffezzolli diz que tudo foi muito rápido. "Pegou todo mundo desprevenido. Numa fração de segundo, tudo veio abaixo. Nossa maior preocupação era tirar todos em segurança de baixo da lona. Algumas colunas caíram em áreas onde tinha público, e felizmente não atingiu ninguém. Foi Deus quem protegeu a nós e ao nosso público", diz ele.
Estavam programadas quatro sessões do espetáculo para o domingo. Cerca de 70 pessoas assistiam à terceira sessão do dia, iniciada às 18h, e se divertiam com a atuação do equilibrista no arame fixo quando o temporal levou a estrutura abaixo. Os maiores danos, segundo Maffezzolli, foram na lona, que precisará ser remendada, além de parte da iluminação ter ficado inutilizada.
O Circo da Rússia estava há cerca de duas semanas na Capital, e a temporada iria até pelo menos o Dia das Crianças, incluindo um espetáculo beneficente para arrecadar brinquedos para jovens carentes. Mesmo com o susto, outra estrutura virá de São Paulo para a retomada da temporada.