Recuperar áreas degradadas por mineração em regiões como Candiota, na região da Campanha gaúcha, não é uma tarefa fácil. A mineração danifica o solo e praticamente o inutiliza para a vida vegetal. O desafio foi aceito pela coordenadora do projeto de Recuperação de Áreas Degradadas da UFPel, Flávia Fontana Fernandes.
Depois de trabalhar por seis anos, no Paraná, com pesquisa em agropecuária e manejo de fertilidade, Flávia acabou direcionando ações no sentido de desenvolver estratégias para recuperar espaços inviabilizados pela agricultura, em razão do manejo inadequado do solo e pela mineração. "No caso específico de Candiota, que concentra boa parte das minas de carvão no Estado, foi necessário um grande planejamento, que incluiu a capacitação de material humano", lembra a professora.
Como a mineração do carvão em Candiota é a céu aberto, o trabalho consiste em retirar da superfície o solo degradado e reconstituir a tipografia da área para que a paisagem volte ao mais próximo do que era orginalmente. Refazer a configuração de uma extensão de terra com a posição de todos os seus acidentes naturais é um desafio para Flávia e sua equipe. "Nós refazemos a topografia removendo solos e colocando novas camadas em cima da área degradada", explica ela.
Nesse contexto, conta-se com uma série de cuidados ambientais. O manejo tem que ser feito com cuidado. Na área de mineração é comum a presença de pirita, um mineral que, em contato com a água e o ar, pode formar ácido sulfúrico, fazendo com que haja uma acidificação muito grande do solo, podendo refletir na qualidade da água em torno do local. De acordo com a pesquisadora, em função disso, há um cuidado muito grande para se evitar problemas com esse mineral.
Os trabalhos, portanto, são voltados à recuperação da fertilidade do solo, cujos danos podem ser causados até mesmo pela compactação de espaços gerada pelo trânsito de máquinas ou pela formação de trilhas. A recuperação da parte superficial do solo, a mais rica em matéria orgânica - o chamado banco de sementes - é o que garante que, depois do manejo adequado, a vegetação nativa surja novamente.