A celulose é um dos itens que mais ganhou espaço na pauta exportadora gaúcha nos anos recentes, justamente pela quadruplicação da produção da Celulose Riograndense. Por isso, especialistas da Fundação de Economia e Estatística (FEE) reforçam o impacto da parada da planta 2 da fábrica de Guaíba na atividade e divisas no exterior.
No final da última semana, a Celulose Riograndense informou que sua unidade de Guaíba estava interrompendo a produção devido a danos sofridos em uma das caldeiras ainda em fevereiro deste ano. A medida atinge a planta 2 - a mais nova. A retomada da atividade produtiva é prevista para 11 de novembro, conforme comunicado. Neste período, deixarão de ser produzidas 400 mil toneladas.
O cálculo é de que a redução na produção em Guaíba vai provocar uma queda, em 2017, de, pelo menos, 30% no volume exportado. O parâmetro é o ritmo do ano em embarques do produto. A diminuição também implica em US$ 200 milhões a menos em fluxo de receitas da companhia, segundo nota da CMPC, empresa chilena controladora da Celulose Riograndense.
Em 2014, o Estado embarcou para fora do País 284 mil toneladas, passando a 1,452 milhão de toneladas de celulose que saíram da planta em Guaíba direto ao mercado mundial. Na hora de computar a cifra desse volume, foram US$ 129,5 milhões, em 2014, e US$ 592,3 milhões no ano passado. Essa evolução de 357% na divisa em dólares reflete a nova fatia da celulose no fluxo externo - de uma participação de 0,69% na receita total em 2014, o produto passou a contribuir com 3,57% da receita com o comércio exterior em 2016, destaca o economista Tomás Torezani, da FEE. O efeito do problema técnico já foi verificado no primeiro semestre deste ano, pois o setor respondeu por 3,07% da receita externa, com US$ 254,5 milhões e 654 mil toneladas. No mesmo período de 2016, a celulose representou 4,17% da divisa, somando US$ 321,2 milhões e 738,6 mil toneladas.
O economista Roberto Rocha, também da FEE, atenta ainda para o efeito no Produto Interno Bruto (PIB) regional. "A queda na produção influenciará negativamente também o crescimento do PIB", antevê Rocha, coordenador do Núcleo de Contas Regionais da fundação. "A participação da celulose no valor adicionado da indústria de transformação cresceu bastante entre 2014 e 2016, quase triplicando", aponta o economista que coordena o PIB. "Com o aumento de sua produção em 33,8% no ano passado, a contribuição subiu 0,2 ponto percentual na taxa do valor agregado do Estado."