A Petrobras informou que "adotará as medidas administrativas e judiciais cabíveis" em resposta à decisão da fornecedora UTC Engenharia de interromper os serviços de manutenção de 12 plataformas da estatal instaladas na Bacia de Campos. A UTC afirma que suspendeu a atividade porque a Petrobras se nega a atender a pedidos de aditamento de contrato, o que pressupõe revisão de valores. Já a petroleira alega que o desentendimento com a UTC surgiu da retenção de pagamentos por falhas em outro contrato, relativo a obras na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), localizada no Rio Grande do Sul.
Foram interrompidas as atividades nas plataformas P-18, P-19, P-20, P-26, P-33, P-35, P-37, P-50, P-52, P-54, P-55 e P-62. Em comunicado, a UTC informou que se o impasse persistir terá que "implantar um plano de desmobilização de seu contingente no local". Como justificativa, diz que defende os direitos trabalhistas dos seus funcionários.
Já a Petrobras acusa a UTC de falhas de execução de serviços contratados para a Refap, em 2011. Segundo fontes, o contrato dá o direito à petroleira de reter pagamentos que deveriam ser feitos à fornecedora, ainda que relativos a outros serviços, se houver falha na execução do serviço. Sem chegar a um entendimento com a UTC, a companhia reteve, então, pagamentos de junho e julho pela manutenção das 12 plataformas. "Este procedimento está de acordo com o previsto nos contratos celebrados entre as partes", informou a Petrobras em comunicado.
"A decisão da empresa UTC Engenharia de interromper a prestação de serviços de construção e montagem em plataformas na Bacia de Campos ocorreu de forma unilateral e após intensa tentativa de negociação por parte da Petrobras, na busca de uma solução que priorizasse os trabalhadores envolvidos", complementou a estatal, que informou também ter antecipado parcelas que deveriam ter saído no fim de julho, para garantir o pagamento de salários dos funcionários da UTC. De acordo com a petroleira, as operações nas plataformas estão garantidas com "medidas de contingência".
A notícia de paralisação das atividades nas plataformas foi divulgada no mesmo dia em que a UTC fechou acordo de leniência para devolver recursos desviados da Petrobras em esquemas de corrupção. A empresa faz parte da lista negra de fornecedores da estatal e só poderá voltar a participar de licitações após atender a uma série de exigências da petroleira, inclusive a assinatura de um acordo de leniência.