O presidente da Assembleia Nacional do Equador, José Serrano, pediu que a construtora brasileira Odebrecht seja expulsa do país, após promotores realizarem na semana passada várias operações ligadas a uma investigação de corrupção na empresa. "Nós exigimos a expulsão definitiva e imediata do país desta companhia corrupta", afirmou Serrano, membro do partido Alianza País, do presidente Lenín Moreno.
Na sexta-feira, promotores detiveram o tio do vice-presidente Jorge Glas e realizaram uma operação na casa do controlador-geral, Carlos Pólit, durante a investigação do pagamento de subornos pela Odebrecht para ganhar contratos públicos. A Assembleia Nacional convocou nesta segunda-feira Pólit para submetê-lo a um julgamento político. Também foi solicitado ao procurador-geral, Carlos Baca, que periodicamente informe os legisladores sobre os avanços da investigação.
Na sexta-feira, a promotoria prendeu cinco pessoas e realizou operações em 18 propriedades. Pólit está em Miami desde 26 de maio por questões médicas e enviou um documento para que seus advogados o representem. Segundo a promotoria, ele é acusado de pedir contribuições em dinheiro com abuso de autoridade. Não foram divulgados, porém, detalhes sobre o caso.
Serrano informou também que será criada uma comissão multipartidária na Assembleia Nacional para viajar ao Brasil e aos Estados Unidos para buscar informações diretamente sobre o caso Odebrecht. Executivos da companhia brasileira admitiram ter distribuído US$ 33,5 milhões no Equador em subornos de funcionários em troca de contratos públicos. Pelo caso permanecem na prisão o ex-ministro da Eletricidade Alecksey Mosquera e um empresário acusado de ser laranja para uma transferência de US$ 1 milhão.
O Equador tenta fechar um acordo judicial com a Odebrecht, mas ainda não puderam concretizá-lo porque a empresa pediu que seja excluída de responsabilidades judiciais e econômicas e que se garantam a ela novos contratos para pagar eventuais indenizações.
A promotoria também revisa cerca de 30 contratos da Odebrecht com o Estado equatoriano fechados entre 1980 e 2015, com a intenção de verificar as condições em que foram realizados. O governo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) manteve projetos de cerca de US$ 1,6 bilhão com a companhia brasileira.