Hitler e Stálin não esperavam, é claro, mas deram um presente à humanidade: o medo do fanatismo e da violência. Por mais de 50 anos, o mundo viveu com tal medo. Agora, a data de validade desse "presente" chegou. Quem diz é Amós Oz, uma das principais vozes da literatura israelense. Ele palestra no Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs, hoje à noite. Os passaportes já estão esgotados.
O autor, que neste ano chegou à final do Man Booker International Prize, um dos principais prêmios literários do mundo, também lança no País Mais de uma luz, volume com três ensaios. Em um deles, Oz revê Como curar um fanático, um de seus textos clássicos.
"Há muitas diferenças (desde a publicação do texto original). Vivemos uma crise muito profunda do sistema democrático. As características que alguém precisa ter para ser eleito são quase o oposto daquelas necessárias para se liderar uma nação", diz o autor israelense. Ele também afirma não escrever ficção para enviar mensagens ideológicas: "Seria um desperdício. Quando quero fazer isso, por exemplo, escrevo um artigo dizendo para o governo (israelense) ir para o diabo que o carregue. Mas eles leem e, por algum motivo que não entendo, não vão".