O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, Edison Lobão (PMDB-MA), escolheu o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), como relator da reforma trabalhista no colegiado. A proposta, que chegou esta semana na Casa, também vai tramitar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Na CAE, o relator será Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Já na CAS, a presidente da comissão, Marta Suplicy (PMDB-SP), ainda não escolheu o relator.
Segundo Lobão, ele não pretende ficar no caminho da aprovação do projeto. Ele também admitiu que a escolha de Jucá deve resultar em um parecer alinhado com o governo. "O projeto foi aprovado na Câmara, veio pelo Senado, vai ser analisado por três comissões, ele é tido como necessário ao País para ajudar a consertar a economia. Eu não desejo atrapalhar. Se você acha que o Jucá dará um parecer mais ou menos alinhado com o governo, suponho que é isso que se quer", declarou.
O Palácio do Planalto tentou evitar que a proposta passasse pela CCJ, por temer que Lobão pudesse escolher um aliado do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), para o posto. Renan é contrário ao texto defendido pelo governo. "Se eu tivesse que indicar uma pessoa alinhada a Renan, indiciaria a mim mesmo", brincou Lobão. Ele disse que o presidente tem prerrogativa livre para escolher qualquer um dos senadores, e que Jucá está "aparelhado" para fazer um bom trabalho.
Apesar das divergências com o governo, Lobão considera que Renan deve permanecer na liderança. Ele avaliou que é normal haver divergências na bancada do PMDB. "Ele tem o direito de ter as posições que quiser. Sobretudo no nosso partido, que tradicionalmente cultua a liberdade de cada um dos seus membros. A posição dele não nos obriga a segui-lo", ponderou.
Ontem, Renan operou com a oposição para que a proposta também tenha que passar pela CCJ, além da CAE e da CAS que já estavam acordadas. Isto vai gerar um atraso de até 30 dias na tramitação da reforma, considerando o tempo previsto inicialmente pela cúpula do governo, que defendia a votação no plenário no início de junho. Por conta disso, cerca de oito dos 22 senadores do PMDB tentaram fazer um movimento para destituir Renan do cargo, mas não conseguiram apoio suficiente.