Os deputados estaduais aprovaram, na sessão de ontem da Assembleia Legislativa, dois projetos que prorrogam por um ano contratos emergenciais no Daer (Departamento Autônomo de Estradas e Rodagens) e da Cesa (Companhia Estadual de Silos e Armazéns). A prorrogação das contratações de 50 funcionários do Daer gerou polêmica, porque o texto prevê que, quando vencer os 12 meses, o governo vai preencher as vagas sem a realização de concurso público.
O primeiro parlamentar a reclamar na tribuna da ausência de previsão de concurso público foi Enio Bacci (PDT). "O governo propõe a renovação dos contratos temporários por mais um ano. O problema é que, ao final desse prazo, propõe o preenchimento dessas vagas por uma 'seleção simplificada'. O que é isso? Para mim, parece um nome bonito para chamar os companheiros políticos", criticou Bacci.
Ele também acusou o governo de não cumprir o previsto na Lei nº 14.831, de 4 janeiro de 2016, que já havia prorrogado por 12 meses os 50 contratos emergenciais. O artigo 3 do texto diz que, depois de vencida a prorrogação (que foi renovada pelo projeto de hoje), os 50 cargos seriam preenchidos por servidores "decorrentes de aprovação em concurso público específico". "Apesar desses equívocos, voto a favor do mérito, porque, sem esses servidores, o Daer quebra", concluiu Bacci.
Pedro Ruas (PSOL) afirmou no púlpito que "seleção simplificada não existe, o que existe é prorrogação de contratos emergenciais e contratação por concurso público". "Esse projeto é um acinte à Constituição Federal e por todos aqueles que lutaram pela instituição do concurso público como método de contratar servidores públicos", declarou Ruas.
A deputada Stela Farias (PT) chegou a incluir uma emenda no projeto do Executivo prevendo a realização de concurso público para contratar servidores depois de vencida a prorrogação dos contratos emergenciais. Entretanto, graças a uma manobra do líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB), a emenda foi prejudicada e sequer foi a votação.
Souza fez um requerimento pedindo prioridade à votação do texto original. A base aliada aprovou a solicitação. E, por fim, o projeto do Executivo foi aprovado por 49 votos a zero. Apesar de votar a favor do texto, depois do voto, Stela usou a tribuna para registrar que, "pela primeira vez, a Casa votou em peso contra os concursos públicos".
A avaliação da oposição foi de que, caso os contratos não fossem renovados, o Daer ficaria sucateado, sob risco de privatização. A prorrogação dos contratos da Cesa foi aprovada por 48 votos a 1.
Brum reclama que PDT não entregou cargos ao sair da base
O deputado estadual Edson Brum (PMDB) criticou os pedetistas - que decidiram sair da base aliada na semana passada - por não terem entregue os cargos em comissão (CCs) que ocupam no governo. Além dos CCs, a Secretaria Estadual da Educação continua sob o comando de um filiado ao PDT, Luís Antônio Alcoba. "Não se comprometem com o governo, mas não entregam os cargos. Aí é fácil", reclamou o peemedebista. Enio Bacci (PDT) rebateu as críticas de Brum: "Não temos que entregar os cargos. Quem tem que demitir é o governo. O Palácio Piratini que tem o ônus das demissões".
Votação do reajuste do salário-mínimo regional é adiada
Os parlamentares retiraram o quórum da sessão de ontem da Assembleia Legislativa para postergar a votação do projeto que reajusta o salário-mínimo regional em 6,48% em 2017. Parte da oposição e dos independentes (bancada do PDT e PTB) retirou o quórum, porque percebeu que seria difícil aprovar a emenda que propunha mais 1,52% de correção a partir de maio, somando ao todo 8%. A emenda que amplia o percentual de correção é assinada por Elton Weber (PSB), Álvaro Boessio (PMDB) - ambos deputados governistas - e por Stela Farias (PT).
Os governistas, segundo o líder do governo no Parlamento, Gabriel Souza (PMDB), também se retiraram para "tentar sincronizar as agendas regionais com as do Congresso Nacional", onde o projeto de recuperação fiscal dos estados foi aprovado no fim da noite de ontem. Apesar de adiar a apreciação, Souza garantiu que o governo tem votos suficientes para aprovar o reajuste original apresentado pelo Palácio Piratini.