O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou ontem à noite uma ofensiva militar contra a Síria. O exército norte-americano disparou cerca de 60 mísseis Tomahawk de navios de guerra no Mar Mediterrâneo contra a base aérea Shayrat do governo sírio, segundo a CNN. A ação ocorre dois dias após um ataque com armas químicas que deixou 72 mortos civis na Síria, inclusive crianças.
Segundo o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, o governo de Donald Trump já começou também a coordenar esforços para a retirada do ditador sírio, Bashar Al-Assad, do poder.
Nesta quinta-feira, o governo da Turquia confirmou que o sarin, uma arma química, foi usada no ataque em Khan Sheikhun, cidade síria controlada por opositores de Assad. Segundo os jornais The New York Times e Washington Post, o Pentágono já estudava "opções" para um ataque militar ao país, em conversas que envolviam o secretário de Defesa, Jim Mattis, e o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Joseph Dunford.
O secretário de Estado disse aos jornalistas "não haver dúvida" de que o regime sírio é responsável pelo ataque químico, e que é preciso uma "resposta séria" ao massacre. "Com as ações tomadas por ele (Assad), parece não haver espaço para que ele governe o povo sírio", disse.
A recente escalada no tom do governo Trump contra o ditador é uma mudança significativa em relação à posição que o republicano vinha mantendo desde a campanha eleitoral, e vem após uma dura reação de outros países ao ataque.
Até o início desta semana, o discurso oficial de Trump e sua equipe era de que a saída de Assad não era uma prioridade para os EUA, mas sim derrotar o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Tillerson afirmou nesta quinta-feira que o processo para a retirada do ditador "requer um esforço da comunidade internacional". Ao ser questionado se os EUA estariam à frente dessa coordenação, ele respondeu: "esses passos estão sendo dados".
O próprio Trump sugeriu uma possível resposta ao ataque ao conversar com jornalistas no avião rumo à Flórida. "O que aconteceu na Síria é uma desgraça para a humanidade. E ele (Assad) está lá, e eu suponho que ele esteja à frente das coisas, então eu acho que algo deve acontecer", afirmou.
Trump não anunciou o ataque com antecedência, embora ele e outras autoridades de segurança nacional tenham aumentando os alertas contra o governo sírio ao longo desta quinta-feira.
O ataque aconteceu enquanto o republicano recebia o presidente chinês, Xi Jinping, em uma reunião em que deveriam discutir os lançamentos de mísseis pela Coreia do Norte. As ações de Trump na Síria podem sinalizar à China que o novo presidente não tem medo de tomar medidas militares unilaterais.
Apesar de o governo turco confirmar o uso de armas químicas, o presidente russo, Vladimir Putin, tem criticado os países por culparem o regime sírio. Segundo o Kremlin, ele disse ao premiê israelense ser "inaceitável" acusar Assad antes de uma "investigação internacional objetiva".
O governo russo diz que o envenenamento e as mortes foram causados após um ataque atingir uma instalação onde rebeldes contrários ao regime estariam estocando armas químicas.
Nesta quinta-feira, o governo Assad voltou a negar que tenha usado armamento químico contra a população.