Neste domingo, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores em Porto Alegre terá um novo presidente. Quatro candidatos disputam o cargo, atualmente ocupado por Rodrigo Oliveira: Rodrigo Dilelio, Laura Sito, Ramiro Castro e Mauri Cruz. Embora haja divergências internas, os quatro têm em comum pontos específicos em suas propostas e discursos: o PT deve retomar a dedicação aos trabalhos de base e buscar uma unificação de setores da esquerda para fazer oposição ao prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB).
A eleição do PT vem após a derrota do partido nas eleições municipais, com o ex-prefeito Raul Pont chegando em terceiro lugar. Além disso, será a primeira desde o impeachment de Dilma Rousseff e com o partido na oposição nas esferas federal, estadual e municipal.
Originalmente, houve um movimento para garantir uma candidatura de consenso em torno de Rodrigo Dilelio, o que acabou não ocorrendo. Dilelio tem o apoio do atual presidente, Rodrigo Oliveira, e de nomes como o ex-governador Olívio Dutra, a deputada federal Maria do Rosário e Pont.
O candidato destaca que partidos de esquerda tiveram um terço dos votos na eleição a prefeito com as candidaturas de Pont e Luciana Genro (PSOL) e que "2017 é um momento defensivo, de se construir uma frente de esquerda, justamente para que estejamos em condições de enfrentar as reformas". Essa estratégia está em sintonia com a já existente aliança entre PT e PSOL, que juntos têm sete vereadores e formam a bancada de oposição a Marchezan.
Laura Sito, quarta suplente do partido na Câmara Municipal, diz que "o PT tem que se reconectar com a periferia e a juventude". Segundo Laura, que integra a mesma tendência interna do deputado federal Paulo Pimenta e do presidente da Assembleia Legislativa, Edegar Pretto, o PT acertou ao indicar Pont ao Paço Municipal em outubro, mas agora deve retomar um trabalho de "oxigenar" os quadros políticos em Porto Alegre.
Do mesmo grupo político do deputado estadual Adão Villaverde, Ramiro Castro diz que o PT encerrou um ciclo "muito vitorioso" e que o começo de um novo ciclo "vem junto de uma atualização programática e de uma transição geracional". Ele acredita que o maior desafio do partido na Capital é se apresentar novamente como uma alternativa política e buscar uma identificação da população com as propostas partidárias.
Já Mauri Cruz, que tem um discurso mais crítico à administração interna do partido, diz que apresentou uma "anticandidatura" representando militantes que não necessariamente integram tendências internas do PT. "A gente concordava em um nome de consenso desde que fosse em assembleia pública." De acordo com Cruz, como isso não aconteceu, se quebrou o que ele chamou de "acordão entre correntes". Ele diz que o maior erro do PT foi interpretar o processo eleitoral como foco principal em detrimento de ver isso como parte de algo maior, que seria a luta social.
Conforme o candidato, a estratégia política do partido em âmbito municipal não deve ser mais uma "ótica eleitoral e uma alternativa eleitoral para daqui a quatro anos; e, sim, consolidar a base da cidade que queremos construir".