Airton Rocha, presidente da Martins Andrade e presidente do Conselho Administrativo da ALAP
A cada instante, é possível aprender algo novo. Tempos atrás, quando eu cursava pós-graduação, um professor me contou uma história muito interessante. O protagonista era um homem humilde que conseguiu prosperar em uma pequena cidade vendendo cachorro-quente nas ruas. Ele não apenas conseguiu se sustentar, mas também realizou um sonho: formou um filho na universidade.
Mais tarde, já na cidade grande, o agradecido filho leu notícias sobre a possível chegada de uma forte crise e resolveu alertar seu pai. Telefonou e avisou para que ele se preparasse para a recessão que estava por vir, afinal, isso certamente iria impactar as vendas dos cachorros-quentes.
O pai acreditou no filho e começou a tomar providências. Primeiro, diminuiu as compras dos fornecedores de pão e salsichas. Depois, passou a oferecer menos opções de bebidas, diminuindo a qualidade dos refrigerantes. Após algum tempo, a clientela começou a diminuir consideravelmente, até que ele resolveu, para economizar, tomar a última medida: desligar o letreiro luminoso de seu trailer.
Como sempre acontece no mercado, as ações do pai assustado geraram consequências de curto e médio prazo. Depois de tomar todas as decisões influenciado pelo medo, o pai chegou ao ponto de ter que fechar seu negócio. Aborrecido, chegou à conclusão de que a recessão realmente era forte, que seu filho estava certo. Ele jamais se deu conta de que foi o grande protagonista da própria crise.
Isso acontece diariamente em empresas de pequeno, médio e grande porte. Nas grandes corporações ou nas startups mais inovadoras, essas pequenas decisões trazem enormes consequências. As batalhas travadas no mercado competitivo são decididas em pequenos detalhes, muitas vezes em milésimos de segundo.
Infelizmente, é assim que muita gente enfrenta as adversidades, desligando seu luminoso. Sempre que uma marca desiste de acreditar em si mesma e prefere acreditar na crise, a batalha já está perdida. Otimismo não muda nada sem ações, mas o papel de um gestor, de um líder, é continuar firme quando muitos já desistiram. É disso que precisamos, em todos os níveis, na esfera privada e na pública. Precisamos de atitude, firmeza e de pessoas que sigam em frente. Gente que mantenha as luzes acesas. Pode acreditar: a crise não precisa de sua propaganda.