As ações da Snap Inc., controladora do Snapchat, fecharam em US$ 24,48 em sua estreia na Bolsa de Nova York, uma alta de 44,0% frente ao valor fixado na oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês). O valor de mercado da companhia foi estimado em US$ 28,33 bilhões. Esta foi a maior abertura de capital desde a realizada pelo Alibaba, em 2014.
Apesar de o lançamento de ações da Snap Inc. ter sido bem sucedido, vários analistas mostraram-se céticos em relação ao futuro da companhia, especialmente porque seu modelo de negócio não está maduro, não gera lucros e a velocidade de expansão de usuários está perdendo o vigor. A companhia registrou prejuízos de US$ 514,6 milhões em 2016. No ano passado, as receitas alcançaram US$ 404 milhões. "Mostre-me um fluxo de caixa razoável", comentou Brian Wieser, analista sênior da Pivotal Research. Ele recomenda a venda do título, pois acredita que a ação deverá atingir o preço-alvo de US$ 10,00 em 12 meses. A Nomura estima preço-alvo de US$ 16,00.
Três fatores podem explicar o bom desempenho das ações da Snap Inc. em sua estreia. Um deles é que os mercados de renda variável estão numa fase de alta, que levou inclusive o Dow Jones a atingir na quarta-feira, 1, pela primeira vez os 21 mil pontos. Há também alta liquidez de investidores num contexto de poucos IPOs de empresas de tecnologia sendo realizados recentemente. Um terceiro elemento é que a oferta de papéis da empresa foi limitada e inferior a 20% do total.
A estratégia escolhida pelos bancos que assessoraram a abertura de capital da Snap Inc., entre eles o Goldman Sachs e Morgan Stanley, também colaborou muito para o resultado deste primeiro dia de mercado. Primeiro, porque foi escolhido para o IPO um período considerado por alguns especialistas como o pico de crescimento de usuários diários. A Aegis Capital estima que o número de 150 milhões registrado no final de 2016 deve subir 20% em 2017, quando alcançará 180 milhões, mas o ritmo de expansão deve diminuir para 12% em 2018, 9,9% no ano seguinte e 6,75% em 2020.
Na NYSE, havia uma linha do tempo da companhia. Ganhou destaque o mês de novembro de 2013, quando a empresa rejeitou proposta para ser vendida para o Facebook por US$ 3 bilhões. "As pessoas perguntam: porque você não aceitou, você hoje poderia viver num barco", comentou Evan Spiegel, um dos fundadores e CEO da Snap Inc., num vídeo exibido pela CNBC. Especialistas e investidores agora estão atentos à companhia, que tem pouco espaço para errar, especialmente porque sofre a competição acirrada de outras empresas com muito dinheiro disponível, como o Facebook, controlador do Instagram e do Whatsapp.