Valeria Sá, designer de joias há 20 anos, quis lançar produtos que não causassem danos à natureza. Assim, surgiram as peças com prata extraída de chapas de raio-x.
Tudo começou quando uma cliente, médica do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, lhe despertou a curiosidade sobre o destino de exames antigos. A partir disso, passou a captar os materiais em hospitais da cidade e encaminhar para o processo de extração da substância. A prata sustentável, diz Valeria, é mais cara que a comum, por conta do trabalho de purificação.
Mas a questão de respeito ao ambiente e reaproveitamento é o que norteia suas decisões profissionais. “É muito bom saber que estou fazendo algo que vai ajudar o planeta”, considera, ressaltando que há quem entre na “onda da sustentabilidade só para ganhar com isso”, também.
Além de um atelier próprio, as peças de Valeria são expostas no
Coletivo 828, na Capital. No local, sete empresas com o mesmo conceito dividem mesas e araras.
Por utilizar a técnica, Valeria enfrenta alguns desafios relacionados à tecnologia, uma vez que tudo está mais digital, e os mitos criados pelo público. “As pessoas achavam que as peças eram radioativas”, conta. Os valores dos itens prontos, que viram brincos, colares, anéis e pulseiras, variam entre R$ 50,00 e R$ 1 mil. Além do raio-x, são aproveitados vidros de garrafas da cerveja Heineken.
Ao longo destas duas décadas na profissão - que surgiu após o marido prestar consultoria para uma indústria de joias - persistência é palavra de ordem. Depois de muito esforço, a designer se orgulha em listar novelas da Rede Globo que utilizaram suas criações em personagens famosas. A mais recente foi Sete Vidas, em que Débora Bloch aparecia com os adereços.
Essa exposição midiática estimula vendas para o Brasil inteiro e até para fora. A internet também colabora muito para fazer a ligação do que aparece na televisão com a marca de Valeria. “A rede social é meu vendedor número um”, brinca.
Somado aos produtos próprios, reformas de joias representam uma boa fatia de seu faturamento, o que se deve à confiança que cultiva entre a clientela. Em épocas de crise, segundo ela, é esse relacionamento que faz toda diferença. “Minha joia mais preciosa é o cliente. A compra é quase uma terapia”, compara.