Joel Cannile Hodonou, 27 anos, nasceu em Benin, país localizado no oeste da África. Formado em Contabilidade, veio ao Brasil em 2012 para estudar - e acabou virando empreendedor. Em novembro do ano passado, lançou sua própria marca de roupa, que leva seu sobrenome, a
Hodonou, cujo significado é “meio de comunicação”. E é justamente esse sentido que quer dar às suas estampas: comunicar sua cultura no país onde escolheu viver.
O projeto da marca veio ainda enquanto Joel estudava na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). O empreendedor tinha pensando em abrir um restaurante com pratos típicos da culinária africana, mas, por conta da burocracia que enfrentaria para lançar um estabelecimento como este, achou que seria melhor pensar numa alternativa para deixar seus costumes vivos. A Hodonou foi tema do trabalho de conclusão de seu curso e, logo depois, ganhou as ruas.
Trata-se de uma loja de roupas virtual, pelo Facebook, que trabalha somente com tecidos africanos. Quando chegou ao Brasil, Joel se surpreendeu com a falta de representatividade da cultura negra, ainda mais pelo fato de ela representar mais da metade da população. “Por mais que sejamos a maioria do País, a gente não vê essa representação forte. O que vemos, no máximo, são as roupas das religiões de matrizes africanas. O propósito da loja é proporcionar roupas de origem africana, mas com o intuito de modernizá-las também”, afirma. Joel percebe que a maioria dos clientes que consumem seus produtos são mulheres adultas, que entendem o que é a questão do preconceito. "Nem todo mundo fica confortável de usar essas roupas, são mulheres que tem essa consciência”, acrescenta.
A equipe que Joel trabalha é formada por ele e mais dois terceirizados, um designer de moda e uma costureira. Apesar de ter um designer de moda para construir as peças, Joel acompanha toda a produção das roupas para garantir que sua ideia original seja mantida. O empreendedor também lembra do quanto foi difícil encontrar alguém que não tentasse alterar o seu projeto. “As pessoas que eu trabalho foram todas indicadas, pois não é fácil encontrar uma pessoa que compre essa ideia”, comenta.
Os tecidos usados para produzir as roupas vêm de Benin. A importação do produto foi um dos principais problemas que ele teve de enfrentar no início do negócio. As taxas de importação, ICMS, entre outras, foi algo que pesou. Joel, no entanto, não deixou que isso inviabilizasse seu sonho. O empreendedor teve um investimento de R$ 2 mil e já recebeu retorno do valor investido. “Eu vejo que com pouco a pessoa já pode empreender. É só ter uma ideia original, um conceito bom e fazer um estudo de mercado e o resto vai vir normalmente”, afirma.
Os valores dos produtos oferecidos pela Hodonou variam de R$ 120,00 a R$320,00. Joel vende de 10 a 20 peças por mês. A procura pelas roupas começou somente aqui no Rio Grande do Sul, mas já recebe pedidos de lugares como Paraíba e Rio de Janeiro. As vendas são feitas somente pelo Face, mas Joel ainda tem planos de abrir uma loja física.