O dólar avançou ao nível de R$ 3,08 no mercado à vista nesta quinta-feira (16), invertendo o sinal negativo da manhã. O movimento esteve alinhado ao enfraquecimento de algumas moedas de economias emergentes, mas foi direcionado, principalmente, por investidores que aproveitaram as cotações ainda baixas para recompor suas carteiras, de acordo com especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O dólar à vista fechou em alta de 0,72%, aos R$ 3,0824. O valor ficou mais próximo da máxima, de R$ 3,0864 (+0,85%), que da mínima, cotada a R$ 3,0416 (-0,64%). Cabe destacar ainda que esta foi a menor cotação intraday desde 18 de junho de 2015, quando registrou R$ 3,0306. De acordo com dados registrados na clearing da BM&FBovespa, o volume de negócios somou US$ 1,776 bilhão.
O contrato futuro para março terminou em alta de 0,98%, aos R$ 3,0950. A máxima ficou em R$ 3,0965 (+1,03%) e a mínima, em R$ 3,0470 (-0,59%). O volume de negócios somou US$ 16,258 bilhões.
No mercado, já há inclusive discussão sobre um novo "piso psicológico" do dólar ante o real. "O próprio mercado autodefiniu um piso informal de R$ 3,05. Hoje, o dólar tocou esse nível, até um pouco menos, e passou para a ponta compradora", afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva. O especialista apontou que foi justamente esse movimento que aproximou a cotação do "suporte" anterior, de R$ 3,10.
O câmbio doméstico seguiu ainda a queda das moedas de países emergentes. No final do dia, o dólar subia 0,32% ante o peso mexicano e 0,92% na comparação com o rublo russo. Já o Dollar Index perdia 0,73%, aos 100,440 pontos, num dia de alguma busca por segurança lá fora.
O recuo registrado ao longo da manhã foi atribuído principalmente à chegada de recursos no País. De acordo com operadores de câmbio, houve antecipação de vendas da moeda, dada a esperada entrada de recursos provenientes da repatriação, cujo projeto foi aprovado ontem pela Câmara e tende a ser aceito também na próxima terça-feira pelo plenário do Senado. Na primeira fase do programa, o governo arrecadou R$ 46,8 bilhões em multas e a previsão agora gira em torno do mesmo valor.
Outro fator no radar, na avaliação do superintendente da Correparti, é a liberação de venda de terras para estrangeiros. "Podemos ter volume adicional de entrada de recursos por causa da compra de terrenos", disse. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou na noite desta quarta-feira para a GloboNews que a venda de terras para estrangeiros será liberada "nos próximos 30 dias". O objetivo da medida, segundo ele, é dar impulso ao agronegócio, "uma das áreas que estão dando certo" no País. O ministro, no entanto, não informou que tipo de mecanismo legal será utilizado para liberar o acesso de investidores de fora do Brasil ao mercado de propriedades rurais.
Em paralelo, o Banco Central seguiu com a oferta, pelo terceiro dia consecutivo, de 6.000 contratos de swap cambial tradicional para rolagem dos vencimentos de março. Amanhã, a autoridade monetária faz novo leilão, com tamanho igual de 6.000 contratos.