{{channel}}
'Prefeitura não fará todas as obras do OP'
Marchezan pede ajuda da população para definir quais demandas do Orçamento Participativo serão realizadas
O prefeito eleito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), admitiu ontem à noite, na abertura da série de assembleias do Orçamento Participativo (OP) deste ano, na Casa do Gaúcho, que a prefeitura não terá capacidade de executar algumas obras definidas pela população.
"É angustiante ver o volume de demandas não atendidas", afirmou Marchezan, dizendo que compartilha do sentimento da população e do atual prefeito, José Fortunati (PDT), de frustração por obras e serviços que não são atendidos.
Para o atual ciclo do OP, estão reservados R$ 360 milhões, sendo R$ 50 milhões em novas demandas. Os recursos são do financiamento da Corporação Andina de Fomento (CAF), obtido pela prefeitura para as obras de revitalização da orla do Guaíba e que também serão direcionados para as demandas escolhidas nas assembleias.
Pedindo ajuda da comunidade para pensar como tratar da questão, Marchezan sugere que se olhe "para o futuro" e, em relação a demandas não atendidas no passado, "estabelecer um marco do que vai ser feito o que não vai ser feito".
O prefeito eleito ainda vai buscar detalhes da situação financeira do município durante a transição, mas adiantou que a crise econômica deve dificultar a realização das obras do OP.
"Eu não sei como podemos fazer isso, mas nossas consciências ficariam mais tranquilas se nós olhássemos de uma forma transparente e objetiva para entender, até onde eu aprendi nesse período, que tecnicamente algumas (demandas) não são viáveis. E outras não são viáveis financeiramente", completou.
Em resposta ao prefeito eleito e encerrando a plenária, Fortunati atribuiu a dificuldade no atendimento das demandas à crise financeira nacional, que segundo ele repercute no Estado e no município. "Temos plena consciência das dificuldades que o País atravessa. Não seria correto se o gestor público viesse dialogar com os participantes do OP escondendo a verdade." Usando como exemplo a área da saúde, o atual prefeito informou que neste ano o governo federal deixou de repassar para a prefeitura de Porto Alegre R$ 65 milhões, que seriam destinados para atender quem não mora na Capital.
"A retomada da economia vai demorar para acontecer. O Orçamento Participativo precisa ter consciência de que as demandas existem, mas naturalmente o atendimento dessas demandas não se dará na velocidade desejada, não por culpa do prefeito, atual ou futuro, mas pela situação que nós estamos vivendo", completou Fortunati.
A discussão das prioridades de investimento com o orçamento do município de Porto Alegre para o ano de 2018 começou ontem com a temática Educação, Esporte e Lazer. Ao todo 272 pessoas se cadastraram para votar nas prioridades para estas áreas.
Ainda na abertura dos trabalhos, Fortunati destacou que a manutenção do Orçamento Participativo pela futura gestão foi um tema secundário na campanha eleitoral deste ano, não por não ser importante, mas porque hoje todos assumem "que o OP é um grande instrumento de participação da população na gestão da cidade".
Líderes comunitários cobram compromisso do tucano
Na abertura da discussão do Orçamento Participativo (OP) de Porto Alegre, com a primeira assembleia temática realizada ontem na Casa do Gaúcho, as falas da comunidade foram destinadas ao prefeito eleito Nelson Marchezan Júnior (PSDB).
Laura Machado, conselheira do OP, cobrou a manutenção do atual formato, que permite integração entre a comunidade e o poder público através das assembleias e no trabalho realizado durante o ano. Ela diz esperar que o futuro governo compreenda "a importância do processo e o quanto tem nos dado protagonismo".
A conselheira fez ainda uma provocação a Macrehzan que, segunda ela, não participa nem conhece as comunidades de Porto Alegre. Ainda assim, se colocou à disposição do prefeito: "a democracia participativa é maior que qualquer governo. Vamos caminhar lado a lado".
A também conselheira Nulimar Almeita usou a palavra para cobrar de Marchezan que mude o discurso adotado na campanha, de que irá abrir vagas para crianças de zero a três anos na educação infantil. "Nós precisamos construir esses espaços", pediu.