Em reação à entrevista do ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro ao jornal O Estado de S. Paulo, o dirigente petista Francisco Rocha, o Rochinha, coordenador nacional da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB), disse que os descontentes deveriam deixar PT.
"Não é o Tarso que mudou para o Rio de Janeiro para construir uma alternativa de esquerda? Ele acha que é o único limpo no PT, mas não é. Os que não estiverem contentes que saiam do PT, e saia com tempo porque a Marta Suplicy (PMDB) saiu e se ferrou, a Marina Silva (Rede) saiu e se ferrou", disse Rochinha, que também integra a Comissão de Ética do PT.
Na entrevista publicada nesta quinta-feira (3), Genro disse que espera que o partido assuma a responsabilidade por crimes cometidos por petistas em nome do partido, mas que os integrantes do PT que desviaram dinheiro em proveito próprio sejam apontados publicamente. O ex-governador disse ainda que se o grupo hegemônico, liderado pela CNB, impedir uma reformulação profunda, pessoas vão sair do PT.
"Por que ele mesmo não aponta os nomes? Ele foi ministro da Justiça e deve saber. Se ele tem provas de que alguém desviou para si próprio que aponte os nomes. Se tiver provas eu mesmo peço uma Comissão de Ética e ponho para fora", reagiu Rochinha.
Tarso é um dos principais adversários internos da CNB desde que em 2005, no auge do julgamento do mensalão, liderou um racha na corrente majoritária e criou a Mensagem ao Partido, segunda maior tendência petista. Na época, Tarso defendeu a "refundação" do partido.
"A crítica que ele está fazendo, de forma disfarçada, ainda é em relação ao mensalão, quando ele não conseguiu fazer o que queria", apontou Rochinha. "Tarso tem mania de procurar chifre em cabeça de cavalo. Procura defeitos nos outros, mas não procura os dele mesmos. Nunca soube que o Tarso tenha ido a Cabrobró (PE) ou ao Pará para se reunir com militantes do PT", concluiu o dirigente petista.
As declarações de Rochinha acirram a disputa interna do PT, inflamada ainda mais pela derrota acachapante do partido nas eleições municipais deste ano. Na semana que vem, o Diretório Nacional do PT se reúne, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para decidir a forma de escolha dos novos dirigentes e a amplitude da reformulação do PT.