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Política

- Publicada em 13 de Outubro de 2016 às 19:45

Após tumulto em votação, Dilma diz que não estará em Porto Alegre para 2º turno

Houve confusão durante a votação da ex-presidente Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições

Houve confusão durante a votação da ex-presidente Dilma Rousseff no primeiro turno das eleições


CASSIANA MARTINS/JC
Estadão Conteúdo
A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que não estará na capital gaúcha no dia 30 de outubro e, por isso, não votará no segundo turno da eleição à prefeitura. "Eu podia te dizer que o voto é secreto. Agora, rigorosamente eu te digo que não estarei em Porto Alegre para votar. Eu vou justificar", revelou nesta quinta-feira (13), em entrevista à Rádio Guaíba, sem explicar as razões para a decisão.
A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que não estará na capital gaúcha no dia 30 de outubro e, por isso, não votará no segundo turno da eleição à prefeitura. "Eu podia te dizer que o voto é secreto. Agora, rigorosamente eu te digo que não estarei em Porto Alegre para votar. Eu vou justificar", revelou nesta quinta-feira (13), em entrevista à Rádio Guaíba, sem explicar as razões para a decisão.
O voto de Dilma no primeiro turno, no dia 2 de outubro, foi marcado por um intenso tumulto. Uma decisão do juiz Niwton Carpes da Silva, da 160ª zona eleitoral, impediu os jornalistas presentes na Escola Santos Dumont de registrarem a votação. Ele alegou que a petista é uma "cidadã comum" e, portanto, deve votar sozinha.
A decisão do juiz gerou uma confusão que culminou em confronto entre a Brigada Miliar e as pessoas que tentavam acessar o local de votação. Além dos jornalistas, apoiadores de Dilma também tiveram a entrada barrada, entre eles o ex-ministro Miguel Rossetto e o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS). No empurra-empurra, o vidro de uma porta foi quebrado. Na ocasião, Dilma classificou como "absurda" e "antidemocrática" a decisão do TRE-RS.
O PT não tem candidato neste segundo turno em Porto Alegre. A disputa está entre o deputado federal Nelson Marchezan Junior (PSDB) e o atual vice-prefeito, Sebastião Melo (PMDB). O candidato petista, Raul Pont, ficou em terceiro lugar. Com o resultado, o PT definiu que não apoiará nenhum dos nomes que seguem na corrida pela prefeitura.

Ex-presidente não cogita disputar eleições no curto prazo

Dilma Rousseff disse também que não pretende se candidatar a nenhum cargo eletivo neste momento, embora o processo que culminou no seu afastamento da Presidência da República tenha mantido seus direitos políticos. "Não estou cogitando nenhuma eleição no curto prazo nem acho que isso seja uma coisa que esteja posta".
A petista comentou a decisão do Senado na aprovação do impeachment, quando a votação foi fatiada em duas partes. "Não foi para me fazer candidata que mantiveram os meus direitos políticos. Acho que mostra toda a contradição deste processo, porque era visível que era um impeachment sem base constitucional, ou seja, não tinha crime de responsabilidade", argumentou.
Na entrevista, ao ser perguntada, Dilma disse que "não sente ódio" do presidente Michel Temer, a quem acusa de traição. "Não se pode ter ódio das pessoas porque não é no sentido pessoal que elas agem. Elas agem representando interesses e valores que não são os meus", falou. "Eu não tive ódio de torturador, porque vou ter ódio de traidor dentro desses processos? Não funciona assim. Ninguém pode ser movido a ódio, porque o ódio faz com que você seja capturado pelo objeto que você odeia."

Participação nas discussões para reformular o PT

Na entrevista, Dilma afirmou que está envolvida nas discussões em prol da reformulação do PT, que devem passar pela troca antecipada da cúpula do partido. "Sem dúvida eu vou participar disso, já estou participando. É algo que tem que ser feito".
De acordo com Dilma, o PT deve reconhecer que cometeu erros e quais foram esses erros. "Agora, não é uma questão de se autopunir, mas de buscar novos caminhos, de perceber que houve opções e atitudes incorretas", avaliou. "Eu acredito que o PT tem um patrimônio, é o patrimônio das lutas sociais no Brasil. Não é esta ou aquela pessoa que definirá como o partido vai prosseguir."
A ex-presidente disse que não vê ninguém de dentro do PT que seja contra essa discussão a respeito do rumo que será tomado pelo partido. "Tem que fazer uma reavaliação porque o que ocorreu é muito grave. Não só as eleições. O impeachment é muito grave, a ruptura democrática é muito grave, e isso vai ensejar a discussão sobre o que fazer", falou, acrescentando que é importante envolver a juventude nesse processo. "Tem de ter uma nova geração que seja a responsável também por todo o reerguimento do PT."
Na entrevista à rádio de Porto Alegre, Dilma falou ainda que o seu partido foi vítima de uma "demonização" nos últimos tempos. "É como se o PT fosse o depositário de todos os pecados do mundo, o que não é verdade", disse.

Lula

Dilma afirmou que o quadro de "golpe continuado" no Brasil tem como intenção principal impedir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participe das eleições de 2018. "Há um objetivo claro de condená-lo na segunda instância e inviabilizá-lo como candidato. Se ele vai ser atingido, não temos como avaliar hoje, mas o objetivo é este", afirmou Dilma.
Ela concedeu a entrevista nesta quinta-feira antes da divulgação da decisão do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em Brasília, que aceitou integralmente denúncia contra Lula, o empreiteiro Marcelo Odebrecht e mais nove pessoas. Com isso, os envolvidos se tornam réus e passam a responder à ação penal. Ao petista, são imputados os crimes de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Esta é a terceira ação penal aberta contra Lula, em pouco mais de dois meses, envolvendo casos de corrupção.
"Se prender (o Lula), acho que se cria uma situação muito difícil para o País. A prisão do Lula (se ocorrer) será vista como um corolário do golpe que resultou no meu impeachment. Acho que será visto assim pelo mundo. É temerário em todos os sentidos", acrescentou Dilma.
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