O empresário Eike Batista, por meio de seus advogados, reafirma as declarações sobre doação eleitoral, realizada em 2012, a pedido do então ministro da Fazenda Guido Mantega. No entanto, nega qualquer relação ou contrapartida de qualquer negócio envolvendo a OSX, companhia que fundou, no âmbito do chamado consórcio Integra ou qualquer outro.
O empresário prestou depoimento espontâneo ao Ministério Público Federal em 20 de maio deste ano. Nele, relatou ter recebido, em novembro de 2012, um pedido de Mantega para doar R$ 5 milhões para o PT. O relato motivou o nome da Operação Arquivo X, 34ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quinta-feira, 22.
"São fatos absolutamente desconexos", diz o comunicado assinado pelos advogados Ary Bergher, Raphael Mattos e Darwin Corrêa. Segundo a defesa do empresário, os recursos utilizados por Eike para a referida doação eleitoral são de origem lícita comprovada.
"Não foram decorrentes de pagamento de dividendos ou de qualquer espécie de repasse de recursos oriundos direta ou indiretamente da OSX, muito menos fruto de repasses da Integra no curso de sua atividade", diz o comunicado.
De acordo com a defesa do ex-bilionário, ele "investiu bilhões de reais do próprio bolso". "Só entre 2012 e 2013, os investimentos pessoais de Eike na OSX foram da ordem de US$ 700 milhões", dizem. Além disso, afirmam que o depoente "repudia qualquer insinuação de que recursos provenientes da Integra foram repassados em doação eleitoral".
A defesa relata que, a convite da Mendes Júnior, a OSX passou a integrar minoritariamente o consórcio, operado pela própria Mendes Júnior com 51% de participação, que se transformou na chamada Integra Offshore Ltda.
"Tal consórcio foi formado porque a Mendes Júnior, que à época já mantinha negociações com a Petrobrás, de quem recebeu convite necessitava de um estaleiro para participar de um projeto naval enquanto a OSX possuía um estaleiro em construção, que era capaz de abrigar o empreendimento".
Além disso, dizem que os pagamentos efetuados pelos sócios da Integra, no âmbito do consórcio, eram definidos e determinados pela Mendes Júnior. Pelas regras da parceria, cabia exclusivamente à Mendes Júnior a gestão do projeto. Isso porque a empresa era majoritária e tinha o expertise de engenharia. O relacionamento com a Petrobrás, diz Eike, era realizado pela Mendes Júnior.
"Eike Batista não tem conhecimento pessoal, nem se envolveu nem aprovou quaisquer eventuais irregularidades no âmbito da Integra", acrescenta a defesa.