Há quatro safras de grãos que o Rio Grande do Sul não sabe o que é estiagem. As primeiras previsões sobre o clima na primavera deste ano apontam para menos chuvas que a média dos anos recentes justamente nos meses de formação das lavouras de verão. O que pode ser um sinal de alerta, após recordes sucessivos nas safras agrícolas.
A nova estação estreia nesta quinta-feira (22), às 11h21min, e será de seca e frio no Rio Grande do Sul, projeta o Centro Estadual de Meteorologia (Cemet-RS) da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).
“Em setembro ainda teremos poucas precipitações. Em outubro e novembro, ocorre um declínio, com chuvas abaixo da média. O que significa que teremos uma primavera relativamente mais seca”, explica o meteorologista do Cemet-RS, Flavio Varone. As temperaturas mínimas serão mais baixas do que o normal. “Até meados de outubro, as noites serão mais secas, e há a possibilidade de ocorrerem geadas tardias”, completa.
Este diagnóstico climático está relacionado com a tendência de ocorrer uma neutralidade até novembro pela ausência dos fenômenos El Niño e La Niña, quando a superfície das águas do Oceano Pacífico Equatorial fica com a temperatura mais próxima da normal.
Por outro lado, a condição favorece o trigo, que está ainda em cultivo e com colheita até novembro explica a agrometeorologista da Fepagro, Bernadete Radin. “Há um menor risco de ocorrerem doenças fúngicas, aumentando a produtividade e uma maior qualidade do grão”, esclarece Bernadete, que se preocupa com as geadas tardias, prejudiciais à lavoura.
Produtores devem se precaver
Se houver menos chuvas, a Fepagro recomenda que os agricultores adotem medidas para as culturas de primavera/verão, como soja, feijão e milho. Entre as sugestões estão escalonar a época de semeadura, utilizar cultivares de diferentes ciclos e instalar a lavoura na época recomendada pelo zoneamento agrícola, que indica as áreas de menor risco climático e que estão cobertas por seguro.
Varone lembra que os agricultores devem melhorar a estrutura do solo por meio de práticas conservacionistas, como rotação de culturas, boa palhada sobre o solo e plantio em nível. "O solo vai reter mais água e poderá liberá-la para as plantas no período de estiagem”, justifica o meteorologista.