O crescimento gerado pela demanda imobiliária e a ampliação das áreas destinadas à agricultura e à pecuária, impactos causados na natureza pelo homem em função de interesses econômicos, vêm devastando progressivamente regiões de vegetação nativa. E cuidar da Mata Atlântica também é proteger os processos hidrológicos responsáveis pela quantidade e qualidade da água potável.
Uma preocupação que deveria ser de todos foi o que motivou um grupo interinstitucional de pesquisadores, organizado pelo Departamento de Horticultura e Silvicultura da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a projetar e executar uma pesquisa sobre espécies frutíferas nativas do Sul do Brasil, e a sustentabilidade do uso racional destas para a recuperação de áreas degradadas.
Este projeto, financiado pela Fapergs e pelo CNPq, foi estruturado pelo Departamento de Horticultura e Silvicultura, além do Instituto de Ciências e Tecnologia de Alimentos e Departamento de Forrageiras e Agrometeorologia da Ufgrs, e participação da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do RS (Fepagro); Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem/UFPel); Universidade de Passo Fundo (UPF); e Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. Com abrangência no Estado, o trabalho se constituiu em diversas etapas, mas o empenho maior esteve, principalmente, na busca para o conhecimento básico sobre os tipos de vegetação frutífera, em relação à distribuição geográfica, modo de produção, estrutura genética e definição de parâmetro para conservação da planta fora do seu lugar de origem.
De acordo com o coordenador do projeto, Paulo Vitor Dutra de Souza, a redução destas áreas nativas tem provocado uma diminuição gradual da população de muitas espécies, incluindo as fruteiras naturais. Com a degradação gerando perda do material da biodiversidade, em função de erosão, fez-se necessária a realização de um resgate de recursos genéticos.
Na região Sul do País há frutas nativas com interessante potencial de mercado, como o araçazeiro, a pitangueira, a cerejeira-do-rio-grande, a goiabeira serrana, a jaboticabeira, a uvaia, o guabijuzeiro, a guabirobeira, o araticum e o butiazeiro. No entanto, foi com esta pesquisa que se iniciou uma perpetuação dos gêneros em ameaça ou mal preservados. Além de fazer um resgate das árvores frutíferas, que se restringem apenas ao extrativismo e à comercialização de forma desorganizada, principalmente nas margens de estradas, o exercício teve como objetivo recuperar a vegetação arbórea do Rio Grande do Sul.