Os juros futuros de médio e longo prazos encerraram a sessão em queda, refletindo a aposta de que o Reino Unido continuará dentro da União Europeia (UE), após o plebiscito que está em andamento nesta quinta-feira, 23, no país. Internamente, a operação da Polícia Federal que resultou na prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, do mesmo modo, ajudou a alimentar a devolução de prêmios na curva a termo. Os contratos curtos fecharam estáveis.
As taxas futuras abriram em leve queda, mas o sinal negativo foi se firmando ao longo da manhã, mantido até mesmo durante a realização do leilão de prefixados do Tesouro, que costuma pressionar as taxas para cima. Ao término da etapa regular da BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 (79.820 contratos) encerrou em 13,740%, mesma taxa do ajuste de ontem.
O DI janeiro de 2018 (153.605 contratos) caiu de 12,69% para 12,66%. O DI janeiro de 2019, que movimentou 121.715 contratos, terminou a 12,39%, de 12,45%. O DI janeiro de 2021 (115.430 contratos) encerrou em 12,41%, de 12,49%.
Pesquisas divulgadas nesta quinta-feira apontando avanço nas intenções de voto pelo "permanecer" em detrimento do "sair" e também o crescimento da primeira opção nas casas de aposta estimularam a demanda por moedas e títulos de países emergentes - o dólar esteve abaixo de R$ 3,35 -, assim como pelas ações. A expectativa é de que o resultado da consulta popular seja conhecido já no final da madrugada desta sexta-feira, 24, no Brasil.
No âmbito local, a notícia do dia foi a decretação da prisão de Paulo Bernardo, que está a caminho de Brasília para São Paulo, onde deve chegar por volta das 18 horas. Segundo a Polícia Federal, ele recebeu pelo menos R$ 7 milhões de propinas do esquema de desvios alvo da Operação Custo Brasil.
De 2010 a 2015, o esquema teria gerado R$ 100 milhões em propinas, referentes a contrato da empresa Consist Software, por serviços indiretos para o Ministério de Planejamento. Segundo a PF, o PT teria recebido parte desse valor.
A leitura do mercado é de que isso fortalece a possibilidade de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. "Quando começa a chegar no Paulo Bernardo e na Gleisi, mata a chance de volta da Dilma, que é um risco que ainda está no radar", disse o analista de renda fixa da Eleven Financial Getúlio Ost.
Bernardo é casado com a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), uma das opositoras mais ferrenhas do governo Temer no Congresso.