Michele Rolim
Em épocas de crise, a criatividade floresce e novos empreendimentos podem se tornar a alternativa. É o caso do Laboratório para Experimentações Artísticas - LabART 760, que abriu suas portas neste sábado.
Localizado no simpático Caminho dos Antiquários, na rua Marechal Floriano, o espaço é uma iniciativa independente. Na equipe, estão os curadores e historiadores Ana Zavadil e Márcio Tavares, a advogada e gestora cultural Marla Trevisan e o advogado Ricardo Giuliani.
Antes, o local era escritório de Marla e Giuliani e também servia para expor exclusivamente os trabalhos do advogado, que também é artista visual. Agora, a proposta do LabART 760 é apoiar a produção, a crítica e a investigação interdisciplinar a respeito das práticas artísticas contemporâneas.
"O desejo surge de uma avaliação da falta de um espaço que arrisque na exposição dos artistas, que seja uma galeria não comercial, que tenha o intuito de formar colecionismo, de apontar artistas que estão experimentando, de constituir uma direção e, a partir disso, formar público", afirma Tavares. Para ele, há diversas características que espaços independentes podem cumprir, mas ainda havia uma lacuna que o LabART 760 pretende suprir. "Temos vocação para ser um espaço de aprendizagem compartilhada. Aprendemos com o que está exposto e também oferecemos instrumentos para pensar sobre a arte", relata.
Ana e Tavares recentemente fizeram parte da curadoria da Bienal do Mercosul. A experiência deixou evidente alguns aspectos das criações gaúchas que eles pretendem explorar neste novo espaço. "A produção gaúcha não sai daqui, são raros os artistas que conseguem uma projeção. Se a gente fizer um trabalho de visibilidade, dando espaço para obras que normalmente não estariam em uma galeria comercial, quem sabe ampliamos o alcance para a América Latina e outros estados?", questiona Ana.
Tavares também tem a mesma opinião. Ele viajou por nove países, conhecendo os trabalhos e ateliês de diferentes artistas durante a Bienal. Dessa experiência, ele pode afirmar que o que se faz no Estado é de excelente qualidade, mas comenta a ausência de instrumentos necessários para catapultar essa produção. "Para que a nossa produção possa emergir, e o cenário também, com todo o seu potencial, precisamos construir instrumentos de visibilidade, mecanismos de se pesquisar e pretendemos fazer isso neste novo espaço", acredita o curador.
Na primeira mostra do local, que abriu no sábado passado, intitulada Experimentos (Experiência 1), estão cinco artistas: André Petry, Beatriz Dagnese, Mário Rohnelt, Liane Strapazzon e Verlu Macke. São artistas que, segundo os curadores, experimentam e pensam muito sobre o seu trabalho.
Além de obras dispostas nas paredes do LabART, uma vitrine experimental conta com instalações que devem ocorrer de forma mensal. Na abertura, Liane Strapazzon apresentou sua instalação Fundo falso, e diversas performances aconteceram ao longo do dia. As mostras terão duração de dois meses - portanto, Experimentos (Experiência 1) segue em cartaz até 4 de junho, sempre com entrada franca.
Já na programação educacional, o LabART oferecerá cursos, palestras e outras atividades multidisciplinares relacionados com o entendimento das práticas artísticas contemporâneas. Cursos de história da arte, humanismo, escrita criativa, teoria da música e poética cancional, curadoria, cinema e antropologia da arte formam um escopo de ações que visam contribuir para a formação de público e para a dinamização do meio artístico, fomentando a pesquisa e a reflexão a partir da arte.
A visitação gratuita acontece de segundas a sextas-feiras, das 14h às 18h, e sábados, das 10h às 15h, na Marechal Floriano, 760. Informações pelo telefone (51) 3516-2259.