Mais de cinco mil pessoas entraram na fila para disputar cerca de duas mil vagas de emprego nessa quinta-feira em Porto Alegre. Os desempregados foram atraídos por um mutirão organizado pela agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine), localizada na avenida Mauá, no Centro Histórico da Capital. Os candidatos começaram a chegar ao local por volta de 1h. A fila se manteve até a tarde. A coordenação do serviço, ligado à Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, distribuiu senhas e garantiu que todas as pessoas fossem cadastradas.
Nem o sol forte afugentou os interessados. Sombrinhas e guarda-chuvas ajudaram a aliviar a alta temperatura na fila da esperança de quem está desempregado. As pessoas precisam preencher um cadastro e depois participam de entrevistas com as empresas que abriram vagas em setores do comércio e serviços. No mutirão estão pelo menos 10 estabelecimentos, entre eles Zaffari, PCD'S - Integrare, THB, Mundial, GTO, Movera, Tumelero e Contax.
Os números do Sine mostram que cresce a busca por vagas. A procura reflete a elevação da taxa de desemprego na Região Metropolitana em 2015. Em janeiro do ano passado, 8.271 pessoas em busca de trabalho foram atendidas. No mês passado, a demanda saltou para 12.148 trabalhadores.
A oferta de oportunidades oscilou muito pouco - 1.077 postos em janeiro de 2015 e 1.116 em janeiro deste ano. O problema é o aproveitamento. Apenas 243 foram contratados em janeiro do ano passado, e 546 este ano. Metade dos postos ficaram sem colocações pelo Sine. A secretária municipal do Trabalho e Emprego, Luiza Neves, alertou que os encaminhamentos priorizam a qualificação.
Mãe e filha disputam vaga
Mais de 6 mil pessoas em fila para mais de 2 mil vagas ofertadas em agência do Sine de Porto Alegre
Patrícia Comunello/Especial JC
A fila de candidatos foi encarada em dupla por mãe e filha. Jussara e Vanessa Dutra, que residem em Gravataí, buscam uma vaga para trabalho. Elas chegaram por volta de 10h à fila, que já dava volta no quarteirão do prédio-sede da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz). Vanessa está em busca de uma colocação há um mês e meio.
"Busco posto em alguma área administrativa", disse a jovem, 21 anos, que alega não conseguir vaga na sua cidade. A mãe estreia na briga por emprego. "Vou tentar algo, quero trabalhar, mas não sei em qual área", admite Jussara, que propagandeia uma habilidade. "Sei cuidar de uma boa de uma casa." A mãe diz que teve de ir ao mercado por necessidade. Além da filha não estar empregada, o marido, que é autônomo e faz bicos, não tem conseguido muito trabalho.
A presença de pessoas de fora da Capital na extensa fila não foi algo incomum. O paulista Gaspar Luciano Lima Maier, 21 anos, tenta há quatro meses uma vaga na cidade. "Mas está difícil conseguir. Busco oferta na área administrativa." A jovem Charlene da Silva, 23 anos, com dois filhos, reforça que o período não está favorável. "Quero trabalhar de atendente ou caixa. O que surgir", diz Charlene.