O Brasil está de fora dos indicados a melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro. Em compensação, disputará em dobro na premiação dada pela imprensa estrangeira em Hollywood.
Narcos, produzido pelo brasileiro José Padilha para a Netflix, disputará como melhor seriado dramático, e seu protagonista, o baiano Wagner Moura, que vive o narcotraficante colombiano Pablo Escobar, concorre como melhor ator em série de drama. Os indicados foram anunciados nesta quinta (10). A premiação ocorre em 10 de janeiro.
Nas duas categorias em que concorre, Narcos desbancou o lugar que nos últimos dois anos foi ocupado pela série House of Cards, thriller político da Netflix.
É a primeira vez desde 2003 que o Brasil figura entre os finalistas do Globo de Ouro, um dos principais prêmios da indústria do entretenimento. Naquele ano, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Katia Lund, foi indicado a melhor filme estrangeiro. Antes disso, em 1999, Fernanda Montenegro disputou a estatueta de melhor atriz dramática por Central do Brasil.
Diretor dos dois Tropa de Elite - o primeiro venceu no Festival de Berlim, e o segundo é a maior bilheteria do cinema nacional -, Padilha enxerga na indicação um reconhecimento do formato que desenvolveu em Tropa e usou em Narcos: narração em off de história cortada por flashbacks e edição ágil.
"Fiquei super feliz com o reconhecimento do incrível trabalho do Wagner e acho que foi super merecido", disse o diretor à reportagem, por e-mail. "É bacana ver que o estilo narrativo que dei ao show -nascido da experiência do 'Tropa' com o [diretor de fotografia] Lula Carvalho e cia-, também funciona em série de TV."
Entre as categorias de cinema, o filme que soma mais menções é Carol, sobre um relacionamento lésbico ambientado nos anos 1950: está indicado em longa dramático, direção (Todd Haynes), trilha sonora e duas menções em atriz de drama (Cate Blanchett e Rooney Mara).
Concorrendo com quatro menções está O Regresso, drama de sobrevivência dirigido por Alejandro González Iñárritu e que pode dar o terceiro prêmio a seu protagonista, Leonardo DiCaprio. Também concorrem com quatro indicações cada o biográfico Steve Jobs, de Danny Boyle, e A Grande Aposta, de Adam McKay, sobre quatro homens que previram o estouro da crise imobiliária.
Johnny Depp, cuja performance como o gângster de Aliança do Crime foi saudada como uma volta à boa forma, foi ignorada. O mesmos e deu com o drama Ponte dos Espiões, de Spielberg.
Entre os demais finalistas de TV, a novata Mr. Robot confirmou os elogios que vinha recebendo da crítica, com três indicações: série dramática, ator (o hacker vivido por Rami Malek) e ator coadjuvante (Christian Slater).