A forma escultórica que marca a trajetória de Vasco Prado tem no desenho - parte pouco conhecida de seu trabalho - um aliado importante. Quem visitar o Santander Cultural (Sete de Setembro, 1.028) pode aprender mais sobre os desenhos do artista na mostra Vasco Prado - a escultura em traço. São 95 obras, a maioria inéditas, com curadoria de Paulo Amaral, que apresentam desenhos e grafismos feitos por Prado em um período de 40 anos.
Mais conhecido pelas suas esculturas, Prado revela, nos desenhos, parte de um processo criativo sensível e perene, promotor de um conjunto de obras com forte contexto teórico, prático e social. É um dos mais importantes artistas plásticos do Rio Grande do Sul, fundador do Clube da Gravura, em 1950, junto a Danúbio Gonçalves, Glênio Bianchetti, Glauco Rodrigues e Carlos Scliar.
Ele imprimiu ao seu trabalho características próprias, rapidamente reconhecíveis, denunciando a construção de uma identidade artística em cima de uma percepção muito particular. Símbolos e referências de sua infância, como o campo, os cavalos e o Negrinho do Pastoreio, são rapidamente incorporados por traços inspirados em artistas como Marino Marini e Picasso.
Amaral destaca que a ideia era montar uma exposição comemorativa ao centenário de nascimento de Vasco Prado, registrado em 2014. Entretanto, o pouco tempo disponível (a mostra começou a ser pensada um ano antes) postergou para 2015 a homenagem. "Embora a obra do Vasco não seja conhecida pelo desenho, ele é a base para seus trabalhos em escultura", explica Amaral.
Conforme ele, a exposição trata de registros gráficos do artista ao longo de importante período de sua vida criativa, entre os anos 1940 e 1980, principalmente. No texto curatorial, Amaral explica que "os desenhos de Vasco são, por si, como quase prontas esculturas".
Um evidente exemplo pode ser compreendido através da imagem, produzida em Varsóvia no ano de 1968, na qual figura um casal abraçado. "Suas formas são arredondadas por longos traços circulares, que se desenvolvem com natural suavidade, construindo a compleição romântica dos corpos, amalgamando-os em um enlace amoroso sem arestas", diz.
Segundo Amaral, o movimento circular é, na formação da escultura da figura humana e, em especial, em Vasco Prado, o gesto essencial para a sua representação. Outras imagens da exposição colocam em um mesmo registro o homem, a mulher, a criança e o cavalo, determinando as fronteiras do mundo privado de Vasco Prado.
A mostra pode ser vista até 28 de fevereiro de 2016. É importante ressaltar dois recessos da instituição: de 21 de dezembro até 4 de janeiro e 5 até 15 de fevereiro de 2016. A entrada é franca. Mais informações
www.santandercultural.com.br.