Na era da “Economia da Reputação” com a priorização de negócios sustentáveis e da indústria de baixo carbono, expressar um propósito não basta, é preciso transformá-lo em alvos concretos. Para facilitar essa tarefa já existem 169 metas definidas para o alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Se a Agenda 2030 da ONU representa uma oportunidade para o setor empresarial brasileiro mostrar atenção às questões globais, a pressão da regulação soa como um alerta. O aumento da produção de leis que regulam o setor produtivo, no tocante a questões socioambientais, é exponencial em todo mundo. Entre 2003 e 2016, o número de leis subiu de 200 para 12 mil, segundo o último levantamento C2P Global Regulations e Compliance&Risk. A regulamentação considera impactos de natureza transversal, envolvendo todos em maior ou menor escala. Mesmo assim, as áreas que se tornaram mais reguladas nesse período são: substâncias químicas e materiais, resíduos, energia, segurança de produtos, embalagens, mudanças climáticas e baterias.
A regulação é como um polvo que se expande por muitos braços. Afeta o forte setor exportador gaúcho; atinge empresas de capital aberto, mas também fechado, por estarem inseridas na cadeia de valor de multinacionais; é, também, responsável por elevar ou desonerar o custo do capital.
Talvez a aparente distância de mercados maduros quanto às práticas sustentáveis, como o europeu, provoque uma sensação de conforto quanto à urgência do alinhamento aos ODS. É apenas o danoso efeito da miopia.
Quem assume a liderança acumula vantagens competitivas e reduz o custo de oportunidade, como está fazendo a empresa mais valiosa do mundo. A Apple usou o dia Mundial da Terra para lançar seu Relatório de Responsabilidade Ambiental 2018, no qual reafirma sua filosofia: “Aplicamos no desenvolvimento de uma produção sustentável, baseada em economia circular, a mesma inovação usada para fabricar nossos produtos”. Depois da consulta aos stakehokders, a Apple priorizou três áreas: mudanças climáticas; conservação de recursos naturais; e o uso de materiais mais seguros em produtos e processos.
Esperar o futuro para agir não é uma opção. As razões estão por todos os lados. Em 2017, a emissão global de Green Bonds atingiu o recorde de US $ 155,5 bilhões, um volume 78% acima que em 2016. Enquanto houve um crescimento 500% dos fundos tradicionais na incorporação dos fatores Ambientais, Sociais e de Governança na análise de investimentos, em 10 anos. Além disso, os ODS devem gerar oportunidades de U$ 12 trilhões e mais de 380 milhões de empregos, algumas já reais. Assim, alinhar o desenvolvimento sustentável à estratégia de negócio é, antes de tudo, uma forma de gerar oportunidades e mitigar riscos, não importa a posição geográfica ocupada no mapa. Como ninguém pode fazer nada sozinho, o Objetivo 17 oportuniza a construção de parcerias e meios de implementação, porque uma das premissas dessa Agenda é que “Ninguém deve ficar para trás”.