A previsão para o término da reforma do Instituto de Educação General Flores da Cunha, conforme estimativa dada pelo governo do Estado quando do começo dos trabalhos, expirou na semana passada. A ordem de início dos serviços foi assinada pelo governador José Ivo Sartori no dia 20 de janeiro de 2016, com prazo de conclusão em 18 meses. No entanto, as obras estão longe de serem concluídas.
A reportagem do Jornal do Comércio procurou a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) para fazer uma visita às obras. Curiosamente, através de uma nota oficial, a pasta informou que a reforma estava parada.
Mesmo assim, a equipe do JC foi até o local há cerca de 10 dias, já que tinha informações extraoficiais de que o trabalho continuava, mesmo a passos lentos. Ao chegar no instituto, localizado ao lado do Parque da Redenção, no coração de Porto Alegre, era possível ver operários na obra - poucos, mas em atividade.
Surpreso com a presença de repórter e fotógrafo, o gerente administrativo responsável ressaltou que nenhuma informação poderia ser dada, sendo tal atribuição exclusiva dos engenheiros e do diretor-presidente da Porto Novo Empreendimento e Construções, empresa vencedora da licitação. Desde então, se iniciou uma série de tentativas para contatar os responsáveis, com ligações diárias, e-mails enviados e nenhum retorno recebido. A construtora preferiu não se manifestar.
De acordo com a Seduc, a empresa será notificada nos próximos dias em razão do atraso das obras. Em um segundo contato, a assessoria da pasta informou que poderão ser tomadas duas providências: a manutenção da atual construtora ou a contratação de uma nova. "O cronograma não está sendo cumprido. A reforma está parada", afirmou a secretaria. Não é preciso ser nenhum especialista em arquitetura ou reforma para ver que, no ritmo que estão as obras, a escola não será entregue à comunidade em 2017.
Um dos motivos da lentidão no andamento dos trabalhos pode estar na quantidade de repasses feitos pelo governo gaúcho à empresa. As obras do Instituto de Educação estavam orçadas em R$ 22,5 milhões. Dados divulgados no Portal de Transparência do Estado (www.transparencia.rs.gov.br) mostram, porém, que foram repassados apenas R$ 2.061.563,77, ou seja, nem 10% do valor orçado. Neste ano, foram pagos somente R$ 549 mil à construtora.
Cobertura que foge do padrão arquitetônico é provisória
Construído em 1935, o Instituto de Educação General Flores da Cunha é patrimônio histórico do Rio Grande do Sul. Após muitos anos de abandono, começou a apresentar graves problemas de infraestrutura, como danos no telhado e infiltrações. No mês passado, algumas pessoas estranharam o teto instalado sobre o prédio, por não corresponder ao padrão arquitetônico da construção. A Seduc informou que a cobertura é provisória e ficará ali somente até o término da nova estrutura.
A obra tem como objetivo, além do restauro, o paisagismo, uma reforma nas redes elétrica e hidráulica, iluminação interna e externa, segurança, rede lógica, sonorização e climatização. A qualificação atenderá também às exigências de acessibilidade e prevenção contra incêndio. Os mais de 1,5 mil alunos do Instituto de Educação foram realocados na Escola Felipe de Oliveira e na estrutura onde funcionava a Escola Roque Callage.